Domingo, 18 de novembro de 2012
Sinopse
Esta
é a história de Crisóstomo que, chegando aos quarenta anos, lida com a tristeza
de não ter tido um filho. Do sonho de encontrar uma criança que o prolongue e
de outros inesperados encontros, nasce uma família inventada, mas tão pura e
fundamental como qualquer outra.
As
histórias do Crisóstomo e do Camilo, da Isaura do Antonino e da Matilde mostram
que para se ser feliz é preciso aceitar ser o que se pode, nunca deixando
contudo de acreditar que é possível estar e ser sempre melhor. As suas vidas
ilustram igualmente que o amor, sendo uma pacificação com a nossa natureza, tem
o poder de a transformar.
Tocando
em temas tão basilares à vida humana como o amor, a paternidade e a
família, O filho de mil homens exibe,
como sempre, a apurada sensibilidade e o esplendor criativo de Valter Hugo Mãe.
Opinião
Esta foi a minha estreia no mundo
literário de Valter Hugo Mãe! E que estreia! Adorei O filho de mil homens! É um livro muito afetivo, que vive
das emoções de várias personagens (como por exemplo o quarentão que queria um
filho, o filho da anã que fica órfão, a mulher enjeitada, o maricas, a mãe do
maricas), cujas vidas se entrecruzam e os levam a concluir que a felicidade
está ao alcance de nós e que, se quisermos, conseguimos estar e fazer melhor.
O livro está recheado de momentos e
passagens de uma beleza e sensibilidades às quais não conseguimos, de maneira
nenhuma, ficar indiferentes. Registo aqui trechos que são disso exemplo e que
me ficaram e ficarão na memória:
"Imaginava que um não leitor ia ao
médico e o médico o observava e dizia: você tem o colesterol a matá-lo, se
continuar assim não se salva. E o médico perguntava: tem abusado dos fritos,
dos ovos, você tem lido o suficiente. O paciente respondia: não, senhor doutor,
há quase um ano que não leio um livro, não gosto muito e dá-me preguiça. Então
o médico acrescentava: ah, fique pois sabendo que você ou lê urgentemente um
bom romance, ou então vemo-nos no seu funeral dentro de poucas semanas. O
caixão fechava-se como um livro. (...)
Quando percebeu o jogo, o Camilo disse ao
avô que havia de se notar na casa, a quem não lesse livros caía-lhe o tecto em
cima de podre. O velho Alfredo riu-se muito e respondeu: um bom livro, tem de
ser um bom livro. Um bom livro em favor de um corpo sem problemas de colesterol
e de uma casa com o tecto seguro. Parecia uma ideia com muita justiça."
“O
toque de alguém, dizia ele, é o verdadeiro lado de cá da pele. Quem não é
tocado não se cobre nunca, anda como nu. De ossos à mostra.”
“E amar uma pessoa é o destino do mundo”.
Bom, é oficial… Estou sem livros novos
para ler… Este magnífico romance de Valter Hugo Mãe era o último que tinha e,
como diz uma colega minha, “já o mamei”! Sendo assim, encontro-me numa situação
que já não me era familiar há muito… Contudo, tenho que ver o lado positivo
disto – tenho “montones” de livros para reler (desde os juvenis aos ditos
adultos) e, além disso, sendo agora sócia da Biblioteca Municipal cá da terra,
posso sempre requisitar os livros que lá existam J
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