Maio
é sinónimo de trabalho intenso, de listas intermináveis de “coisas para fazer”,
de burocracia que amontoa por todos os lados, de paciência praticamente esgotada
e escassos minutos onde as pestanas lutam uma luta inglória perante o peso do
sono e o ritmo das leituras avança com passos de homem artrítico…
Em
31 dias li apenas 4 livros e tenho noção, tal como referi na opinião do quarto –
Assim começa o mal, de Javier
Marías – de que penei para conseguir levar a bom termo a leitura do mesmo, pois
dei muitas vezes comigo mesma a ler dois ou três parágrafos e a nada assimilar
destes…
Mas deixando os lamentos de lado, sobretudo
porque já cheira a liberdade condicional, digo que abri as leituras de maio com
a surpresa do mês, uma surpresa que confirmou as enormes expectativas que tinha
perante o frenesim que o nome da autora provoca na blogosfera literária. O jardim dos segredos, de Kate
Morton, é daquelas obras que não conseguimos parar de ler e que parecem não
querer descolar das nossas mãos. É dona de uma narrativa empolgante, repleta de
mistérios aos quais precisamos desesperadamente dar respostas e povoada de
personagens femininas cativantes, donas de personalidades fortes e que se
mantêm connosco mesmo quando encerramos a leitura.
É
óbvio que é uma missão pesada aquela que carrega qualquer obra que se segue a
uma a que damos a nota máxima e talvez por isso tenha sido (na opinião do
maridinho) tão mazinha naquilo que coloquei no comentário que escrevi sobre a
última publicação de Isabel Allende – O
amante japonês. O maridinho pode ter alguma razão no que disse, mas
para quem se enamorou perdidamente pelas primeiras obras da escritora chilena
compreende que não há comparação possível e que a história de Alma Belasco e do
seu amante japonês defrauda e desilude quem busca aquilo que sentiu e vivenciou
com A casa dos Espíritos, Paula ou De amor e de sombra (para citar alguns).
Los besos en el pan
trouxeram-me de novo Almudena Grandes. E
que regresso tão saboroso, Dios mío! Volto a dizer que não é, na minha opinião,
a sua melhor obra, mas tudo o que amo e venero nesta extraordinária autora, que
nunca mais volta a ser traduzida cá, se respira nas páginas de Los besos en el pan – um número
generosíssimo de personagens deliciosamente próximas de nós, referências,
costumes, tradições que aproximam e unem os dois povos que habitam a península
ibérica, que passam por coisas “tão insignificantes” como beijar o pão que cai
ao chão para assim “limpá-lo” da sujidade e sobretudo aquilo que o passado
(também aí tão semelhante entre os dois países) e os mais velhos nos podem
transmitir e ensinar para viver com dignidade e cabeça erguida numa época de crise
económica, de ideais e de valores.
Encerrei
o mês lendo outro dos grandes romancistas espanhóis. Assim começa o mal, de Javier Marías, vem juntar-se aos
outros romances seus que já havia lido e em linhas gerais não desaponta quem
admira o seu estilo quase barroco, de linguagem cuidada, repleto de referências
que denotam o vasto conhecimento que o autor possui da sua língua, da
literatura moderna e clássica e a influência claríssima que as obras de
Shakespeare trazem para mais um romance cujo título é retirado desse universo shakespeariano.
Não posso afirmar que esta última obra de Marías seja a sua melhor – prefiro claramente
Coração tão branco – mas repito que não defrauda, de maneira nenhuma.
Depois
de no mês de abril não ter cedido à tentação e não ter comprado nem um
livrinho, este mês pequei muito pouquinho, já que apenas adquiri mais uma obra
de Kate Morton – O segredo da casa de
Riverton – e os meus “homens” ofereceram-me no dia da mãe Cartas à mulher do meu futuro, de
Péter Gardós. São duas obras que moravam na minha wishlist e que agora já moram na minha estante J A ver vamos quando a ordem
cronológica ditará que os leia J
Deixo-vos
por fim os links para acederem às opiniões completas das leituras de maio:
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