O tempo
corre curto para leituras e acima de tudo para escrever sobre leituras. No mês
mais curto do ano li seis obras no total, umas compridinhas e outras bem
curtinhas. Voltei a intervalar obras adultas com obras infantis e obras
provenientes da minha estante com obras que vêm da biblioteca passar uns dias
cá em casa.
Ainda
não foi este mês que tive nas mãos uma narrativa que me arrebatasse. Li obras
que me deixaram bem quentinha, que me agasalharam e deixaram um travo de
saciedade, mas nenhuma delas merecedoras de nota máxima. Consequências de uma
exigência cada vez maior e que castra intenções e expectativas…
Abri
fevereiro lendo em espanhol e regressando aos ambientes bélicos que tanto me
apaixonam. Cartas a Palacio
parte da neutralidade de Espanha face ao conflito dos anos de 1914-1918 e de um
gabinete de ajuda a combatentes/refugiados e seus familiares que o rei D.
Afonso XIII criou após ter recebido uma carta de uma menina francesa a
pedir-lhe auxílio para saber o que havia acontecido ao seu irmão, desaparecido
em combate. A este contexto histórico, o autor acrescenta um punhado de
personagens fictícias que traz cor e vivacidade a uma narrativa interessante e
que cativa.
Seguindo
as recomendações de familiares e colegas de trabalho, entrei em grande no mundo
das letras de mais um belíssimo autor português – J. Rentes de Carvalho. Em Ernestina, a sua obra mais autobiográfica,
senti que o autor me pegou pela mão e me guiou numa viagem de volta à infância
e à adolescência de gentes do norte, de gentes simples, de gentes com pouca
escolaridade, de modos bruscos, de mimos rudes, mas que moldam a vida dos seus
descendentes de modo indelével.
A
terceira obra (e que viajou da biblioteca municipal cá para casa na companhia
de Ernestina) foi mais uma estreia. Já havia lido alguns artigos e citações de
Rosa Montero, mas nunca tinha pegado em nenhuma obra sua. Fi-lo então com a
coletânea de contos – Amantes e
Inimigos – e saboreei com tanto prazer alguns deles que tenho
futuramente de ler mais coisas escritas por esta autora.
A
última obra “adulta” lida em fevereiro também veio da biblioteca e foi outra
estreia. Trouxe-a baseando-me num impulso e não posso dizer que esteja
arrependida de ter seguido esse impulso, pois Segredos do Passado possui uma intriga suculenta, com uma
teia familiar que nos enreda e que nos faz querer não sair da mesma enquanto
não satisfizermos toda a nossa gula. É certo que a história protagonizada por
Claire e Roanie não me saciou completamente, não atingiu os patamares alcançados,
por exemplo, por obras de Kate Morton ou de Barbara e Stephanie Keating, mas
abriu portas do universo de uma autora que ainda não conhecia e que pretendo
continuar a conhecer.
Este
mês continuei a intercalar ficção adulta com ficção infantil. Prossegui na
leitura das peripécias futebolísticas de Rodrigo e Rafael, os heróis da coleção
que partilho com o filhote e aventurei-me, lendo em francês uma historiazinha
deliciosa de um ursinho e do seu barquito. Foi uma leitura ternurenta e ao
mesmo tempo desafiante porque deixei de contactar com a língua francesa há mais
de vinte anos e não sabia como a experiência iria correr. Contudo, admito que
entendi tudinho talvez porque Le petit
bateau de petit ours tem muito pouquinho texto, muitas ideias que se
vão repetindo e apenas 40 páginas, nas quais a ilustração é rainha e senhora.
No que
diz respeito aos últimos inquilinos da estante e que apenas moram nela há
poucos dias, há que referir que são bem menos do que aqueles que a habitam
desde janeiro. Também não seria de esperar outra coisa, tendo em conta o número
quase astronómico dos livros recebidos e adquiridos no primeiro mês do ano.
Sendo assim e aproveitando, por um lado, uma data festiva comum aos dois
adultos da casa e por outro, dicas preciosíssimas que tenho encontrado no
Goodreads, adquirimos dois livrinhos, pequenos em tamanho, mas que prometem
viagens muito apetitosas – O Retorno,
de Dulce Maria Cardoso, ao período conturbado do pós-25 de abril e das
consequentes independências das colónias portuguesas em África e O rapaz do caixote de madeira, de
Leon Leyson ao conflito que mais nos empolga, ou seja, aos tenebrosos anos da
Segunda Grande Guerra. Por fim, caiu na estante uma última “vítima”, resquício
do aniversário que celebrei em janeiro. O
pecado de Porto Negro, de Norberto Morais fazia parte da minha wishlist,
foi finalista do prémio Leya e promete uma narrativa fogosa, estimulante, com
histórias dentro da história e que de certeza vai exigir de mim, tal como eu
tanto gosto.
Balanço
feito. Com vários dias de atraso, mas feito. Espero que o vosso mês tenha sido
farto, que partilhem comigo essa fartura (farta ou não) e que março, que já
caminha determinado em direção a dias mais luminosos e mais quentes, seja
abençoado com leituras saborosas, inesquecíveis.
Deixo-vos, como é habitual, os links para acederem à opinião completa
das obras lidas este mês:
Mas 8/10 e 9/10 não é nada mau... As minhas duas últimas leituras estiveram bastantes furos abaixo, por isso, tive de ir comprar três apostas certas para me animar: O Czar do Amor e do Tecno, A Trégua e Nada. Já li a tua opinião destes dois últimos, por isso, estou cheia de fé!
ResponderEliminarLi o Retorno no ano passado e outros dois livros da Dulce Maria Cardoso e ela passou a ser a minha escritora portuguesa preferida. É tão crua e tão lírica ao mesmo tempo, é admirável!
Paula
Olá, Paula!
EliminarEu é que sou demasiado exigente e ando sempre à cata do 10/10... Mas já o encontrei e adivinha quem mo ofereceu?... Aquela autora genial de que tanto gostamos!
Espero que "Nada" e "A trégua" te encham as medidas! Também quero muito ler "O czar do amor e do tecno".
Se Dulce Maria Cardoso é a tua autora portuguesa preferida, mais vontadinha tenho de ler os romances dela!
Beijinhos e leituras muito saborosas!
Olá Ana,
ResponderEliminarFoi um mês muito bom. Conseguiste ler 6 livros. É muito bom.
E quero ler "O Retorno"!! Muito mesmo.
Depois quero saber da tua opinião. Aliás quero saber todas as tuas opiniões ;)
Beijinhos e boas leituras
Sim, Isa, foi um mês muito bom, tendo em conta a correria dos últimos tempos.
EliminarTens que esperar um pouquinho pelo que vou dizer sobre o "Retorno";). Só devo lê-lo daqui a uns meses. Mas sei que me vai agradar! Só espero que muito!
Beijinhos e leituras muito saborosas!