Mágoas da escola, de Daniel Pennac


Ficha técnica
Título – Mágoas da escola
Autor – Daniel Pennac
Editora – Porto Editora
Páginas – 253
Datas de leitura – de 10 a 18 de agosto de 2016

Opinião
Agosto. Mês de descanso para todos os professores. Ou quase todos. E eu não fujo à regra.
Agosto. Mês no qual é proibido pensar na escola, em horários, em testes para corrigir, em turmas e alunos. Contudo, a lotaria que está por detrás das minhas leituras cronológicas ditou que em pleno mês de lazer e descanso me tocasse esta obra que aborda, sob o ponto de vista do seu autor, o mundo da escola e dos alunos, sobretudo aqueles que se veem em sérios apuros para aprovar os mais variados anos de escolaridade.
Reconheço que foi uma “tertúlia literária entre colegas de escola” (na qual tive a sorte de participar há um ano atrás) que me aguçou o apetite de querer ler os desabafos do autor, ele próprio um “cábula”, ou seja, um mau aluno desde tenra idade, mas que teve a sorte de ser acarinhado por um pequeno punhado de professores e transformar-se também ele num professor em busca de lançar uma boia de salvação a todos os “maus” alunos com quem foi trabalhando ao longo da carreira. Reconheço igualmente que sabia que esta obra obviamente abordaria a experiência pessoal de um aluno com muitas dificuldades em compreender e assimilar as várias matérias do seu currículo. Mas reconheço por fim que não estava à espera de um texto tão dissertativo, que maioritariamente faz reflexões sobre alunos, professores, pais, sistema educativo e sociedade em geral e minoritariamente narra as atribulações de Daniel Pennac, mau aluno enquanto criança, adolescente, jovem e de Daniel Pennac, professor.
É uma obra muita ternurenta, sincera, recheada de apontamentos que tocam o coração de quem está (e não só) diretamente envolvido no complexo mundo escolar, oferece-nos uma visão abrangente dos últimos anos da educação francesa – nada longe do que se passa nas nossas escolas – mas, por puras questões pessoais, preferiria menos dissertação e mais narrativa… preferiria mais percalços e apontamentos da vida de Daniel e menos reflexões sobre o que pode rotular um mau aluno, um mau professor ou o que é preciso mudar no mundo da nossa educação escolar.
Sendo assim, e reiterando que esta é apenas a minha opinião pessoal, que vale o que vale, a viagem pelas Mágoas da escola, de Daniel Pennac, foi uma mescla de sorrisos e de algum enfado, consequência da resistência que votei a um texto dissertativo em dias de descanso, lazer e “completo” afastamento de tudo o que se relacione com a escola e as obrigações a ela associadas.

NOTA – 6,5/10

Sinopse
Em Mágoas da Escola, Daniel Pennac aborda os problemas da escola e da educação desde um ponto de vista insólito - o ponto de vista do mau aluno. Pennac, que foi ele próprio um péssimo estudante, analisa a figura do cábula outorgando-lhe a nobreza que merece e restituindo-lhe a carga de angústia e dor que inevitavelmente o acompanha.
Misturando recordações autobiográficas e reflexões acerca da pedagogia e das disfunções da instituição escolar, sobre a dor de ser um mau estudante e a sede de aprendizagem, sobre o sentimento de exclusão e o amor ao ensino, Daniel Pennac oferece-nos, com humor e ternura, uma brilhante e saborosa lição de inteligência.

Mágoas da Escola é um livro único e irrepetível, que todos os pais e todos os professores não podem deixar de ler - e dar a ler.

8 comentários:

  1. Não conhecia este livro do Daniel Pennac mas fiquei com a sensação que a mensagem principal deste livro é semelhante à de "Como um Romance". É um livro magnífico que também recomendo a todos os leitores, pais e professores.
    Boas leituras!

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    1. Olá, Rita!
      Infelizmente nunca li "Como um romance"... Mas terei que dar-lhe uma oportunidade!
      Beijinhos e boas leituras!

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  2. Hum...se calhar não foi a melhor altura para lhe pegares...
    Eu tenho-o para ler há anos, desde que foi lançado cá. Na altura iniciei mas depois... ficou assim...

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    1. Sim... suspeito que não...
      Contudo, algo me diz que foi mais do que a altura pouco propícia... Confirmá-lo-ei quando ler a outra obra do autor - "Como um romance".
      Beijinhos e boas leituras!

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  3. "Como um Romance" não tem nada a ver. É um livro maravilhoso, para ler e reler. É dos meus favoritos. Verás!

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    1. Bom, lá vou ter que o ler ;) Com uma recomendação deste calibre, não me resta alternativa :)

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  4. Olá Ana,
    Há muito que tenho este livro para ler, mas nunca lhe peguei. Que bom que foi ler a tua opinião. Reacendeu esta minha vontade de o ler.
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Isa, espero bem que gostes, de preferência ainda mais do que eu, sobretudo porque sinto que não lhe devotei o apreço que merece e porque tens "um fraquinho" por livros de não-ficção. É uma boa aposta!
      Beijinhos e boas leituras.

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