Domingo, 24 de junho de 2012
Há uns meses atrás, partilhei aqui indícios fortes de que estava na hora de prestar homenagem a Jane Austen. E essa merecida homenagem iniciou-se em fevereiro, com a releitura de Persuasão. Foi também por essa altura que o meu maridinho me presenteou com 4 livros desta autora inglesa! Ora, já não havia mais desculpas para não continuar com a homenagem…
Sendo assim, o livro que se seguiu foi A Abadia de Northanger, publicado
após a morte da autora, apesar de ter sido o primeiro a ser terminado por ela.
Escrito para ser uma sátira ao género gótico, best-sellers do período, a narrativa é recheada de ironia e tiradas
sarcásticas tanto sobre a ingenuidade de sua personagem principal quanto a
ganância das outras personalidades criadas por sua pena. Tendo em mente o fato
de Jane Austen ser famosa pela criação de obras que prezavam por ordem,
controle e moralidade, por obras densas como “Orgulho e Preconceito”,
chega a ser surpreendente dar-nos conta do quanto sua imaginação – e sua pena –
eram afiadas.
Sinopse:
A Abadia de Northanger é considerado um dos trabalhos mais ligeiros e
divertidos de Jane Austen. De facto, para além dos ambientes aristocráticos da
fina-flor inglesa do século XVIII, encontramos aqui uma certa dose de ironia,
sátira e até comentário literário bem-humorado. Catherine Morland é porventura
a mais estúpida das heroínas de Austen. A própria insistência no termo
“heroína” ao longo da obra e a constatação recorrente do quão pouco este
epíteto se adequa à personagem central fazem parte da carga irónica da
história. E se Catherine é ingénua para lá do que seria aceitável, e o seu
amado Henry a personificação de todas as virtudes masculinas mais do que seria
saudável, a perfídia dos maus da fita - amigos falsos, interesseiros e fúteis –
não lhes fica atrás no exagero. Tudo isto seria deveras irritante não fora o
tom divertido com que Austen assume ao longo das duas partes que constituem
este livro o quão inverosímeis são as suas personagens… Acrescente-se a paródia
do romance gótico e do exagero em que induz as suas leitoras, e uma crítica
inteligente aos críticos que acusam o romance de ser fútil e “coisa de
mulheres”, e temos uma interessante historieta de amor, escrita com bastante
graça e capaz de ultrapassar a moralidade caduca que nos habituámos a esperar
da pena de Jane Austen.
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