A biblioteca, de Zoran Zivkovic



Ficha técnica
TítuloA biblioteca
Autor – Zoran Zivkovic
Editora – Cavalo de Ferro
Páginas – 104
Datas de leitura – 01 a 02 de julho de 2018

Opinião
Esta é a quarta obra que leio das cinco que comprei o ano passado na FLL e é a segunda leitura para a maratona literária Bookbingo – leituras ao sol 2. Li-a para a categoria – Prémio literário estrangeiro.
A biblioteca, de Zoran Zivkovic ganhou o prémio World Fantasy Award e chegou à minha estante novamente pela “mão” e recomendação da Márcia Balsas e do seu Planeta. Fiquei tão extasiada e tão arrebatada com a sua opinião que, consciente ou inconscientemente, arrumei numa gavetinha pequenina do meu cérebro o facto de a obra ser de fantasia e de eu ser pouco adepta desse tipo de leituras. Mas adiante.
A obra está composta por seis contos cujos títulos têm a palavra “biblioteca”. Pressupus, ao observar o índice, que cada conto seria uma porta de entrada para esse lugar mágico e que, ainda hoje, me deixa de sorriso parvinho na cara e de olhos a brilharem de pura alegria. Fantasiei e projetei noites encerrada em bibliotecas, estantes e estantes que parecem não ter fim e, por que não, recordando O cemitério dos livros esquecidos da saga de Zafón, uma biblioteca secretíssima, onde moram livros esquecidos, livros malditos e livros que apenas querem ser folheados uma vez mais. Resumindo, criei as minhas próprias fantasias e, aliando-as ao que já referi, isto é, que o género fantástico não é o que mais me enche as medidas, deparei comigo mesma algo defraudada e dececionada com todos os contos da obra, pois nenhum deles me deslumbrou, nem mesmo aquele que se intitula “Biblioteca particular” (no qual o narrador, sempre que abre a caixa de correio, constata que lá dentro se encontra um livro novo) ou o que tem como título “Biblioteca nocturna”, que foi ao encontro das minhas fantasias iniciais e fez com que o narrador ficasse fechado dentro da biblioteca municipal, após o seu encerramento. Senti que o autor não trabalhou (pelo menos, para mim) a premissa destes dois contos como o deveria ter feito, pois que livrólico ou bibliófilo não ficaria histérico perante uma caixa de correio que “vomita” livros sempre que a abrimos (caramba, quem me dera que a minha fizesse isso e poderia apenas fazê-lo semanalmente, que me sentiria a mulher mais feliz do prédio, do país e talvez do planeta) ou perante a perspetiva de ter uma biblioteca municipal só para si por uma noite? Porém, o autor não me ouviu e tratou apenas de pôr o protagonista do primeiro conto a amontoar mecanicamente os livros que retirava da caixa do correio nos espaços livros do seu minúsculo apartamento e a arranjar-lhes mais espaço, deslocando móveis para a garagem. Quanto ao protagonista do segundo conto que mencionei, fica assustadíssimo ao constatar que na biblioteca onde ficou fechado há um livro onde estão anotados todos os factos e movimentos (importantes e insignificantes) da sua vida e só quer sair daquele espaço o mais rápido possível…
Dos restantes quatro contos gostei ainda menos, à exceção do que se chama “Biblioteca infernal”, que relata a chegada ao inferno de todos os que morreram e que terão como castigo (ou terapia) ler todos os dias e assim tentarem redimir-se dos seus pecados. Concordam comigo que é uma ideia genial, não é? Embora obrigar a ler quem não o quer nem sempre dê bons resultados…
Tenho mesmo muita pena de não ter usufruído desta leitura como gostaria, mas, ainda assim, não deixo de recomendá-la para quem aprecie o género e adore bibliotecas, privadas ou públicas. Se espreitarem as opiniões e classificações no Goodreads que outros leitores deram a esta obra, poderão comprovar que todas são muito positivas e encorajadoras. Por isso, não é minha intenção afastar-vos deste livrinho nem de outros do autor. Eu ainda tenho mais dele para ler – O livro – e tenciono lê-lo em breve.

NOTA – 06/10

Sinopse
Livro vencedor do prestigiado World Fantasy Award, A biblioteca reúne seis histórias fantásticas ligadas à bibliofilia, fazendo-nos pensar em Jorge Luis Borges e na sua biblioteca infinita, mas também no universo de Kafka ou de Umberto Eco.
No conto de abertura, um escritor descobre um site onde todos os seus livros, inclusive os que ainda não escreveu, se podem consultar; num outro, uma comum biblioteca transforma-se durante a noite num arquivo de almas; noutro, ainda, o Diabo decide estabelecer os níveis da literacia infernal...

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