TAG - Minhas estantes, meu mundo


      Pegou-se-me o gosto desta coisa dos vídeos e fiz mais um! Foi mais uma estreia, já que foi a primeira TAG que fiz desde que criei o blogue. Vi-a em dois canais dos quais sou subscritora - o da Isa e do Hugo e achei-a muito acessível, interessante e com perguntas muito pertinentes para todos nós que amamos os livros e as leituras.
        Espero que gostem, que comentem as minhas escolhas e que partilhem aqui as vossas recomendações 😊 Adoraria recebê-las!



        

Debaixo de algum céu, de Nuno Camarneiro



Ficha técnica
TítuloDebaixo de algum céu
Autor – Nuno Camarneiro
Editora – Leya
Páginas – 200
Datas de leitura – 16 a 18 de agosto de 2018

Opinião
Passou uma semana desde que terminei esta obra e aconteceu aquilo que eu temia – já não mora em mim nada ou quase nada da sua leitura.
Debaixo de algum céu, galardoado com o prémio Leya de 2012, tem uma premissa que me cativou e me fez querer entrar nela o mais rápido possível (lá estou eu a contrariar-me… manias de leituras cronológicas e querer ler uma obra o mais depressa que pudesse… enfim…). A correspondente sinopse informa o leitor de que a ação se desenrolará durante uma semana, que nesse período de tempo iremos entrar num prédio encostado à praia e nos apartamentos que o compõem e que uma tempestade, que deixa o prédio sem luz, irá quebrar a rotina dos seus habitantes e suspender as suas vidas. Ora, se juntarmos a estes ingredientes suculentos (prémio Leya e sinopse empolgante) um terceiro tão ou mais entusiasmante – saber que do outro lado do computador estarias tu, Paula, a ler a obra ao mesmo tempo que eu – é perfeitamente compreensível que as minhas expectativas estivessem lá bem no alto, mesmo que uma vozinha maléfica (consequência de algumas opiniões que já havia lido algures e que não eram muito favoráveis) me sussurrasse que haveria que refrear essa excitação…
  A primeira coisa que salta à vista na obra é o seu preâmbulo que me conquistou plenamente (não só a mim como também a quem me ofereceu a obra, já que muitas das suas frases estão sublinhadas). A escrita do autor é deliciosamente poética e introspetiva e obrigou-me a elevar ainda mais as já referidas expectativas. Como tal, é normal que não me tenha refreado quando passei para os capítulos – divididos nos oito dias em que se desenrola a ação – e que estivesse com todos os meus sentidos em alerta, absorvendo tudo sobre as personagens, sobre o narrador e acenando de satisfação quando estava perante mais exemplos da qualidade da escrita do autor.
O livro não é longo, tem apenas 200 páginas e tanto eu como a Paula o lemos em pouco tempo. Mesmo assim, conseguimos trocar bastantes impressões e todas elas apontavam para conclusões semelhantes e que agora partilho convosco – não foi uma leitura que nos tenha preenchido e que tenha correspondido às expectativas (pelo menos às minhas). Continuo a afirmar que o estilo e a escrita do autor são muito bons, com traços de poesia e densidade que me agradam sobremaneira. Porém, acho (e creio que a Paula também) que Nuno Camarneiro divagou e filosofou em demasia e que pôs a narrativa “ao serviço” desses pensamentos, dessa filosofia, dando, dessa forma, oportunidades reduzidas para as personagens brilharem e ocuparem o espaço que têm que ocupar numa trama, seja ela de que género for.
Assim sendo e tendo em conta aquilo que referi, compreendem a minha frustração por sentir que fui, de algum modo, enganada pela sinopse e pela importância que dei (outro aspeto a rever, tantos anos de leitora e ainda caio na esparrela dos prémios literários) ao galardão atribuído à obra. Pressupus uma narrativa introspetiva, como tanto gosto, que se fosse desenrolando em crescendo e que a anunciada tempestade tivesse um impacto significativo e que produzisse uma reviravolta na vida das personagens. É certo que esta ocorreu, mas não da maneira “correta”, não como eu esperava que ocorresse e, como tal, custou-me a engolir o desenlace de muitas das personagens e de um espaço do prédio em particular. Considero que aquele que o autor criou para o David, por exemplo, foi apressado e pouco coerente e que a relação entabulada à última hora entre o padre Daniel e um habitante externo ao prédio foi demasiada “automática e mágica” (palavras da Paula), mesmo tendo em conta a época do ano em que acontece. No entanto, admito de bom gosto que me derreti com o desenlace que o autor ofereceu à minha personagem favorita, o velhote Marco Moço (eu e o meu coração que amolece face a histórias de gente sénior) e que esse miminho me reconciliou um pouco com esta leitura que tanto prometia com o seu preâmbulo e que esvaziou como um balão furado.
Apesar de tudo isto, obrigada, Paula, adorei voltar a fazer uma leitura em conjunto contigo e quero repetir a experiência muito em breve. A ver se desta atingimos patamares de excelência, com nota máxima ou próximo dela.

NOTA – 06/10

Esta foi a décima leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi para a categoria Prémio literário português.

