Quinta-feira, 17 de abril de 2014
Opinião
Hoje, que estou a desfrutar de uma noite “home alone”, com a casa por minha conta J,
acabei de ler Os monstros também amam
já no conforto dos lençóis!
A
obra é sobre uma jovem grávida – Sandra – que “foge” de Madrid, de uma vida que
se estava a tornar claustrofóbica e se refugia numa localidade à beira-mar. Lá,
conhece um casal octogenário, que se propõe “cuidar” dela.
Pouco
tempo depois, Sandra trava também conhecimento com outro octogenário, Julián, que
lhe confidencia que viajou desde Argentina até aquele local, para cumprir o
último desejo de um amigo e que esse desejo está intimamente ligado ao casal
que tem protegido Sandra, já que os mesmos são, nada mais nada menos que um
casal de ex-nazis que nunca foram condenados pelos horrores que praticaram
durante a Segunda Guerra Mundial.
Perante
este resumo poderia dizer, sem margem para dúvidas, que este romance possui
ingredientes fantásticos para uma leitura entusiasmante, sobretudo para alguém
como eu, que já confessou vezes sem conta ser um nadinha “viciada” em histórias
que girem à volta de um tema tão arrebatador como o é tudo o que se relacione
com esse conflito mundial. Contudo, e para grande frustração minha, Os monstros
também amam não me conquistou… O que poderia ser uma obra empolgante, repleta
de momentos interessantes, de suspense e que assim nos agarraria até ao seu
final, peca porque se torna previsível, com passagens pouco credíveis e com
algo que, para mim, é quase imperdoável – falta-lhe intensidade psicológica.
Como pode uma obra que se propõe abordar temas tão inquietantes (e que mexem
com o mais profundo de nós) não explorar tudo isso, não apresentar-nos
personagens mais densas, não aprofundar verdadeiramente o seu lado íntimo, as
suas emoções, os seus pensamentos, os seus atos?...
Por
tudo isto, reina alguma frustração, pois sinto que a leitura desta obra aguçou
o meu apetite com o seu título (um pouco enganador e que nada tem a ver com o
título original – Lo que esconde tu
nombre), com a sua sinopse e inclusive com a sua capa (que, mais uma
vez, não tem relação nenhuma com a protagonista) e que, infelizmente, a sua
narrativa, ou seja, o seu “prato principal”, se revelou insosso e algo
dececionante.
Essa
deceção ainda dói mais, porque no dia em que a literatura mundial perde um dos
seus grandes nomes, sentir-me-ia muito mais realizada se tivesse “honrado” o
prazer e a importância que os livros têm na minha vida com uma daquelas leituras,
que me preenchem e me trazem aquele sabor…
¡Hasta siempre, Gabo! Te
echaré mucho de menos, a ti a todo que todavía podrías ofrecernos…
NOTA
– 06/10
Sinopse
Sandra tem 30 anos, está grávida de um
homem que não ama e decide ir viver para uma pequena aldeia costa leste
espanhola. Num dos seus passeios pela praia conhece os Christensen, um casal de
octogenários noruegueses e estabelece com eles uma relação de proximidade.
Nada faria supor que estas três vidas, unidas por acaso, pudessem ser a razão de viver de Julián, um homem recém-chegado da Argentina que segue, passo a passo, os noruegueses. Um dia Julián aborda Sandra e revela-lhe detalhes do seu passado e do dos seus novos amigos. E conta-lhes que os Christensen não são quem aparentam ser. Repleto de suspense e emoção, Os Monstros Também Amam é, acima de tudo, um romance sobre as ambiguidades do ser humano, entre a maldade e o amor, e sobre a forma como as aparências escondem o lado mais negro de cada um de nós.
Nada faria supor que estas três vidas, unidas por acaso, pudessem ser a razão de viver de Julián, um homem recém-chegado da Argentina que segue, passo a passo, os noruegueses. Um dia Julián aborda Sandra e revela-lhe detalhes do seu passado e do dos seus novos amigos. E conta-lhes que os Christensen não são quem aparentam ser. Repleto de suspense e emoção, Os Monstros Também Amam é, acima de tudo, um romance sobre as ambiguidades do ser humano, entre a maldade e o amor, e sobre a forma como as aparências escondem o lado mais negro de cada um de nós.