Ficha
técnica
Título
– Cortei as tranças
Autor
– António Mota
Editora
– Edinter
Páginas
– 172
Datas
de leitura – de 24 a 26 de novembro de 2016
Opinião
Gosto das histórias de António Mota
por culpa do meu filhote, que trouxe algumas da biblioteca da escola para ler
na companhia da mamã. Lembro-me particularmente bem de Sonhos de Natal que se lê de um fôlego só e que me levou às
lágrimas. Por isso, e porque continuo a apostar em livrinhos infanto-juvenis
que poderei recomendar ao D. e que me fazem regressar a anos mais inocentes e
mais simples, trouxe da biblioteca municipal este Cortei as tranças.
Marta é uma menina que vê a sua vida
sofrer o pior dos embates quando a sua mãe morre num acidente estúpido. Perante
esta amputação do suporte que equilibrava uma existência típica de uma menina
de treze anos, a protagonista da obra corta as suas tranças infantis e veste a
vida da progenitora. Deixa a escola, trata da lida de casa e quer trabalhar
para contribuir para o orçamento familiar. Cresce assim demasiado rápido.
Começa a penetrar na rotina dos mais velhos, mas percorre-a aos tropeções, assoberbada
de dúvidas e de nostalgias pelo que foi obrigada a arrumar num cantinho onde
talvez nunca mais se possa esconder.
A ação de Cortei as tranças desenrola-se no meio rural e aflora não só
a adolescência de Marta como também a de sua mãe. Faz-nos saltar para tempos e
espaços que parecem já não mais existir e que seguramente se apresentarão como
realidades desconhecidas aos miúdos nascidos no século XXI. Desconfio, por essa
razão, que a simplicidade de essa vida comezinha e algo datada não seja muito
apelativa, não desperte no meu filhote vontade de ler com entusiasmo esta obra,
como o vejo a ler com concentração e de dedito a seguir as frases livrinhos
mais atuais e mais próximos do que é o seu dia-a-dia e do que são os seus gostos.
Confesso que eu própria estava à espera de algo mais, de mais emoção, de um
lado mais introspetivo e de um protagonismo mais evidente de uma miúda que se
apresenta como uma rapariguinha que revejo em muitas com as quais convivo
diariamente – despreocupada, com alguma alergia à escola e consequentes doses
de rebeldia e que, com a morte da vida, teria que despenhar-se num buraco aparentemente
sem fundo…
Resumindo, não foi uma leitura tão
saborosa como foram as suas antecessoras – A
lua de Joana e O mundo em que
vivi. Contudo, já tenho em vista outras obras do autor, porque são
recomendadas no Plano Nacional de Leitura e porque quero que António Mota me
volte a emocionar como o fez com Sonhos
de Natal. Expectativas algo elevadas? Creio que não…
Por fim, deixo um reparo a algo que
me desagradou – no exemplar que li (da Edinter) deparei-me com várias frases
onde uma “desavergonhada” vírgula se intrometia entre o sujeito e o predicado.
Não sei se essa sem-vergonhice acontece apenas no referido exemplar da Editora
em questão ou se repete em outras, mas espero bem que não e que já tenha sido
erradicada de edições posteriores. Estamos a falar de uma obra recomendada, como
já disse, para alunos de 12, 13 anos.
NOTA – 07/10
Sinopse
Marta,
protagonista da história, vê-se obrigada a crescer vertiginosamente. Perde a
mãe. Corta as tranças. Era preciso parecer mais velha. Um terrível acidente
corta-lhe os sonhos.
Livro
recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.