El invierno en tu rostro, de Carla Montero



Ficha técnica
TítuloEl invierno en tu rostro
Autora – Carla Montero
Editora – Penguin Random House
Páginas – 766
Datas de leitura – 24 de julho a 01 de agosto de 2018

Opinião
Voltei às leituras em espanhol e com um dos maiores e esteticamente mais bonitos calhamaços que “enchem” a minha estante. E, como acontece quase sempre que leio na “minha segunda língua”, recuei no passado e “aterrei” nos anos mais negros da História recente de Espanha.
A narrativa arranca em junho de 1927 e entramos na casa humilde da família de Lena e Guillén Álvarez, dois adolescentes que pertencem à mesma família porque os seus pais se casaram um com o outro depois de enviuvarem. Vivem nas escarpas dos Pirenéus uma infância recheada de muito trabalho, alguns tabefes, e religiosidade rigorosa que é subitamente abalada por um avião francês que se despenha. É Guillén, pastor de cabras, que acaba por descobrir o local exato onde perderam a vida os aviadores e será por essa descoberta que a viúva de um deles o quererá recompensar, levando-o consigo para França e dando-lhe, assim, uma educação e condições de vida às quais ele nunca poderia aspirar se se mantivesse em casa da sua família. Quem mais sofre com essa ida é a sua mãe, Balbina, e Lena, a irmã com quem Guillén tinha uma maior proximidade.
Os anos passam, Guillén transforma-se num jovem culto, educado e que se move habilmente na alta sociedade. Tem uma vida quase perfeita, que augura um futuro muito promissor e até as estrelas do amor estão ao seu lado quando compreende que o amor que sente por Lena lhe é correspondido. Contudo, estala a Guerra Civil em Espanha e este horrível conflito levá-los-á a defender ideais opostos e a posicionar-se nos dois lados contrários da contenda. Essa cisão não se limitará à guerra espanhola e estender-se-á nos anos consequentes levando-os, a ele como membro da Resistência francesa, espião e outros mesteres e a ela, como enfermeira da Divisão Azul e da Cruz Vermelha, a participarem na Segunda Grande Guerra.
El invierno en tu rostro fez-me viajar por todos esses anos dolorosos de morte e sofrimento. Levou-me a vários locais de Espanha, França, Alemanha, Rússia, Polónia e Tânger. Possibilitou-me uma convivência deveras interessante com um leque muito variado de personagens fictícias e reais. Porém, senti que a vasta experiência que tenho de leituras relacionadas com estes temas bélicos “ensombrou” a minha estreia nas letras desta autora e fez com que não me tivesse entregado de corpo e alma à história dos “hermanastros”, ao amor que os ligava e, principalmente, a uma narrativa primorosamente bem documentada e baseada em testemunhos verídicos.
Numa espécie de posfácio, Carla Montero explica o quão foi para si especial escrever El invierno en tu rostro. Partilha connosco que a correspondente narrativa germinou de muitos testemunhos de familiares seus que viveram em primeira mão os anos sangrentos da Guerra Civil e de acontecimentos verídicos, como a queda do avião francês nos Pirenéus. É perfeitamente visível, nas suas palavras, que o processo de criação da obra e a correspondente publicação foram muitíssimo especiais e compreendi que à autora aconteceu-lhe o mesmo que me acontece a mim quando vibro com um esmagador frenesim com uma leitura em particular e acabo por escrever um texto longuíssimo com a respetiva opinião. O assunto é-nos tão caro, tão nosso, que queremos à viva-força partilhá-lo, falando de tudo, de todos os pormenores que nos deliciaram e não nos damos conta que, por vezes, o que é demais molesta… Foi precisamente isso que se foi instalando em mim à medida que a leitura ia progredindo. Como já referi, a documentação histórica é preciosa, a contextualização também, mas estamos perante uma narrativa de ficção, que arranca com uma entusiasmante história de amor que acaba, infelizmente, por perder bastante protagonismo face a todo o lado histórico da trama. Sim, sei que é um romance histórico, mas se a autora lhe tivesse cortado algumas páginas onde abundam reviravoltas e pedaços de História, a leitura teria sido mais fluída e mais entusiasmante…
Resumindo e para não me alongar demasiado 😉, não posso dizer que não tenha gostado desta leitura. Gostei, mas sei que poderia ter gostado mais. No entanto, pretendo, se a oportunidade surgir, ler mais obras da autora, porque Carla Montero escreve muito bem e mostra ter em si tudo o que é necessário para criar uma bela história.
Sei que esta obra não está traduzida nem publicada no nosso país. Por isso, recomendo-a a quem se move bem nas letras espanholas e tenha um fraquinho por literatura mais histórica.

Esta foi a sétima leitura que fiz para a maratona literária – Bookbingo – Leituras ao sol 2 e foi para a categoria Livro escrito por uma mulher.

NOTA – 07/10

Sinopse
Aventura, amor y guerra en el tablero de ajedrez del cruento siglo XX: la novela más personal de la autora de La Tabla Esmeralda.
 En un pueblo de montaña los hermanastros Lena y Guillén viven una existencia sencilla y tranquila. Ambos están muy unidos y apenas conciben la vida el uno sin el otro. Sin embargo, algo tan inesperado como extraordinario sucede y se ven obligados a separarse. Con los años y la distancia aquella complicidad infantil se convierte en amor juvenil alimentado con un encuentro esporádico y cientos de cartas.
El estallido de la Guerra Civil sorprende a Lena en Oviedo y a Guillén en Francia, quien, angustiado por la suerte de la mujer que ama, inicia un arriesgado viaje a través de un país asolado por la contienda para reunirse con ella. Sin embargo, la guerra pone a prueba su amor: Lena se ha convertido en enfermera voluntaria del bando sublevado y resiste en una ciudad sitiada por las fuerzas republicanas; Guillén forma parte de esas fuerzas que estrangulan la ciudad.
Más tarde, Lena y Guillén vivirán de primera mano los acontecimientos de la Segunda Guerra Mundial y seguirán en bandos opuestos: él en la resistencia contra el nazismo y ella como enfermera de la División Azul. Y aunque sus destinos volverán a cruzarse tanto en la Varsovia aplastada por los nazis como en la exuberante Tánger de los años cuarenta o en el dramático escenario de la posguerra española, siempre estarán condenados a enfrentarse al mismo dilema: ¿Cómo pueden amarse cuando sus voluntades políticas y sus trayectorias vitales han tomado caminos tan distintos?

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