Ficha técnica
Título – História
de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
Autor – Luis Sepúlveda
Editora – Edições ASA
Páginas – 122
Data de releitura – 19 de abril de 2019
Opinião
Esta releitura foi feita a duas/quatro
mãos.
Uma das tarefas que o meu filho trouxe
da escola, mais propriamente da disciplina de Português, para as férias da
Páscoa, foi reler esta obra e, mal ele me falou disso, eu decidi que o iria fazer
também. O D. ainda tinha a história muito fresquinha na memória, já que a havia
lido pela primeira vez em agosto/setembro do ano passado. Já eu, de acordo com
a anotação na página inicial, tinha-a lido no longínquo ano de 2007!
Iniciámos a releitura ao mesmo tempo,
mas em edições diferentes – eu li a minha (esta que aparece na imagem que vos
deixo ao lado do texto), ele leu a edição mais recente e mais bonita, repleta
de lindas ilustrações a cores e que foi publicada pela Porto Editora. Eu
demorei uma ou duas horas (se tanto) a terminar a leitura, o D. prolongou-a até
ao dia 21. Contudo, apesar destas pequenas diferenças, há algo que tem que ser
destacado – o facto de o meu filhote, após ter concluído a leitura, ter
comentado comigo que, lendo pela segunda vez a história do Zorbas e da Kengah,
ter gostado mais dela do que havia gostado aquando da leitura inicial. Podem
imaginar o quanto fiquei contente e orgulhosa perante a evidência de que,
muitas vezes, uma releitura traz mais sabor a um livro do que traz a
correspondente primeira leitura!
É óbvio que a minha muito maior
experiência como leitora fez com que eu estivesse atenta a pormenores que depois
quis discutir com o meu parceiro desta leitura em conjunto! Comecei por
fazer-lhe perguntas sobre as personagens, sobre a temática da obra e,
sobretudo, sobre a “categoria” em que ele encaixaria esta narrativa. Tudo para
que ele recordasse matéria já dada e se desse conta de que as leituras são
conhecimento e despoletam conhecimentos. Assim sendo, O D. apercebeu-se de que
Luis Sepúlveda criou uma fábula, que os protagonistas são um claro exemplo
disso e que História de uma Gaivota e
do Gato que a ensinou a voar nos deixa uma moral, um ensinamento que
não deixará nunca de ser atual – aprender “a
apreciar, a respeitar e a gostar de um ser diferente” (pág. 92).
Houve ainda outras coisas que me
tocaram de forma especial – o final, que me arrancou algumas lágrimas, e a
consciência ambientalista do autor e que me é tão cara. Por fim, partilho
convosco um pormenor histórico que este livro me permitiu saber sobre a Libéria,
“um país africano muito interessante
porque foi fundado por pessoas que tinham sido escravos.” (pág. 17)
Concluindo, foi uma releitura muito
saborosa e que, mais uma vez, fez com que o meu orgulho de mamã babada
atingisse os píncaros J Foi igualmente saborosa porque me fez
regressar ao mundo sepulvediano de que tanto gosto e porque possibilitou que o
D. saísse da sua zona de conforto e percebesse que há leituras maravilhosas
fora dos mundos dos “Bananas” e dos “Tom Gates”.
Não sei quando voltaremos a fazer uma
leitura em conjunto. Talvez só o façamos com as leituras obrigatórias para o 8º
ano. Contudo, mesmo que cada vez sejam menos, há sempre delicioso ter a
companhia do meu homem mais novo no mundo dos livros!
NOTA – 08/10 (eu) + 10/10 (D.)
Sinopse
Esta
é a história do gato Zorbas. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré
negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que
acabara de pôr. Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas
que faz nesse momento dramático: não só criará a pequena gaivota, como também a
ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo,
Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo
para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto
como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota...
O
grande escritor chileno oferece-nos neste seu novo livro uma mensagem de
esperança de altíssimo valor literário e poético.