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A louca da casa, de Rosa Montero


Ficha técnica
TítuloA louca da casa
Autora – Rosa Montero
Editora – Edições Asa
Páginas – 176
Datas de leitura – de 25 a 28 de junho de 2017



Opinião
Não sei bem como começar este texto… Tenho que descrever a minha experiência com este livro de Rosa Montero, com o terceiro livro que leio dela, e sinto-me bloqueada. Talvez porque é um livro que a própria sinopse aponta como sendo um livro híbrido, sem um género específico. Contudo, pensando melhor, essa não poderá ser a razão principal para o meu bloqueio, já que nada disso me aconteceu quando li e escrevi sobre a Ridícula ideia de não voltar a ver-te.
Refletindo um pouco mais, confesso que uma das razões estará relacionada com o facto de que não gostei tanto de A louca da casa como gostei do seu antecessor. Identifiquei-me mais com a Rosa Montero de A ridícula ideia de não voltar a ver-te do que com esta que parafraseia Santa Teresa de Jesus ao apelidar a imaginação de cada um de nós como a louca da casa. Não me interpretem mal, essa maior identificação com uma obra em detrimento da outra nada tem a ver com a qualidade da escrita da autora ou com o seu estilo muito próprio. Ambos se mantêm, continuei a saborear as opiniões muito assertivas da autora, o seu modo muito direto de abordar os mais variados assuntos, de expor os seus sentimentos ou a sua perspetiva face ao trabalho ou ao carácter de um escritor famoso, a constante “interferência” de apontamentos autobiográficos que corroboram as suas dissertações, enfim, tudo se manteve, como já disse, de uma obra para a outra. Mas na minha opinião não se manteve uma sinceridade que tomei como inquestionável, não se mantiveram os pontos de comunhão entre momentos pessoais da autora e o resto da narrativa, da dissertação, do ensaio. E essa sinceridade “amputada” mexeu com o meu lado crédulo, desconfiado, e acabei por pôr em causa alguns momentos da obra e não me refiro apenas à repetida narração do encontro com um ator famoso quando Rosa Montero era uma jovem cujo objetivo primordial era absorver a vida com todo o fulgor possível.
Acabo de ler o que escrevi até aqui e sinto que tenho que reiterar que não me identifiquei tanto com esta obra como com a que li em maio, mas tal não significa que A louca da casa não me tenha cativado. Pelo contrário. Senti-me uma privilegiada por poder espreitar, nem que seja pelo buraco da fechadura, o mundo dos escritores e compreender mais aprofundadamente que, antes de serem o que são profissionalmente, Rosa Montero, García Márquez, Truman Capote, Herman Melville ou Goethe foram e são seres humanos, de essência imperfeita, iguais a um mero homem ou mulher em praticamente tudo, exceto na genialidade de juntar palavras, formar frases, criar parágrafos, capítulos e por fim obras que continuam a encantar e maravilhar leitores como eu, que não concebem uma existência sem a companhia de um livro, de um romance, esses “organismos vivos”, resultantes de “uma atividade incrivelmente íntima, que nos [escritores] faz mergulhar no fundo de nós próprios e traz à superfície os nossos fantasmas mais escondidos” e que sempre foram vistos como uma arma envenenada por todos aqueles que pretendem “assassinar” a liberdade individual e coletiva.
A leitura desta obra também me permitiu ficar a saber um pouco mais sobre como foram aceites ou não pelo público as primeiras publicações de obras como Moby Dick ou A sangue-frio, conhecer o carácter de monstros da literatura intemporal como Tolstoi e decifrar os gostos literários da própria Rosa Montero. Preenchi o meu caderninho com imensas citações, ideias ou pensamentos da autora e creio que aquele que vou registar aqui pode ser a forma mais perfeita e mais saborosa de terminar este texto que junta escritores, imaginação, vida, livros e leitores:
“Porque como é possível governar-se para viver sem a leitura? Deixar de escrever pode ser a loucura, o caos, o sofrimento; mas deixar de ler é a morte instantânea.”
Resta-me agradecer à minha colega Madalena por me ter emprestado esta obra. Já está a fazer companhia à sua “irmã mais nova” (A ridícula ideia de não voltar a ver-te) no saco onde vieram as duas há uns meses atrás. Os empréstimos são assim, agridoces, são obviamente temporários e deixam um vazio, mas são também uma eficaz maneira de poupar dinheiro… e espaço na estante física.
Espero em breve voltar a Rosa Montero, de preferência com uma obra ficcionada!

