Ficha técnica
Título – Cartas
a Palacio
Autor – Jorge Díaz
Editora – Debolsillo (Penguin)
Páginas – 560
Datas de leitura – de 30 de janeiro a 06 de fevereiro
de 2017
Opinião
Não
conhecia este autor, mas na última vez que estive em Espanha não resisti ao que
li na sinopse desta obra e tive que trazê-la para casa. Agora que acabei de
lê-la reconheço que foi uma boa aquisição, que me proporcionou uma leitura “entretenida”,
como dizem os espanhóis, mas não uma leitura fogosa, viciante e daquelas que
ficarão comigo por muito tempo. Pelos vistos terei que continuar a busca da
história que me arrebatará e que será a primeira a que atribuirei nota máxima
este ano…
Cartas a Palacio faz-nos recuar até ao princípio do
século XX e ao longo das suas quase 600 páginas presenciamos o assassinato do
Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, e que
despoletou o início da Primeira Grande Guerra, percorremos as ruas de Madrid e
as dependências do seu Palácio Real e acompanhamos a carnificina que foram os
quatro anos de Guerra mundial em cenários como as trincheiras, os campos de
prisioneiros e cidades diretamente afetadas como Paris e Berlim. Tudo isto
através de um considerável número de personagens que vão sentindo e vendo a sua
vida ser afetada pela contenda que dizimou milhões de pessoas.
Desse
considerável número de personagens faz parte o rei D. Afonso XIII de Espanha
que tudo fez para que o seu país não se envolvesse no conflito que ia avançando
fora das suas fronteiras. É uma das personagens principais da obra, é-nos caracterizado
como sendo mulherengo, amante da caça e da boa vida, mas ao mesmo tempo como
alguém detentor de um coração que não consegue ficar imune a uma carta escrita
por uma menina francesa que lhe suplica que a ajude a saber o que aconteceu ao
seu irmão, desaparecido em combate. Esta carta será o mote para que o monarca
mostre o seu lado humano e decida criar um escritório no Palácio Real que se
dedicará a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para ajudar as famílias que
tenham perdido alguém em combate e não saibam se o marido, filho, irmão, primo,
tio estão mortos, feridos ou foram feitos prisioneiros.
Nesse
escritório (la Oficina Pro-Cautivos),
trabalharão mais três protagonistas da obra – Álvaro Giner, amigo íntimo do
rei, Blanca Alerces que acaba de deixar o noivo plantado no altar, e Manuel
Campos, um homem simples e que defende ideais anarquistas, entre os quais a
abolição da monarquia. São três personagens que acompanharemos fielmente e por
quem não será difícil sentir carinho e interesse. Através delas deambularemos
por Madrid, conheceremos o seu lado abastado e aristocrático e também o seu
lado miserável e repleto de sofrimento, fome e doenças. Serão igualmente elas,
de forma direta ou não, que nos porão em contacto com um leque de personagens
mais secundárias mas que ajudam a manter a trama viva e a vontade de prosseguir
com uma leitura extensa.
Como
referi no início desta opinião, não sinto que ler esta obra tenha sido uma
perda de tempo. Pelo contrário. Saí dela mais enriquecida, com mais
conhecimentos sobre a Primeira Grande Guerra e sobre a Espanha da época. Senti
uma empatia imediata por muitas das personagens que dão um colorido deveras agradável
à trama. Contudo não posso deixar de afirmar que o facto de ter ficado a saber
que o autor, antes de dedicar-se à literatura, era guionista de séries de
televisão, vem confirmar um pressentimento e uma sensação que sempre estiveram
presentes ao longo da leitura – queria mais profundidade psicológica na
caracterização, atitudes, pensamentos e amores das personagens, queria menos
previsibilidade e, por que não, queria um desfecho melhor, menos evidente, “apressado”
e menos cor-de-rosa.
Tenho
na wishlist outra obra do autor, uma
que, entretanto, já faz parte da minha biblioteca digital (obrigada, Cristina
Tista) – Tengo en mí todos los sueños
del mundo – e, por muito que Cartas
a Palacio não tenha correspondido ao que almejava, não vou deixar de
ler o seu sucessor, pois, quem sabe, pode oferecer momentos de muito entusiasmo
e deleite! A ver vamos. Não vale a pena elevar demasiado as expectativas.
NOTA –
08/10
Sinopse
Una
ambiciosa novela de amistad, amor y guerra en la Europa de principios del siglo
XX, que cuenta la primera misión humanitaria de la historia.
Malos
presagios se ciernen sobre el corazón de Europa. Se acerca el final del año más
triste que se recuerda, la guerra finalmente ha estallado y avanza sin piedad
sembrando el continente de muertos y heridos, cuando al Palacio Real llega una
carta que remueve profundamente el ánimo del rey: una niña francesa suplica su
ayuda para dar con el paradero de su hermano, desaparecido en el frente.
Alfonso XIII, conmovido por tal petición, emplea la diplomacia española para
saber de la suerte del hermano de la pequeña Sylvie, pero su acción navideña
tiene consecuencias imprevistas y provoca la llegada de un alud de solicitudes
a palacio. Impresionado por la magnitud de la tragedia, el monarca reúne a un
excepcional grupo de colaboradores y pone en marcha la Oficina Pro- Cautivos,
donde buscarán el modo de dar respuesta a esas familias rotas por la guerra,
desesperadas por encontrar a sus seres queridos. Inspirada en un hecho real, Cartas
a Palacio recrea un momento histórico fascinante.
Olá Ana,
ResponderEliminarDesconhecia o autor e o livro.
Parece um livro interessante. Recentemente descobri que começo a gostar deste género de livros :)
Beijinhos e boas leituras
Mais uma vez um autor e livro que não estão acessíveis aos portugueses...
EliminarOs romances históricos são dos preferidos cá em casa e por isso recomendo-te que continues a descobri-los!
Beijinhos e leituras muito saborosas!
Muito obrigado pela sua menção ao meu livro. Pode imaginar quanto eu gostaria de que meus romances fossem publicados em português, a língua da minha família. Tal vez algum día...
ResponderEliminarQué alegría y qué ilusión recibir un comentario suyo, Jorge! Le agradezco de verdad su visita a mi rincón y me he puesto todavía más contenta por saber está unido a Portugal de forma tan especial!
EliminarEspero realmente que su sueño se cumpla y que todos los portugueses puedan pronto disfrutar de sus obras. A mi marido, por ejemplo, le encantaría.
Muchas gracias por haber estado aquí y vuelva siempre!
Sigo con ganas de leerlo y lo haré brevemente con "Tengo en mí todos los sueños del mundo"!
Cordiales saludos!
Tomara que você goste. Meus comprimentos.
ResponderEliminarGracias, Jorge!
EliminarSaludos y hasta pronto!