Terça-feira, 03 de dezembro de 2013
Sinopse
O novo romance de um dos mais importantes e
respeitados escritores espanhóis. Com obra publicada em mais de 50 países, e
mais de 6 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e distinguido com o
Prémio Literário Europeu 2011.
Os Enamoramentos foi considerado o melhor
romance do ano 2011 (eleito por um painel de 57 críticos literários espanhóis).
O autor aborda o mistério em torno de uma morte acidental para refletir sobre o
estado do "enamoramento", considerado quase universalmente como algo
positivo, quase redentor, que tanto justifica as ações nobres e
desinteressadas, como as maiores tragédias e catástrofes.
Críticas de imprensa
«O que interessa a Javier Marías é a narração
enquanto mecanismo de incerteza, a essencial ambiguidade e obscuridade da
narrativa. Vivemos em grande medida daquilo que nos contam, dos “factos” que
resultam dessa “informação” e que estruturam o nosso conhecimento do mundo. Mas
se esses factos forem uma maquinação? Com efeito, tudo aquilo que “sabemos” faz
parte da nossa consciência, mesmo as falsidades e as ficções. […] O ceticismo
de Marías, especulativo, inteligente, elegante, supõe uma teoria da ficção que
é uma teoria da vida.
Pedro Mexia, Expresso
Opinião
Hoje terminei de ler esta
obra e só posso classificá-la de MAGNÍFICA!!! É, no meu ponto de vista, mais
uma prova contundente de que a literatura que se faz em terras de “nuestros
hermanos” é de muito boa qualidade e recomenda-se!
Até há bem pouco tempo a
literatura espanhola contemporânea que “passava pelas minhas mãos” resumia-se
basicamente às fenomenais obras de uma das minhas autoras favoritas de todos os
tempos – Almudena Grandes. Contudo, através das opiniões que vou trocando com
as minhas queridas compinchas apreciadoras do “bichinho da leitura” – sobretudo
Lucinda, Nancy, Orlanda, Ana Luísa J – e das visitas que faço aos sítios da
Alfaguara espanhola e das Tusquets, fui descobrindo que há outros nomes
sonantes que podem e devem fazer companhia à “minha” Almudena na estante cá de
casa. É o caso de Javier Marías cuja obra felizmente está a ser traduzida para
português!
Deparei-me com Os
Enamoramentos numa frutífera ida à Fnac – que começam a ser raras, já
que são poucas as vezes que um livro me atrai ao ponto de anotar o seu título
no meu caderninho… Contudo, essa ida foi a exceção, porque recordo-me que
apontei este de Marías e pelo menos dois mais (Numa mesma noite,
de Leopoldo Brizuela e Conversa n’ A Catedral, de Mario Vargas
Llosa). Recordo-me ainda que o que me prendeu a atenção foi o resumo que nos é
apresentado na contracapa e que tem todos os elementos que sempre me levam a querer comprar mais um exemplar para encher as já repletas prateleiras da minha
estante J
A consequente leitura só
veio confirmar essa impressão inicial deixada pelo referido resumo. Enamorei-me
pela história, pelas personagens femininas, pela escrita de Marías e não posso
deixar de mencionar que me apaixonei de imediato pela frase que dá arranque à
narrativa - “A última vez que vi Miguel Desvern ou Deverne foi também a
última vez que a mulher, Luísa, o viu, que não deixa de ser esquisito e
porventura injusto, visto que ela era isso mesmo, sua mulher, e eu, em
contrapartida, era uma desconhecida e nunca tinha trocado uma palavra com ele.”
O mote estava assim
lançado – a condução da narrativa a cargo da protagonista María Dolz, o
entrecruzar diário da sua vida com o casal Deverne, que personifica uma relação
de amor perfeita, e a morte inesperada e brutal de Miguel Deverne que
despoletará uma cadeia de acontecimentos imprevisíveis nas vidas de várias
personagens. E é aqui que tenho então que avisar futuros leitores desta
fantástica obra (que espero que venham a ser muitos) que não se deixem cair no
engodo que podem produzir tanto a correspondente capa como o título. Os
Enamoramentos não nos oferece uma clássica história de amor, mas é, tal
como nos diz o próprio autor, um romance com carácter sombrio, pessimista e que
nos faz questionar acerca do que são capazes as pessoas de levar a cabo por
amor, “un sentimiento casi universalmente considerado deseable y
positivo, "mejorador", incluso salvífico y "redentor"…
A felicidade que envolve
o casal Deverne e que é “espiada” todas as manhãs por María é barbaramente interrompida
com o assassinato de Miguel, que acontece sem que haja uma explicação
convincente para o mesmo. Quando María toma conhecimento disso, inicia uma “viagem”
que mudará para sempre a sua vida (que até aí apenas via a monotonia que a
caracterizava quebrada pelos momentos que “partilhava” com o casal Deverne no
café que frequentavam todas as manhãs) e que fará com que se torne alguém que
passa a frequentar a casa da viúva – Luísa Deverne – e sobretudo em alguém que
se torna íntima do melhor amigo de Miguel Deverne.
Essas mudanças na vida da
narradora serão portanto o ponto de partida para o desenrolar de um emaranhado
(muito bem engenhado e desfiado numa prosa que nos agarra e nos envolve) de
pensamentos, de recordações, de momentos de dúvida, de citações de livros
clássicos J, de divagações acerca do impensável choque que se abate nas vidas
daqueles que perdem os seus entes mais queridos e sobretudo (e essa é a grande
mensagem que o autor nos quer fazer chegar) acerca de que, hoje em dia, a
sensação de impunidade impera nas nossas sociedades – “la sensación de que
la impunidad domina es inevitable en nuestras sociedades”. Quantas vezes
somos “bombardeados” pelos meios de comunicação social com exemplos de casos em
que ditadores seguem as suas vidas, com os bolsos recheados, sem pagar pelo que
fizeram, políticos que abusam do poder, provocam crises ou guerras e são
condecorados e convidados para outros cargos importantes ou então anónimos que
cometem crimes horrendos em nome desse sentimento redentor e magnânimo que é o
amor?
Por tudo isto, estou
plenamente convencida de que Os Enamoramentos tem tudo para que
fiquemos rendidos à sua narrativa e consequentemente ao seu autor! Eu fiquei,
sem dúvida nenhuma, e, por isso, recomendo a leitura desta e de outras obras de
Javier Marías!!!
Não poderia terminar esta
opinião sem fazer referência ao facto de que não quereria a vida de María Dolz
por nada, a não ser talvez a sua profissão – trabalha numa editora em Madrid J J
Esse livro é maravilhoso, me prende totalmente em seus minuciosos mistérios. Já comprei-o e estou fascinada. Sua resenha é bem esclarecedora e envolvente. Obrigada!
ResponderEliminarOlá e muito bem-vinda!
EliminarObrigada pelas palavras simpáticas, fico muito feliz por ajudar! É esse o propósito deste meu cantinho!
Espero que se delicie tanto como eu com esta leitura! Javier Marías é um autor maravilhoso!
Beijinhos e volta sempre!