Sinopse
Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir. 
A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem. 
Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos. 
Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.

O meu percurso como leitora


Usei quarto aniversário do blogue, que, por acaso, foi há quase um mês, no dia 24 de julho, para arriscar em algo diferente... Não sei se foi demasiado arriscado, se tenho algum jeito para isto (é óbvio que não, pois ainda estou a tremer por todo o lado), mas quando algo se mete na minha cabecinha, a minha determinação obriga-me a ir até ao fim, mesmo que me espalhe ao comprido... Deixo-vos o resultado dessa experiência. Espero que gostem e não se assustem com esta careta que fiz abraçada aos meus saudosos Cinco!
Obrigada, mais uma vez, por estarem desse lado e continuem por aí, OK? Não fujam 😜

Fico à espera do vosso feedback!

PS - tive que publicar o vídeo no Youtube porque o blogue não tem capacidade para suportar algo tão pesado.







A rapariga no gelo, de Robert Bryndza



Ficha técnica
TítuloA rapariga no gelo
Autor – Robert Bryndza
Editora – Alma dos livros
Páginas – 368
Datas de leitura – 12 a 15 de agosto de 2018

Opinião
Na minha última visita à biblioteca da terrinha fui acompanhada de uma forte determinação de que apenas recolheria os livros que havia reservado online e que poria umas palas invisíveis nos olhos para não me tentar com obras que normalmente estão expostas no átrio. Porém… até parece que não me conheço… mal abri a porta de entrada guinei para a esquerda em vez de guinar para a direita e quando me dirigi para o balcão já levava “debaixo do braço” A rapariga no gelo, a obra que inicia a saga de thrillers protagonizada pela inspetora-chefe, Erika Foster. Saí da biblioteca com um sorriso do tamanho da felicidade suprema, carregando no meu saco que sempre me acompanha nestas andanças as duas obras que havia reservado de antemão e um brinde que não resistiu a vir passar uma temporada cá a casa 😉.
Já devem saber que não sou a maior e mais assídua leitora de policiais e thrillers. Aliás, só há bem pouco tempo, talvez influenciada pelos booktubers que sigo, é que retomei um hábito que ficara bem lá atrás, nos meus aninhos de adolescente, com as leituras vorazes de coleções como as d’Os Cinco, Os sete, Mistério ou Patrícia. É verdade que ainda não me sinto tentada a gastar dinheiro em thrillers, mas admito que, sempre que leio ou vejo recomendações desse género de narrativas, às quais se dão ótimas classificações, dou uma olhadela ao site da minha biblioteca para confirmar se o autor ou os títulos em questão habitam por lá. Se habitam, aponto tudo no meu caderninho e penso com os meus botões que eles esperarão por mim e em qualquer altura cairão por alguns dias nas minhas mãos.
A rapariga no gelo é, como já referi, o volume que dá início a uma saga que está a ser publicada em Portugal e que, se não estou errada, acaba de ver o seu quinto volume nas bancas das livrarias. É protagonizada pela inspetora-chefe Erika Foster, que, neste volume inicial, é chamada para chefiar uma investigação do assassinato de uma jovem proveniente de umas das famílias mais poderosas de Londres. Andrea Douglas-Brown é encontrada morta e o seu corpo jaz debaixo de uma espessa camada de gelo. Esta macabra descoberta será a alavanca que fará com que Erika regresse ao ativo, após uma ação policial liderada por si que acabou de forma trágica, com a morte de cinco polícias, incluindo a do seu marido.
Como a minha experiência em leituras de policiais e thrillers é quase nula, apenas posso comparar esta com as que fiz este ano e que foram três ou quatro. A obra de Robert Bryndza é dona de uma narrativa muito bem conduzida, que não peca pelo excesso de personagens ou por descrições exaustivas de procedimentos policiais. Manteve-me sempre agarrada ao desenvolvimento da ação, que se foi “apimentando” com reviravoltas, novos dados, outros assassinatos relacionados com o de Andrea, e o desfecho coincidiu, como era de esperar, com a descoberta da identidade do assassino misturada com momentos angustiantes e frenéticos. Para além disso, a leitura também se enriquece com a recente viuvez de Erika, que a deixa mais fragilizada e em constante luta com uma dor que a paralisa e o sentido do dever, que a impele a dar o seu melhor.
Sei que todos os volumes que se seguem a este continuam a ter como personagem principal Erika Foster e fico feliz que assim seja, pois a sua garra, a sua perspicácia, a sua frontalidade e o cargo de chefia que ocupa e que a faz lutar de igual para igual num mundo à partida demasiado masculino são características muito positivas numa protagonista que sabe igualmente mostrar-se humana e imperfeita. O único aspeto que me fez torcer o nariz durante a leitura prendeu-se com o facto de achar que o autor exagerou na tensão que se sente no ar, nos gestos e nas palavras de Erika em alguns interrogatórios, diálogos com os seus pares, bem como na incongruência de uma e outra atitude uma inspetora que tem que obedecer aos seus superiores hierárquicos. Contudo, por ser o primeiro volume da saga (muito provavelmente o autor limará estas e outras arestas) e porque adorei a relação que Erika mantém com o seu sogro, pretendo continuar a seguir as andanças desta inspetora que não só me conquistou a mim como também ao maridinho. Agora só me resta esperar que a minha biblioteca continue a aposta nesta saga, pois de certeza que trarei os próximos volumes numa futura visita!

