Hoje
termina a Feira do Livro de Lisboa. Ontem terminou a de Madrid. E eu não fui a
nenhuma delas… Se a questão monetária não pesasse na hora de tomar qualquer
decisão, nem teria hesitado – teria apanhado o comboio ou o avião e ter-me-ia submergido
nos seus corredores repletos de stands a abarrotar de livros que me pediriam
para trazê-los para casa…
Não
vale a pena iludir-me com a “converseta” de que em setembro haverá Feira do
Livro no Porto, porque não há comparação possível entre a que hoje em dia se
organiza nos Jardins do Palácio e aquelas que todos os anos têm lugar no Parque
Eduardo VII e no Parque do Retiro. Basta olhar para os números que nos informam
das editoras participantes e correspondentes stands. E mais não digo.
Como
tal, tenho a perfeita noção de que aquele prazer embriagador que me movia em
anos passados sempre que punha os pés nas antigas edições da Feira do Livro do
Porto (a que era levada a cabo em maio, organizada pela APEL) só o voltarei a
sentir quando puder finalmente conhecer a deliciosa magnitude das Feiras de
Lisboa e/ou de Madrid. Por tudo. Porque sei que será aí que a oferta me deixará
tonta de felicidade, de indecisão, de oferta esmagadora e de angústia por não
ser capaz de me vir embora com os braços carregadinhos de todos os livros que
tanto quero ter em minha casa…
É
óbvio que aquilo que o N. diz a toda a hora faz muito sentido – “O dinheiro que
gastarias em viagem, seja para ir a Lisboa, seja para ir a Madrid, é mais do
que suficiente para entrares numa livraria qualquer e vires de lá com uma saca
cheia.”. Contudo, quem, como eu, experiencia sentimentos inebriantes, febris,
de frémito indescritível sempre que se vê rodeada por infinitas possibilidades
de soterrar-se em pilhas e pilhas de livros, respirando o ambiente único de um
certame literário como uma Feira do Livro (onde todos amamos os livros) sabe do
que falo e sabe que não é a mesma coisa. É uma substituição que nos satisfaz ao
longo de todo o ano, mas que não nos sacia nesta particular época.
Para
agravar a azia, hoje é a segunda segunda-feira do mês, o que significa que a
Bertrand está com descontos de 20% a 50%, mas apenas em livros que tenham sido
editados há mais de 18 meses, segundo a malfadada lei que saiu há uns tempos e
que proíbe que um desconto superior a 10% seja feito em novidades. Tenho na
minha wishlist um ou outro livro que poderia comprar com esses 20% de desconto,
mas não me encheriam as medidas, não hoje (ninguém me aguenta quando estou com “azia
literária” L). Quero aqueles que ainda ontem “cheirei”
e “acariciei” na FNAC ou outros que me piscam o olho através dos blogues que
vou seguindo:
§
Gramática do medo, de Maria Manuel Viana e Patrícia
Reis
§
História de um cão chamado Leal, de Luís Sepúlveda
§
O livro, de Zoran Zivkovic
§
A biblioteca, de Zoran Zivkovic
§
O rouxinol, de Kristin Hannah
§
As vozes do rio Pamano, de Jaume Cabré
Enfim,
não é difícil adivinhar que a frustração reina por estes lados… Resta-me afogar
as mágoas “perdendo-me” nas páginas do livro que tão boa companhia me tem
feito. Estou perto de encerrar a tetralogia de Elena Ferrante e apesar de a
história ser bruta, sem comedimentos, com uma realidade crua, respiro de
sossego, de prazer cúmplice enquanto vou desfolhando páginas de muito boa
literatura. Assim, aniquilo a “azia literária” com o remédio mais eficaz que
conheço – uma boa e suculenta leitura J
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