NOTA – 08/10


Sinopse
Um romance? Um ensaio? Uma autobiografia? A Louca da Casa é, em qualquer dos casos, a obra mais pessoal de Rosa Montero: uma viagem através do misterioso universo da fantasia, da criação artística e das recordações mais secretas da própria autora.
Rosa Montero empreende uma viagem ao mais profundo do seu ser através de um jogo narrativo pleno de surpresas, onde literatura e vida se misturam num cocktail afrodisíaco de biografias alheias e de autobiografia romanceada. E assim descobrimos, por exemplo, que Goethe adulava os poderosos, que Tolstoi era um energúmeno, que Rosa, ela própria, em criança, se julgava anã, e que, com vinte e três anos, manteve um extravagante e arrebatador romance com um actor famoso. Todavia, não devemos fiar-nos por completo em tudo o que a autora conta sobre si mesma: as recordações não são sempre o que parecem. Um livro sobre a fantasia e os sonhos, a loucura e a paixão, os medos e as dúvidas dos escritores – mas, também, de cada um de nós –, A Louca da Casa é, sobretudo, a tórrida história de amor que existe entre Rosa Montero e a sua própria imaginação.

A ridícula ideia de não voltar a ver-te, de Rosa Montero


Ficha técnica
TítuloA ridícula ideia de voltar a ver-te
Autora – Rosa Montero
Editora – Porto Editora
Páginas – 176
Datas de leitura – de 09 a 13 de maio de 2017


Opinião
Em fevereiro deste ano li pela primeira vez Rosa Montero e apaixonei-me por esta escritora espanhola. Ao encerrar a leitura de Amantes e Inimigos (podem consultar a correspondente opinião aqui), disse para mim mesmo que finalmente havia encontrado a perfeita companhia feminina para a outra “deusa” das letras espanholas que me abalroa sempre que leio algo que sai das suas mãos – tive assim a certeza de que Rosa Montero iria sentar-se lado a lado da “minha” Almudena Grandes e percebi também que teria que ter acesso a outras obras suas.
Tenho o hábito, como o tem qualquer livrólico que se preze, de carregar para todo o lado o livro que estou a ler no momento. E é óbvio que também o carrego para o trabalho, pois há que aproveitar cada momento livre para “devorar” mais umas páginas. Este meu hábito não passa despercebido e faz com que muitas das conversas que entabulo com colegas sejam sobre livros e correspondentes leituras. Nos dias em que carreguei para a escola Amantes e Inimigos tive a sorte de, num momento de pausa, estar sentada ao lado de uma colega que partilhou comigo o quanto gosta de Rosa Montero e que não se importaria nada de emprestar-me duas das suas obras que a haviam deixado maravilhada – A ridícula ideia de não voltar a ver-te e A louca da casa.
Em consequência do referido entusiasmo demonstrado pela colega, tive que abdicar da mania das leituras por ordem cronológica. Bom, abdicar não abdiquei totalmente (how could I?...), mas determinei que acabaria de ler os livros que comprara em setembro do ano passado, o livrinho que me ofereceram em outubro e antes de embarcar nas de novembro pegaria num dos empréstimos.
Peguei em A ridícula ideia de não voltar a ver-te como poderia ter pegado em A louca da casa. Quis o acaso que optasse pela obra que junta aspetos biográficos de duas enormes mulheres que partilharam uma das maiores dores – a de perder cedo demais (é sempre cedo demais…) o homem, o companheiro, o amigo, o amante, aquele que estava destinado a dividir a vida connosco.
Esta dor, uma dor verdadeira, é indizível e parece-se muito com a loucura. “O cérebro não consegue compreender que tenha desaparecido para sempre. (…) Mas como, “não o verei mais?” Nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã, nem dentro de um ano? É uma realidade inconcebível, que a mente rejeita: não o ver nunca mais é uma piada de mau gosto, uma ideia ridícula.” Uma dor que embota os sentidos, que fez com que Marie Curie desabafasse no seu diário dizendo que, um quarto de hora após ter-se levantado relativamente tranquila, tinha outra vez vontade de “uivar como um animal selvagem”. Isto quase um mês depois do seu marido, Pierre, ter morrido atropelado por uma carruagem. Isto escrito por uma mulher inteligentíssima, cujo semblante transparece (em todas as fotos que se lhe conhecem) frieza, distância e autoritarismo, uma mulher que dedicou toda a sua vida às ciências, às experiências, ao que se vê como exato, racional.