NOTA – 09/10

Sinopse
Quando um rapaz descobre o corpo de uma mulher debaixo de uma espessa camada de gelo num parque do sul de Londres, a inspetora-chefe Erika Foster é imediatamente chamada para liderar a investigação. A vítima, uma jovem bela e rica da alta sociedade londrina, parecia ter a vida perfeita. No entanto, quando Erika começa a investigar o seu passado, vislumbra uma relação entre aquele homicídio e a morte de três prostitutas, encontradas estranguladas, com as mãos amarradas, abandonadas nas águas geladas de outros lagos de Londres.
A sua última investigação deu para o torto, e agora Erika tem a carreira presa por um fio. Ao mesmo tempo que luta contra os seus demónios pessoais, enfrenta um assassino altamente mortífero e que se aproxima tanto mais dela quanto mais próxima ela está de expor ao mundo toda a verdade. Conseguirá Erika apanhar o assassino antes de ele escolher a próxima vítima?

O jovem da porta ao lado, de Josie Lloyd e Emlyn Rees



Ficha técnica
TítuloO jovem da porta ao lado
Autores – Josie Lloyd e Emlyn Rees
Editora – Editorial Presença
Páginas – 270
Datas de leitura – 08 a 11 de agosto de 2018

Opinião
Resgatei este livrinho da estante pensando que seria uma narrativa chicklit, com amor misturado com boas doses de comédia e momentos patetas e assim preencher mais uma “casinha” do Bookbingo, cuja categoria é a de uma leitura “silly”.
Esta obra mora na minha estante há mais de quinze anos e não é a única que tenho desta parelha de autores. As outras são do mesmo género e só não escolhi nenhuma delas, porque uma é a continuação da outra. Portanto, quando fiz as escolhas para a maratona do Bookbingo, percorri as estantes na esperança de encontrar alguma obra que fosse levezinha, cómica e “silly” e detive-me em O jovem da porta ao lado, recordando escassos pormenores de uma leitura agradável e que, presumia eu, seria adequada para a categoria em questão para a maratona.
Dei-me rapidamente conta de que tinha feito uma escolha errada. A narrativa conta-nos a história de dois jovens que foram o melhor amigo um do outro enquanto crianças e que essa amizade acabou transformando-se num grande amor juvenil. Contudo, um acontecimento muito doloroso fez com que seguissem caminhos separados. Quinze anos depois, Fred e Mickey encontram-se casualmente numa casa de brinquedos e compreendem que o amor que os uniu em jovens esteve apenas adormecido e que bastou uma breve troca de olhares e frases de circunstância para que relembrassem a cumplicidade e a força de um amor que parecia indestrutível e capaz de derrubar todo o tipo de barreiras.
Admito que hoje em dia não me puxam este género de leituras. Também se passaram quinze anos na minha vida que fizeram com que os meus gostos de leitora fossem mudando e moldando a uma evidente maturidade e exigência. Porém, não posso negar que o meu lado romântico continua a ocupar um lugarzinho especial em mim e que não fico indiferente a histórias de amores entre jovens e menos jovens. Por isso, as páginas de O jovem da porta ao lado foram passando com velocidade pelos meus dedos e deixei-me envolver pela narrativa bipartida, com capítulos alternadamente narrados por Fred e Mickey, e acolhi com muito carinho estas duas personagens, a determinação e coragem de Mickey, o seu lado protetor que a leva a lutar e a “embalar” aqueles a quem mais ama, a timidez e desamparo de Fred, o sofrimento que o acompanha desde miúdo e, acima de tudo, os laços indissolúveis que os mantêm ligados, mesmo estando separados durante tanto tempo.
É verdade que não preenchi nenhuma categoria do Bookbingo com esta leitura. É igualmente verdade que a mesma não me trouxe nada de novo, que a sua história é lamechas, previsível quanto baste, mas não posso considerá-la uma perda de tempo. Encheu-me estes dias veraneios de sorrisos bobos, de cores alegres e de muitos corações brilhantes e isso às vezes é suficiente.
Apesar de saber que muito dificilmente a encontrarão à venda (nem aparece na WOOK), recomendo-a para quem tropeçar nela numa biblioteca municipal ou num alfarrabista. Mas preparem-se para doses consideráveis de lamechice 😊

NOTA – 08/10

Sinopse (in English, porque é assim que está no Goodreads e não me apetece nada ter que traduzi-la ou copiá-la da contracapa do livro)
It's the 1970s in the sleepy English village of Rushton, and Mickey Maloney and Fred Roper are next door neighbours and best friends. In and out of scrapes from childhood, they share everything from their first cigarette to their first kiss. They're convinced that nothing will ever keep them apart - but they're wrong. Fifteen years later, Mickey is beginning a new phase of her life with a small flower shop in London. Squeezed into the tiny flat upstairs, she's a loving, if chaotic, single mother, trying to build a secure life. Fred's about to get married to Rebecca, but when he bumps into Mickey in the aisle of Toys 'R' Us, his whole world turns upside down. The Boy Next Door is a warm, funny and moving novel about second chances and falling in love and learning you're never too old.

