Quarta-feira, 09 de janeiro de 2013
Sinopse
"Alguém me disse uma vez que, só em França. duzentas
e cinquenta mil cartas são enviadas todos os anos aos mortos. O que ela não me
disse foi que, por vezes, os mortos respondem..."
Quando Vianne Rocher recebe uma dessas cartas, ela sente que a mão do
destino está a empurrá-la de volta a Lansquenet-sur-Tannes, a aldeia de Chocolate,
onde decidira nunca mais voltar. Passaram já oito anos, mas as memórias da sua
mágica chocolataria La Céleste Praline são ainda intensas. A viver
tranquilamente em Paris com o seu grande amor, Roux, e as duas filhas, Vianne
quebra a promessa que fizera a si própria e decide visitar a aldeia no sul de
França.
À primeira vista, tudo parece igual. As ruas de calçada, as pequenas
lojas e casinhas pitorescas... Mas Vianne pressente que algo se agita por
detrás daquela aparente serenidade. O ar está impregnado dos aromas exóticos
das especiarias e do chá de menta. Mulheres vestidas de negro passam fugazes
nas vielas. Os ventos do Ramadão trouxeram consigo uma comunidade muçulmana e,
com ela, a tão temida mudança. Mas é com a chegada de uma misteriosa mulher,
velada e acompanhada pela filha que as tensões no seio da comunidade aumentam.
E Vianne percebe que a sua estadia não vai ser tão curta quanto pensava. A sua
magia é mais necessária do que nunca!"
Opinião
Já aqui confessei que sou uma admiradora da obra de Joanne
Harris, que Chocolate, Cinco quartos de laranja ou A praia roubada foram romances
que me conquistaram plenamente. Contudo, também é verdade que houve outros que
me dececionaram. Um deles foi o segundo da série Chocolate - Sapatos de
Rebuçado - talvez porque Vianne Rocher não é a mesma personagem alegre,
confiante, destemida, aventureira que me encantou em Chocolate.
Sendo assim, foi com um pouco de reserva que retirei O Aroma das Especiarias da
estante, o abri e iniciei a sua leitura... Contudo, à medida que a leitura
prosseguia, tive que deitar essa reserva para trás das costas, porque voltei a
deleitar-me com os ingredientes que tanto me agradaram em Chocolate - a aldeia de Lansquenet-sur-Tannes, o tonto do cura Reynaud e, sobretudo, a "boa
e velha" Vianne Rocher de volta!
Tal como nos informa a sinopse,
Vianne regressa Lansquenet-sur-Tannes oito anos depois. Tudo parece estar exatamente
igual, mas há aromas distintos no ar e uma tensão palpável entre quem vive nas
duas margens do rio. Como não podia deixar de ser, a curiosa Vianne
intromete-se e será através dela, das suas tentativas de se aproximar, uma vez
mais, do cura Reynaud e da nova população islâmica instalada em Les Marauds que
entraremos nas suas vidas, nas razões que os levam a estar de costas voltadas e
compreenderemos que, mesmo numa pequenina e pacata aldeia do sul de França, as
diferenças entre credos e culturas, a violência que se comete contra as
mulheres são um espelho do que se passa em França e não só.
Resumindo, Joanne Harris voltou a
fascinar-me, a conquistar-me com o poder dos sentidos, os aromas, os ventos e,
ao mesmo tempo, abriu-me as portas de uma dura e atual realidade. Valeu a pena
abandonar as reservas que sentia desde a leitura de Sapatos de Rebuçado e deleitar-me com o volume que
encerra(?) a série Chocolate!
Gostei muito e recomendo!
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