O referido diário da mulher que ganhou por duas vezes o Prémio Nobel é o ponto de partida para uma obra que reúne apontamentos de biografia, de autobiografia, de ensaio, de memórias e de muito mais. Rosa Montero parte realmente da descoberta desse diário e das consequentes leituras que fez de biografias de Marie Curie para partilhar connosco a vida desta extraordinária mulher, a dor surda e indizível pela morte repentina do marido, a extrema importância dos seus achados para o mundo da ciência e a luta que travou ao longo da sua vida com uma sociedade e uma mentalidade que olhavam para a mulher como um ser inferior e destinado a afazeres domésticos e familiares. Contudo, A ridícula ideia de não voltar a ver-te não é apenas uma obra sobre Marie Curie. É isso e muito mais. Caramba, é muito mais!
Enchi páginas e páginas do meu caderninho de apontamentos com fragmentos, passagens e expressões que me tocaram e agarraram. Rosa Montero, tal como já referi, sabe como ninguém o que é perder o companheiro de uma vida. Por isso traça um paralelismo entre a sua dor e a de Marie Curie e fá-lo de uma forma tão vívida, tão sentida, que é impossível não sentirmos como nossa um pouco dessa dor – “… sinto falta de conhecer também o passado, a vida de Pablo que eu não vivi. Quero saber tudo acerca dele. Se o conseguisse, e em absoluto, seria como se ele não tivesse morrido.” “ Aqueles dias que passei com Pablo em Nova Iorque, um mês antes de lhe terem diagnosticado o cancro, são agora uma memória incandescente: ele estava mal e eu não sabia; o desconhecimento abrasa, o pensamento é persecutório; a inocência de ambos antes da dor, insuportável.” “Pablo, que pena ter esquecido que podias morrer, que podia perder-te. Se tivesse essa consciência, ter-te-ia amado não mais, mas melhor. Ter-te-ia dito muito mais vezes que te amava. Teria discutido menos por tontices. Ter-me-ia rido mais. E até me teria esforçado por aprender o nome de todas as árvores e por reconhecer todas as folhinhas. Já está. Já o fiz. Já o disse. De facto, consola.”
Acho que pelos fragmentos que aqui deixo dá para ter noção do quanto tenho razão ao elevar Rosa Montero a um patamar até agora reservado apenas a uma espanhola. O que ela põe de si, da sua visão das pessoas e do mundo, das suas convicções transborda para uma obra que põe a nu e em completa evidência uma escrita pejada de emoção, de sinceridade, de comunhão e de vidas vividas por gente famosa, mas que ao fim do dia são como qualquer um de nós e que quebram e uivam de dor, que lutam num mundo desigual e que almejam, mais do que tudo, usufruir de uma vida feita de pequenas banalidades, de uma intimidade que é sinónima de conhecer alguém, de possui-lo, de aceitá-lo, de amar as manias de um companheiro e sorrir perante a imagem não muito clara que não deixa adivinhar onde começa um e acaba o outro. Deliciosamente sublime!
Voltei a ler o que escrevi até aqui e continuo com a sensação de que não estou a ser capaz de fazer justiça a esta obra. Quero mesmo que quem leia esta opinião tenha uma vontade irresistível de ler Rosa Montero, de saborear como eu a sensação de que ela parece estar mesmo a confidenciar-nos o lado mais íntimo da sua vida e da sua escrita, de sentir o coração a encolher e suster a respiração perante trechos dolorosamente reais e próximos de nós. Quero mesmo que sinta o orgulho que senti quando a autora cita Fernando Pessoa ou admite a predileção que tem por Paula Rego. Quero mesmo que se lhe ilumine o sorriso e acene de concordância como eu o fiz ante a inegável verdade do quanto a arte, a literatura consegue transformar um sofrimento que nos parte a espinha numa coisa bela – “Esmagamos carvões com as mãos nuas e às vezes conseguimos que pareçam diamantes.” Enfim, quero mesmo que leiam Rosa Montero, que conheçam as suas letras e se apaixonam pelas mesmas. Como eu!