O fim da inocência (volume I), de Francisco Salgueiro



Ficha técnica
TítuloO fim da inocência – Diário de uma adolescente portuguesa
Autor – Francisco Salgueiro
Editora – Oficina do livro
Páginas – 222
Datas de leitura – 05 a 08 de agosto de 2018

Opinião
Este livro já esteve cá em casa em 2010 e, na altura, não lhe prestei atenção nenhuma. Veio da biblioteca da escola do maridinho e apenas ele o leu. Por essa razão, quando o trouxe da biblioteca municipal, entusiasmada com as opiniões que tenho lido e ouvido por aqui, arregalei os olhos perante o comentário do N. de que tinha quase a certeza absoluta de que já o havia lido. E mais espantada fiquei quando ele o confirmou, consultando o caderninho onde aponta todas as suas leituras. A leitura de que muitos vão aconselhando em blogues e canais do Booktube já havia estado em minha casa e eu tinha-a deixado passar…
Oito anos depois, o N. voltou a ler a história da Inês e mais uma vez primeiro do que eu. Tal como muitos bloggers e booktubers, também ele ma recomendou. Sabia de antemão que a narrativa se assemelhava a um diário e que me permitiria entrar pela porta mais íntima e sincera na vida de uma adolescente que, desde muito cedo, viveu e experimentou todos os caminhos e vias de um dia-a-dia regido pelo sexo, pelo álcool e pelas drogas. Tinha igualmente noção de que Inês fora o nome fictício que o autor dera à jovem que havia entrado em contacto com ele e lhe confidenciara como fora a sua vida desde os dez, doze anos até aos dezassete. Estava preparada para uma leitura deveras perturbante, crua, recheada de detalhes e de uma linguagem muito gráfica. Só não estava preparada para ler o livro a um ritmo quase frenético e não me entregar à história de Inês como pensava que me iria entregar.
Sou mãe de um pré-adolescente. Tenho consciência de que ele tem a mesma idade que a Inês tinha quando iniciou uma viagem degradante e chocante por um mundo ao qual nenhum adulto (quanto mais uma criança) deveria ter acesso. Sei que ele vai querer experimentar algumas coisas que são à partida banidas/proibidas e que o fará mesmo que eu lhe diga que não. Prevejo noites e horas de angústia quando ele sair com os amigos e frequentar lugares onde poderá ter a oportunidade de experimentar essas coisas que prefiro não nomear. Porém, mesmo tendo noção de tudo isso, considero-me uma mãe mais presente que a da Inês, considero o meu núcleo familiar mais unido e atento que o da protagonista da obra e sinto-me um bocadinho mais sossegada por tudo isso, porque pretendo dar ao meu filho o mesmo que me deram a mim, transmitir-lhe os mesmos ensinamentos que me transmitiram a mim e confiar que o seu crescimento será saudável e precavido. É verdade que o mundo em que ele está a crescer é bastante diferente daquele em que cresci, mas, mal penso nisso, recordo de imediato os meus doze, treze anos e o momento em que li Os filhos da droga, de Christiane F.. A jovem alemã havia vivido a sua adolescência e juventude antes de mim, era mais velha do que eu e o seu percurso não é muito distinto do da Inês, o que me leva a concluir que muito do que esta nos conta não é novidade, pois Christiane F. já mo havia contado muitos anos antes. Sejam os anos setenta, oitenta do século XX, seja a primeira década do século seguinte, estes comportamentos e escolhas degradantes e perturbadores sempre existiram e irão existir. Temos que estar atentos, temos que dar muito amor e carinho, não negar aquilo que existe, responder sem meias-verdades às perguntas que os nossos filhos nos façam. Temos que ser, nada mais, nada menos, que progenitores.
Regressando ao que disse anteriormente, sinto que não criei os laços que deveria ter criado com esta narrativa por duas razões aparentemente distintas. Por um lado, apesar de ter lido a história de Christiane F. há muitos e muitos anos (está pacientemente à espera de uma oportunidade de releitura), ainda a sinto muito presente e acabei fazendo comparações entre a sua juventude e a de Inês, “preferindo” a da miúda alemã. Por outro, nunca fui capaz de pôr de lado a sensação de que tudo o que Inês partilhou comigo era fictício. Talvez essa sensação não tenha sido mais do que um mecanismo de defesa de mãe horrorizada perante o que lia ou talvez tenha sido o estilo algo jornalístico da escrita do autor que me inibiu de sentir a partilha de Inês como real, verdadeira e de me emocionar, afligir, repugnar e querer abanar, apertar e abraçar uma menina que perdeu o sentido da vida demasiado cedo.
Não foi uma leitura que preencheu na totalidade as expectativas que tinha quando lhe peguei. Contudo, não posso dizer que não tenha sido produtiva e esclarecedora. Quero muito ler o próximo volume que nos dá a conhecer a perspetiva de um rapaz adolescente e da sua vida igualmente desregrada. Não o lerei nos próximos tempos, porque preciso de me afastar dos ambientes tóxicos associados a estas histórias de cortes abruptos na inocência de dois adolescentes. Mas fá-lo-ei em breve, já que esse volume II está à minha espera na biblioteca da terrinha. Entretanto, recomendo a leitura do volume I a quem estiver curioso e interessado numa leitura sem filtros, muito crua e que nos alerta a todos para os perigos que espreitam ao virar da esquina. E essa esquina não precisa de ser de um bar ou de uma discoteca. Pode ser da escola ou da casa de um amigo.

