Sábado, 29 de janeiro de 2011
"Em 1974, uma revolução em Lisboa
apanha de surpresa centenas de milhares de portugueses que vivem em Angola. A
partir desse dia inicia-se a derrocada imparável de uma sociedade inteira que,
tal como um navio a afundar-se, está condenada à destruição e à ruína. Em
escassos meses, trezentos mil portugueses são obrigados a largar tudo e a
fugir, embarcando numa ponte aérea e marítima que marca o maior êxodo da
história deste povo. Para trás ficam as suas casas, os carros e até os animais
de estimação. Empresas, fábricas, comércio e fazendas são abandonados enquanto
Luanda, a capital da joia da coroa do império português, é abalada por uma
guerra civil que alastra ao resto do território angolano. Três movimentos de
libertação, cujos exércitos estavam derrotados a 25 de Abril de 1974, estão
novamente ativos e combatem entre eles pelo poder deixado vazio pelas Forças
Armadas portuguesas. É neste cenário de total desorientação social e de
insegurança generalizada que Nuno, um aventureiro que há anos atravessa os céus
do sertão angolano no seu avião, Regina e o filho de ambos se movem, numa
extraordinária luta para sobreviverem à violência diária, às perseguições
políticas, às intrigas e traições que fazem de Luanda uma cidade desesperada.
Esta é a história de coragem e abnegação de um casal surpreendido, tal como
milhares de outros, num processo de degradação que se deve à recusa do Exército
em defender os seus próprios compatriotas a favor de um movimento até há pouco
inimigo, ao desinteresse dos políticos, à total incapacidade do governo de
Lisboa para impor os termos de um acordo assinado no Alvor e constantemente
violado em Angola e à intervenção militar das duas potências mundiais
envolvidas numa guerra fria que é combatida por intermédio dos exércitos
regionais."
Tiago Rebelo volta a oferecer-nos uma
história empolgante, de leitura fácil e que, a mim, para além do gosto que me
deu lê-la, me ajudou a perceber muito melhor o processo de descolonização
angolana.
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