Cinco
livros lidos. Quatro de autores portugueses e outro que encerrou uma tetralogia
que já me acompanhava há quase um ano. Duas leituras perfeitas, uma desilusão.
Abri
o mês com uma reconciliação. Em teu
ventre reconciliou-me com José Luís Peixoto, com quem andava de
relações quase cortadas. Apelou ao meu instinto maternal, adoçou o meu
ceticismo e ateísmo face aos milagres de Fátima e conquistou-me com a riqueza
de uma linguagem que me sussurra, enleva e embala, como tenho que admitir que
só alguns autores conseguem fazer.
História da menina
perdida encerra a
aclamada tetralogia de Elena Ferrante e deixou-me um sabor agridoce, já que,
por um lado, pude finalmente saber o que se passou com Lina (desaparecida –
enquanto mulher já avançadota na idade – desde as primeiras páginas do volume
um), mas, por outro, com o desfecho caiu-me a ficha – não vai haver mais nenhum
volume a publicar brevemente, a Lena e a Lina passarão a acenar-me apenas da
estante e só poderei estar com elas de novo se me lançar numa releitura da sua
amizade genial.
Ambas
as mãos sobre o corpo foi uma desilusão. Emprestada pela minha querida Nancy
(ainda bem que foi empréstimo e não desperdício de dinheiro…), esta obra é
demasiado densa, com uma linguagem poética que raia – pelo menos para mim – a
incompreensão que abunda em alguma poesia que prefiro não ler. A sua autora é
sobretudo conhecida pelas suas criações poéticas e transferiu para este romance
(o primeiro que escreveu enquanto tal) tudo aquilo que não me agrada nada na
linguagem em verso…
Depois
de uma desilusão, caíram nas minhas mãos duas obras deliciosamente perfeitas J
Arquipélago já habitava a minha estante desde
fevereiro, mas só no final deste mês se mudou para a minha mesinha de
cabeceira. Sabia pelo que havia lido na blogosfera e afins que iria ler uma
obra que seguramente me cativaria. Por essa razão, parti para a sua leitura com
algumas expetativas e, para minha felicidade, as mesmas foram amplamente
ultrapassadas, pois das mãos e criatividade de Joel Neto saiu uma obra que nos
preenche e nos faz vibrar com o seu lado mágico, místico, histórico e com um
punhado de personagens envolventes e a quem não queremos dizer adeus. E a sua
ação passa-se na Terceira, nesse bocadinho de paraíso plantado no meio do
Atlântico!
Fechei
o mês com outra obra que rebenta a escala da perfeição. Contos de cães e maus lobos são doze pequeninas histórias de
puro encantamento, escritas por um autor que em tudo o que escreve brinca da
forma mais doce e mais bela com a nossa língua, provocando no leitor uma
amálgama de sentimentos que é sinónimo de genialidade e de um prazer que só a
literatura, a boa literatura é capaz de oferecer.
Como
dei conta na publicação “Desabafos
intercalados com títulos de obras que muito me apetecem”, não fui à Feira
do Livro de Lisboa nem à de Madrid. Ora, isso provocou-me alguma azia literária
e só consegui “kompensá-la” da única forma possível – pecando quase lascivamente
J Aproveitando promoções, engordei a
estante cá de casa com seis novos moradores. E desta vez foi magnânima, porque
desses seis, dois são exclusivamente para o maridinho!
Diretamente
da wishlist para a estante, viajaram Uma
história de amor e trevas, de Amos Oz, uma obra autobiográfica e cuja
sinopse é viciante para quem é viciada em tudo o que se relaciona com a Segunda
Guerra Mundial; A senda estreita para
o norte profundo, de Richard Flanagan, outro retrato do conflito de
39-45 e recomendadíssimo por Miss Lamora do blogue O imaginário dos livros; Que
importa a fúria do mar, de Ana Margarida Carvalho, romance de estreia
da autora, finalista do prémio Leya de 2012 e que nos traz uma história de amor
que atravessa o regime de Salazar e Portugal e Cabo Verde; Gramática do medo, de Maria Manuel Viana e Patrícia Reis,
última criação de uma das minhas autoras portuguesas favoritas e que faz
mergulhar numa viagem simultaneamente interior e geográfica.
De
todas estas obras espero, anseio por viagens ficcionais que me arrebatem e me
façam vibrar todas as fibras literárias que me habitam.
Ao
maridinho ofereci a continuação de duas viagens que o estão a deixar
entusiasmadíssimo – O pavilhão púrpura,
de José Rodrigues dos Santos e Assim
nasceu Portugal (volume II) – a vitória do imperador, de Domingos
Amaral.
Como
é habitual, termino este balanço com os links que permitem aceder às opiniões
completas das leituras de junho:
Olá Ana,
ResponderEliminarQue mês tão bom!! Mesmo com desilusões, afinal elas fazem parte apesar de nos querermos afastadas delas :)
Venham mais assim.
Beijinhos e boas leituras
Oi, Isa!
ResponderEliminarFoi um belo mês, em todos os sentidos, mesmo com as desilusões, como bem dizes!
Venham outros!
Beijinhos e boas leituras.
Que importa a fúria do mar e Gramática do medo já li e gostei bastante. Entretanto comecei Uma história de amor e trevas...
ResponderEliminarEstou mesmo muito curiosa com as três obras! Vou cuscar as tuas opiniões sobre as duas primeiras e fico à espera do que dirás sobre a terceira ;)
EliminarQuase duzentas páginas lidas. Alguns sentimentos contraditórios. Mas a certeza de estar perante um extraordinário escritor.
ResponderEliminarUiiiii, que me estás a fazer crescer água na boca! Crescem as expetativas!
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