NOTA – 08/10

Esta foi a nona leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi para a categoria Livro de não-ficção.

Sinopse
Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional. 
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.

Crime adormecido + Cai o pano, de Agatha Christie



Ficha técnica
TítuloCrime adormecido + Cai o pano (o último caso de Poirot)
Autora – Agatha Christie
Editora – Edições Livros do Brasil
Páginas – 342
Datas de leitura – 01 a 05 de agosto de 2018

Opinião
Se leram o balanço das leituras do mês de julho, sabem que desisti da leitura da obra Sem destino, de Imre Kertész, talvez por causa da ressaca que me provocou o belíssimo final de Chama-me pelo teu nome. Assim sendo e tendo em conta que havia trazido da biblioteca a obra do autor húngaro para lê-la para a categoria Livro que tenha sido lançado no ano em que nasceste, tive que arregaçar as mangas e encontrar um livro que a substituísse. A Internet não me deu muitas hipóteses de escolha e, ao tentar confrontar essas mesmas hipóteses com as que tinha disponíveis na biblioteca da terrinha, acabei por decidir-me pela última obra que escreveu Agatha Christie antes de morrer, ou seja, Cai o pano, o último caso de Hercule Poirot. Coladinha a ela, no mesmo volume das Edições Livros do Brasil, veio Crime Adormecido, que me permitiu contactar com outra personagem emblemática da conhecidíssima autora policial. Falo de Miss Marple, que ajudará um casal recém-casado a descobrir por que razão a casa para onde se mudaram traz à jovem esposa memórias angustiantes que parecem estar relacionadas com um crime perpetrado dentro das suas paredes.
O volume está milimetricamente dividido em duas metades iguais e Crime Adormecido ocupa as suas primeiras 170 páginas, enquanto Cai o pano se encontra na outra metade da obra que contém 342 páginas. Li uma a seguir à outra e poucas diferenças encontrei entre as duas. O estilo é sóbrio, mas simples, a linguagem bastante analítica e as personagens são simpáticas. Dei frequentemente comigo a relembrar-me das adaptações televisivas que passaram na nossa televisão (tanto de casos resolvidos por Miss Marple como pelo belga de bigodinho pequeno chamado Poirot) e, à medida que ia avançando na leitura, não fui capaz de desligar-me das imagens dos autores que representaram tanto uma como outra personagem e fui idealizando na minha cabeça Miss Marple, com o seu aspeto de avozinha querida e de olho aguçado, a tentar descobrir provas enquanto degustava the five o’clock tea e o engomadinho Poirot, com o seu cabelo alisadinho com brilhantina, a fuçar tudo e todos e a revelar-nos quem, de verdade, era o criminoso.
Foi uma leitura agradável, mas que não me entusiasmou o suficiente para querer ler outras obras da autora. Ao comparar as duas narrativas, fiquei com a sensação de que gostei um bocadinho mais da protagonizada por Poirot, sobretudo porque não fui capaz de descobrir a identidade do assassino em série, o que não se passou em Crime adormecido, pois aí não me foi nada difícil saber quem tinha estado por detrás da morte da madrasta da jovem esposa. Porém, entre Poirot e Miss Marple, confesso que sou mais “team” Marple 😉 Quem é que consegue resistir a uma avozinha armada em detetive?
Esta foi a minha estreia nas letras da grande Agatha Christie. Não foi sublime, mas teve um saborzinho doce, pois voltei a terras inglesas dos anos 60 e 70 e relembrei leituras da minha meninice, nas quais viajei vezes sem conta pelos cantos rurais de Inglaterra acompanhando o meu grupo de detetives preferido de todo o sempre – os famosos Cinco!

NOTA – 07/10

Esta foi a oitava leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2. Encaixou na categoria Livro que tenha sido lançado no ano em que nasceste.

