Título – Lo que no tiene nombre
Autora – Piedad Bonnett
Editora
– Alfaguara (edição Kindle)
Páginas
– 112
Datas
de leitura – de 1 a 3 de janeiro de 2017
Opinião
A dor de perder um filho não tem nome,
não consegue ser nomeada. Quando fico a par de notícias de pais que perdem um
filho, que lhes é arrancado dos braços pela morte, de imediato uma couraça se
levanta e protege-me. Não dou tempo à razão ou a sentimento de assimilar
semelhante dor, reajo expulsando-a e afugentando-a para lugares muito remotos e
inacessíveis.
Contudo, tenho um comportamento
completamente distinto quando se trata de literatura, de ler obras que abordam
a morte, inclusive a morte de um filho. Li há muitos anos Paula, de Isabel Allende e pretendo relê-lo em breve. Não
hesitei quando tropecei em referências a esta obra de uma escritora colombiana
que não conhecia, mas que, tal como a sua congénere chilena, havia
experienciado essa dor sem nome, essa dor que nenhuma mãe ou pai quer experienciar.
Em pouco mais de cem páginas, Piedad
Bonnett deixa-nos entrar no que tem de mais íntimo e partilha com o leitor o
suicídio do seu filho Daniel, que contava com apenas 28 anos, mas cuja vida e
demónios internos o levaram a desistir de viver e a buscar a paz na morte. A
obra relata-nos como, quando e onde foi o seu suicídio, permite que conheçamos
um pouco a sua vida, como era Daniel e aquilo que lhe amargou a existência de
tal forma que só a morte se lhe apresentou como solução para tudo. Mas, sendo
escrita na primeira pessoa, sendo a narradora a própria Piedad, faz com que
compreendamos que a escrita foi um dos refúgios da autora, a companhia e
veículo ideais para expor a dor, o desconcerto, o estupor e as dúvidas,
incertezas e perguntas que a assolaram após a perda abrupta de um filho amado.
Sendo assim, a obra revela-se uma ode a
Daniel e ao mesmo tempo um tributo a todos os tabus que rodeiam a morte, sobretudo
aquela que alguém busca por iniciativa própria. Revela ainda a amálgama de
sentimentos contraditórios que assolam um progenitor cujo filho se mata –compreensão
seguida de aturdimento, de incompreensão, de procura de respostas, de aceitação
seguida de recusa, de rejeição, de dor seguida de dormência, de transtorno
seguido de serenidade.
Não é uma obra que puxa pela lágrima
fácil. Se fosse, eu teria chorado baba e ranho e nem uma lágrima verti. Mas é
um texto muito dorido e ao mesmo tempo que tenta buscar respostas racionais, “objetivas”
para algo que será sempre inenarrável, inexprimível. Um espelho de uma dor
muito sua, muito desta mãe, mas que eu, como progenitora posso tentar (embora a
repila de imediato se a associo à minha vida) imaginar.
Fica agora ao vosso critério se a
querem conhecer.
NOTA – 08/10
Sinopse
¿Hasta dónde puede llegar la literatura? En este
libro dedicado a la vida y la muerte de su hijo Daniel, Piedad Bonnett alcanza
con las palabras los lugares más extremos de la existencia.
Olá Ana,
ResponderEliminarQue tema duro de se ler. Apesar de me teres despertado a atenção ara este livro e o da Isabel Allende tenho medo do que vou sentir.
Este livro não está editado portugal, pois não?
Beijinhos e boas leituras
Oi, Isa!
EliminarNão, este não esta éditado em Portugal, pelo menos que eu saiba. Não te oferece uma leitura nada fácil, sobretudo enquanto mãe... Fica ao teu critério se queres arriscar na sua leitura... Com este género de obras, nunca sei se as devo recomendar... O leitor é que sabe!
Beijinhos e leituras mais suaves do que esta!
Olá Ana
ResponderEliminar"Paula" foi das minhas últimas leituras de 2016, mas foi muito boa. Este livro parece-me igualmente bom.
Beijinhos e boas leituras
"Paula" está há tempos a pedir que a retire da estante para uma releitura - a ver se o faço em breve, pois agradou-me ainda mais do que esta obra de Piedad Bonnett.
EliminarBeijinhos e leituras com muito sabor!