Segunda-feira, 07 de julho de 2014
À partida, A rapariga que roubava livros oferecia todos os ingrediente
para prender a minha atenção - o título (como é que uma livrólica como eu
poderia resistir-lhe?...); a ação passada na 2a Guerra Mundial; o alusão ao
campo de concentração de Dachau (o único que já visitei até hoje e que me tocou
de uma forma penosamente triste); o narrador, ou melhor, a narradora - morte
(que me levou a recordar, uma vez mais, o meu Saramago e as suas Intermitências da Morte) e o amor aos livros, sim, o amor aos livros
que faz com que a minha vida tenha um sabor tão mais docinho :)
E as expetativas que esses
ingredientes criaram foram amplamente suplantadas - Markus Zuzak escreveu uma
obra que nos toca! Toca-nos com as personagens e os laços que as prendem,
toca-nos com os pormenores que são narrados e desenhados com uma extrema
delicadeza e toca-nos com as palavras, com o poder das palavras, que está na
base de tudo, já que as palavras, as "adoráveis sacanas" palavras
tudo podem, tudo geram, vida e ações que nos fazem felizes, que nos acalmam,
nos acarinham, mas que também podem destruir, matar, aniquilar tudo o que
conhecemos até então.
A rapariga que roubava livros conta-nos a história de Liesel,
que, desde 1939 até ao final da Guerra, vive com os seus pais adotivos no nº 33
da rua Himmel (que significa "céu"), na parte pobre da cidade
Munique. É aí que desenvolve uma amizade (como só podem ser as amizades entre
adolescentes) com Rudy, um vizinho que idolatra o atleta negro Jesse Owerns,
que aprende a amar Hans e Rosa, os seus "novos" pais e que conhece um
jovem judeu, Max, que aparece nas suas vidas devido a uma promessa antiga de
Hans, feita à família de Max, logo após a 1a Grande Guerra. Entre Max e Liesel
nascerá uma linda e eterna amizade que alimentará ainda mais o amor da pequena
ladra de livros pela leitura e, mais tarde, pela escrita.
A guerra nunca deixa de estar
presente na história e será ela que nos conduzirá ao seu final que poderemos
considerar inevitavelmente trágico e que me marcou muito... Chorei
convulsivamente ao ler as últimas páginas, não só porque, mais uma vez, não
consigo conceber como é que os humanos foram capazes de TAMANHA BARBARIDADE,
mas também porque as emoções que essas páginas despoletam são demasiado
fortes... o poder das palavras é mesmo extraordinário - são, tal como nos diz
Liesel "adoráveis sacanas", fazem-nos felizes, saciam-nos e levam o
nosso imaginário a todo o lado!...
Enfim, só posso dizer que valeu a
pena ler este livro! :) :)
Gostamos da tua ideia e do seu conteúdo!
ResponderEliminarIremos certamente acompanhar o teu projeto e as tuas leituras.
Um beijo de Campo