Sinopse
Gwenda mudara-se há pouco tempo para uma nova casa quando estranhos e inexplicáveis incidentes começaram a acontecer. Apesar dos seus esforços para modernizar a casa, ela apenas consegue desenterrar o passado. Pior ainda, o seu pavor é tanto que se sente aterrorizada pela simples ideia de subir as escadas. Desesperada, Gwenda recorre a Jane Marple para exorcizar os seus fantasmas. Juntas, vão ter de resolver um crime “perfeito” cometido muitos anos antes…

O detetive Hercule Poirot, já aposentado, volta com seu amigo capitão Arthur Hasting ao cenário da primeira investigação em que trabalharam juntos: a mansão Styles. Agora transformada em hotel.
Também hospedado na antiga propriedade está um misterioso assassino, responsável por cinco crimes sem relação aparente entre si.
O extraordinário talento de Poirot para desvendar o intrincado processo de mentes criminosas o leva a crer que um sexto assassinato será cometido. Mas quem será a vítima? Esta questão conduzirá o grande detetive belga no que pode ser o caso mais arriscado de sua carreira. E talvez o último.

El invierno en tu rostro, de Carla Montero



Ficha técnica
TítuloEl invierno en tu rostro
Autora – Carla Montero
Editora – Penguin Random House
Páginas – 766
Datas de leitura – 24 de julho a 01 de agosto de 2018

Opinião
Voltei às leituras em espanhol e com um dos maiores e esteticamente mais bonitos calhamaços que “enchem” a minha estante. E, como acontece quase sempre que leio na “minha segunda língua”, recuei no passado e “aterrei” nos anos mais negros da História recente de Espanha.
A narrativa arranca em junho de 1927 e entramos na casa humilde da família de Lena e Guillén Álvarez, dois adolescentes que pertencem à mesma família porque os seus pais se casaram um com o outro depois de enviuvarem. Vivem nas escarpas dos Pirenéus uma infância recheada de muito trabalho, alguns tabefes, e religiosidade rigorosa que é subitamente abalada por um avião francês que se despenha. É Guillén, pastor de cabras, que acaba por descobrir o local exato onde perderam a vida os aviadores e será por essa descoberta que a viúva de um deles o quererá recompensar, levando-o consigo para França e dando-lhe, assim, uma educação e condições de vida às quais ele nunca poderia aspirar se se mantivesse em casa da sua família. Quem mais sofre com essa ida é a sua mãe, Balbina, e Lena, a irmã com quem Guillén tinha uma maior proximidade.
Os anos passam, Guillén transforma-se num jovem culto, educado e que se move habilmente na alta sociedade. Tem uma vida quase perfeita, que augura um futuro muito promissor e até as estrelas do amor estão ao seu lado quando compreende que o amor que sente por Lena lhe é correspondido. Contudo, estala a Guerra Civil em Espanha e este horrível conflito levá-los-á a defender ideais opostos e a posicionar-se nos dois lados contrários da contenda. Essa cisão não se limitará à guerra espanhola e estender-se-á nos anos consequentes levando-os, a ele como membro da Resistência francesa, espião e outros mesteres e a ela, como enfermeira da Divisão Azul e da Cruz Vermelha, a participarem na Segunda Grande Guerra.
El invierno en tu rostro fez-me viajar por todos esses anos dolorosos de morte e sofrimento. Levou-me a vários locais de Espanha, França, Alemanha, Rússia, Polónia e Tânger. Possibilitou-me uma convivência deveras interessante com um leque muito variado de personagens fictícias e reais. Porém, senti que a vasta experiência que tenho de leituras relacionadas com estes temas bélicos “ensombrou” a minha estreia nas letras desta autora e fez com que não me tivesse entregado de corpo e alma à história dos “hermanastros”, ao amor que os ligava e, principalmente, a uma narrativa primorosamente bem documentada e baseada em testemunhos verídicos.
Numa espécie de posfácio, Carla Montero explica o quão foi para si especial escrever El invierno en tu rostro. Partilha connosco que a correspondente narrativa germinou de muitos testemunhos de familiares seus que viveram em primeira mão os anos sangrentos da Guerra Civil e de acontecimentos verídicos, como a queda do avião francês nos Pirenéus. É perfeitamente visível, nas suas palavras, que o processo de criação da obra e a correspondente publicação foram muitíssimo especiais e compreendi que à autora aconteceu-lhe o mesmo que me acontece a mim quando vibro com um esmagador frenesim com uma leitura em particular e acabo por escrever um texto longuíssimo com a respetiva opinião. O assunto é-nos tão caro, tão nosso, que queremos à viva-força partilhá-lo, falando de tudo, de todos os pormenores que nos deliciaram e não nos damos conta que, por vezes, o que é demais molesta… Foi precisamente isso que se foi instalando em mim à medida que a leitura ia progredindo. Como já referi, a documentação histórica é preciosa, a contextualização também, mas estamos perante uma narrativa de ficção, que arranca com uma entusiasmante história de amor que acaba, infelizmente, por perder bastante protagonismo face a todo o lado histórico da trama. Sim, sei que é um romance histórico, mas se a autora lhe tivesse cortado algumas páginas onde abundam reviravoltas e pedaços de História, a leitura teria sido mais fluída e mais entusiasmante…
Resumindo e para não me alongar demasiado 😉, não posso dizer que não tenha gostado desta leitura. Gostei, mas sei que poderia ter gostado mais. No entanto, pretendo, se a oportunidade surgir, ler mais obras da autora, porque Carla Montero escreve muito bem e mostra ter em si tudo o que é necessário para criar uma bela história.
Sei que esta obra não está traduzida nem publicada no nosso país. Por isso, recomendo-a a quem se move bem nas letras espanholas e tenha um fraquinho por literatura mais histórica.

Esta foi a sétima leitura que fiz para a maratona literária – Bookbingo – Leituras ao sol 2 e foi para a categoria Livro escrito por uma mulher.

NOTA – 07/10

Sinopse
Aventura, amor y guerra en el tablero de ajedrez del cruento siglo XX: la novela más personal de la autora de La Tabla Esmeralda.
 En un pueblo de montaña los hermanastros Lena y Guillén viven una existencia sencilla y tranquila. Ambos están muy unidos y apenas conciben la vida el uno sin el otro. Sin embargo, algo tan inesperado como extraordinario sucede y se ven obligados a separarse. Con los años y la distancia aquella complicidad infantil se convierte en amor juvenil alimentado con un encuentro esporádico y cientos de cartas.
El estallido de la Guerra Civil sorprende a Lena en Oviedo y a Guillén en Francia, quien, angustiado por la suerte de la mujer que ama, inicia un arriesgado viaje a través de un país asolado por la contienda para reunirse con ella. Sin embargo, la guerra pone a prueba su amor: Lena se ha convertido en enfermera voluntaria del bando sublevado y resiste en una ciudad sitiada por las fuerzas republicanas; Guillén forma parte de esas fuerzas que estrangulan la ciudad.
Más tarde, Lena y Guillén vivirán de primera mano los acontecimientos de la Segunda Guerra Mundial y seguirán en bandos opuestos: él en la resistencia contra el nazismo y ella como enfermera de la División Azul. Y aunque sus destinos volverán a cruzarse tanto en la Varsovia aplastada por los nazis como en la exuberante Tánger de los años cuarenta o en el dramático escenario de la posguerra española, siempre estarán condenados a enfrentarse al mismo dilema: ¿Cómo pueden amarse cuando sus voluntades políticas y sus trayectorias vitales han tomado caminos tan distintos?

Balanço mensal - livros lidos e adquiridos/recebidos em julho



Julho sempre me presenteia com mais tempo para as leituras e este não foi exceção. Li cinco livros, ou melhor, seis, se contar com o calhamaço de quase oitocentas páginas que terminei hoje de manhã, dia 01 de agosto. Sei que poderei estar a fazer batota ao contabilizar esse sexto livro como uma leitura de julho, mas acho que me perdoam e compreendem, já que 99 por cento de El invierno en tu rostro foi lido nos últimos dias do mês que terminou ontem. E 99 por cento de 768 páginas é mesmo uma percentagem obesa!
Todas as leituras foram bastante positivas. Das seis que preencheram o mês, cinco obtiveram uma classificação de 08/10 ou superior. A única que fugiu à regra foi a que abriu julho. A biblioteca, de Zoran Zivkovic, está composta de seis contos cujo elo de ligação são as mais diversas bibliotecas que podem dar um gosto muito especial à vida de um leitor. Contudo e muito provavelmente por ser um livro de fantasia, não me senti especialmente atraída por nenhum dos contos, tive vontade de dar um novo rumo a alguns deles, de os ajustar aos meus gostos e à minha visão idílica do que é uma biblioteca e pelos outros passei com uma indiferença que me faz sempre encolher de vergonha e frustração… Gostei, no entanto, da escrita do autor e quero dar-lhe uma nova oportunidade com a outra obra dele que tenho na estante. Atribuí à coletânea de contos A biblioteca um 06/10.
A segunda leitura do mês veio da biblioteca da terrinha e foi a quarta obra que li de Afonso Cruz. Mais uma vez, este autor excecional não me desiludiu com a sua escrita pincelada de magia e de fragmentos perfeitamente entrelaçados com ilustrações que complementam o narrado pelas palavras. Gostei imenso de conhecer O pintor debaixo do lava-loiças e, acima de tudo, de ficar a saber que o protagonista da história está baseado num verdadeiro pintor que se refugiou (na altura da 2GM) no espaço debaixo do lava-loiças da cozinha dos avós de Afonso Cruz. Dei-lhe 09/10.
Continuei as leituras de julho com mais um autor português e que ocupa um lugar privilegiado nas estantes cá de casa. Falo de Rodrigo Guedes de Carvalho (de quem tenho todas as obras publicadas) e de O [seu] pianista de hotel. Esta leitura começou por ser uma leitura em conjunto com a Isa (do blogue/canal Jardim de mil histórias), mas terminei-a de forma solitária, já que não foi desta que o “meu” Rodrigo conseguiu conquistar a minha querida compincha de leituras. Após um vazio de mais de dez anos sem publicar nada de ficção, o autor regressou mais maduro, menos “atado” às suas influências antonianas, com um estilo oralizante que me cativou desde as primeiras páginas e com uma narrativa onde personagens marcadas pelo sofrimento e pela melancolia me arrebataram a ponto de classificar esta leitura quase com a nota máxima!
A quarta leitura foi igualmente feita em conjunto. Desta vez, a minha companheira de leituras foi a Paula, uma seguidora extremamente assídua do blogue. Foi uma estreia muito auspiciosa e que de certeza será repetida no futuro. Ao longo de uma semana tivemos em mãos uma obra densa, com uma escrita aprimorada, que nos fez mergulhar nos anos americanos pós Segunda Grande Guerra e sobretudo nos fez questionar até que ponto conhecemos a pessoa amada e agitou as nossas certezas face ao que faríamos em situações-limite que poderiam romper com uma relação amorosa estável. Apesar de não ter gostado tanto de A história de um casamento, de Andrew Sean Greer, como a Paula, não pude deixar de lhe atribuir um 08/10, pois é uma obra poderosa.
A melhor experiência literária do mês veio com Chama-me pelo teu nome, de André Aciman. Até hoje não sei explicar exatamente o que me aconteceu com esta leitura e o porquê da mesma ter sido tão especial ao ponto de me provocar, com o seu final, uma crise tremenda de choro e de me ter “obrigado” a dar-lhe a pontuação máxima. Foi realmente uma experiência muito pessoal, pouco ou nada comparável com outras e que ocupará um cantinho reservado a um punhado de belíssimas histórias de amor.
Tinha noção de que, após uma leitura tão absorvente e apaixonante, aquela que se lhe seguiria iria sofrer com os estilhaços ainda muito presentes de uma ressaca lavada com muito choro. Por isso, quando peguei na obra Sem destino, de Imre Kertész, e me deparei com um protagonista apático, insosso e com uma narrativa lenta e sem os ingredientes que, de forma estereotipada ou não, associo sempre a enredos do Holocausto, fui tentando não ceder à vontade de a largar até que essa vontade ganhou a contenda e não fui capaz de levar a leitura até ao fim…
Para terminar o mês em grande nada melhor que um gigantesco calhamaço que já esperava a sua vez desde julho do ano passado. Entrei com facilidade na história, criei empatia com as personagens principais, mas confesso que o peso da obra começou a tornar-se mais do que evidente quando a sua narrativa se estendeu por demasiadas páginas… Não quero alongar-me mais, porque ainda não escrevi a correspondente opinião e ainda não sei exatamente que pontuação lhe irei atribuir. Contudo, não irei dar a El invierno en tu rostro, de Carla Montero, mais do que um 08/10.

Durante este mês a estante engordou um bocadinho. Recebi duas prendinhas e não fui mesmo capaz de resistir a promoções que se meteram literalmente no meu caminho, porque eu não as procuro, nem nada do que se pareça… 😋
Das minhas queridas amigas pitufinas recebi um regalito de aniversário com uns mesitos de atraso 😃 e que figurava na minha wishlist. Falo de As oito montanhas, de Paolo Cognetti. Já não me recordo muito bem o que me atraiu na sua sinopse, mas li entretanto opiniões/reviews muito positivas e só isso chega para deixar-me entusiasmada! Da editora Clube do Autor caiu na caixa do correio uma leitura levezinha, ótima para intervalar com leituras mais densas. A ilha dos segredos, de Nadia Marks vai levar-me à Grécia, aos seus mares de cores fabulosas e proporcionar-me-á bons momentos, sem dúvida!
Com menos de quinze euros comprei três pechinchas deliciosas. O culpado de uma delas é o Hugo Cunha, do canal Aprendiz de leitor e as outras são exclusivamente da minha responsabilidade. Por causa desta opinião que deixou no Goodreads, o Hugo levou-me a comprar, por apenas quatro euros, Coisas que nunca aconteceriam em Tóquio, de Alberto Torres Blandina. A segunda é de um autor de quem apenas li até ao momento uma obra pungente e lindíssima – A neta do Senhor Linh. Veio na mesma encomenda que a primeira, custou cinco euros e é O relatório de Brodeck, de Philippe Claudel. As expectativas são elevadíssimas, tanto para uma como para outra. Por fim, encontrei no Pingo Doce a maior pechincha, já que foi uma compra que não chegou a quatro euros. Como sabem, sou fanática por tudo o que escreve Kate Morton e ando sempre à cata de outros/as autores/as que usem e abusem de narrativas de dual time e que me façam pegar no livro e não o queira largar até que o termine. Espero sinceramente que O segredo de Sophia, de Susanna Kearsley corresponda e me dê isso mesmo. Se não o fizer, também não faz mal, porque, como foi tão baratinho, não me levará a ficar com a consciência pesada e com o nível de frustração em alta!

Assim foi o meu mês, com seis leituras, uma desistência e cinco novos habitantes na estante. E o vosso? Contem-me tudo, please!

Deixo-vos, como é habitual, os links para acederem à opinião completa das obras lidas em julho:
§  A biblioteca, de Zoran Zivkovic
§  O pintor debaixo do lava-loiças, de Afonso Cruz
§  O pianista de hotel, de Rodrigo Guedes de Carvalho
§  A história de um casamento, de Andrew Sean Greer
§  Chama-me pelo teu nome, de André Aciman
§  El invierno en tu rostro, de Carla Montero