NOTA – 09/10

Sinopse
Quando Rosa Montero leu o diário que Marie Curie começou a escrever depois da morte do marido, sentiu que a história dessa mulher fascinante era também, de certo modo, a sua. Assim nasceu A ridícula ideia de não voltar a ver-te: uma narrativa a meio caminho entre a memória pessoal da autora e as memórias coletivas, ao mesmo tempo análise da nossa época e evocação de um percurso íntimo doloroso. 
São páginas que falam da superação da dor, das relações entre homens e mulheres, do esplendor do sexo, da morte e da vida, da ciência e da ignorância, da força salvadora da literatura e da sabedoria dos que aprendem a gozar a existência em plenitude.

Um livro libérrimo e original, que nos devolve, inteira, a Rosa Montero de A Louca da Casa - talvez o mais famoso dos seus livros.

Amantes e inimigos, de Rosa Montero


Ficha técnica
TítuloAmantes e inimigos
Autora – Rosa Montero
Editora – Editorial Presença
Páginas – 165
Datas de leitura – de 12 a 17 de fevereiro de 2017

Opinião
Esta coletânea de contos veio da biblioteca cá para casa num ato de impulso. Nas deambulações que fiz na última visita pelos espaços da referida biblioteca “tropecei” numa miniexposição dedicada a escritores espanhóis e hispano-americanos. Isabel Allende, Gabo, José Luis Merino, a “minha” Almudena (resisti à tentação de trazer a versão portuguesa de Malena é um nome de tango para relê-la) e uma tal de Rosa Montero da qual já havia lido alguns textos soltos, crónicas e pouco mais. Agarrei Amantes e Inimigos, uma edição já com alguns aninhos e uma capa nada apelativa, li a sinopse da contracapa e, ato contínuo, pus o livrinho debaixo do braço e trouxe-o para casa.
Numa espécie de prólogo a autora explica que sempre se sentiu mais desafiada em criar romances, narrativas mais longas e foi delegando para segundo plano a vontade, o impulso de escrever contos. Contudo, não deixou de o fazer sempre que lho solicitavam ou estava em posse de um texto curto que não havia maneira de se expandir para algo mais longo mas que merecia ser partilhado com o público. Foi fazendo-o ao longo do tempo até que tomou a decisão de reunir um “punhado deles” e publicá-los numa coletânea.
A obra Amantes e Inimigos está composta por dezanove contos. Alguns de apenas três páginas, outros um pouco mais compridos, mas nenhum ultrapassa uma dezena de páginas. Todos nos falam de afetos, de amores, desamores, ciúmes, vis dependências, atitudes conscientes ou inconscientes que tomamos em nome de um sentimento que nos aquece, que nos rasga e que pode iluminar a nossa vida ou afundá-la na mais escura sombra.
Estaria a mentir se dissesse que gostei de todos os contos. A uns fiquei indiferente, de outros gostei e seis ou sete agarraram-me, buliram muito com o meu lado emocional e sobretudo com o meu lado de leitora compulsiva e exigente. Porque Rosa Montero escreve bem. Sem dúvida. E consegue transformar o banal, o sórdido, o irracional em literatura. E da boa!
Por esses seis ou sete contos, pelo estilo intenso e emocional da autora e porque tenho um fraquinho por escritoras espanholas, sei que lerei mais de Rosa Montero e que há dois títulos seus que terão que aparecer lá por casa – A louca da casa e A ridícula ideia de não voltar a ver-te.
Termino com a mais que evidente recomendação e com alguns fragmentos dos contos que mais me apaixonaram para que possa comprovar aquilo que disse:
"Não, Pedro não tinha ciúmes daqueles três homens: tinha ciúmes da vida. Tinha saudades da inocência de Lola, da sua própria inocência. Desejava ter sido ele a levá-la pela mão naquela praia; quem lhe colocara o chapelinho na cabeça. Um Pedro intacto que ainda não tivesse desbaratado a sua credulidade, um Pedro ignorante das perdas." (Conto “Noite de Reis”)
Era a mesma, exatamente a mesma a mesma mulher que o enlouquecera tempos atrás, mas alguma coisa se partira definitivamente.” (Conto “O reencontro”)
Também os feios e os tristes têm os seus momentos de glória.” (Conto “A glória dos feios”)
O quotidiano triunfa uma vez mais sobre o vazio.” (Conto “O meu homem”)
Ou se, o que seria pior (e como suspeito), o fez simplesmente porque não me vê, porque não me tem em conta, porque não existo. Muitas vezes ao longo da vida me senti assim com diversas pessoas: de vidro, transparente. Mas não estar no seu olhar, no olhar dela, é o mais duro.” (Conto “Parece tão meiga”)
Porque, para além das zangas a que assistimos todos os dias, há outras cumplicidades e complicações que os unem: uma trama de vidas e de passado, uma intimidade secreta e só deles e, talvez, até uma necessidade de se maltratarem. É tão estranha a vida dos casais…” (Conto “As bodas de prata”)
Que terrível pobreza, que desamparo o de quem não tem no que pensar antes da pequena morte do dormir. (…) Pode viver-se sem dinheiro, pode viver-se sem família, pode até viver-se sem viver (ou seja, vivendo uma vidinha miserável). Mas é impossível ir em frente sem ter sonhos na cabeça.” (Conto “Ele”)
A vida corria assim, fria, lenta e tenaz como um rio de mercúrio. Só por vezes, num entardecer particularmente belo, me assaltava uma angústia insuportável, a dor de todas as palavras nunca ditas, de toda a beleza nunca partilhada, de todo o desejo nunca satisfeito. Então a minha mente dizia: nunca, nunca, nunca, nunca. E queria morrer em cada nunca.” (Conto “Amor cego”)

NOTA – 09/10

Sinopse

"O amor é uma mentira, mas funciona". É com esta frase que Rosa Montero termina o último conto numa obra onde ressaltam os seus notáveis dotes de contadora de histórias. É esta frase também que, para a autora, melhor resume toda a obra. Pulsional. Plena de momentos narrativos brilhantes vistos através da moldura da relação a dois, esse obscuro lugar da dor e do prazer onde cabem o desejo carnal, a paixão, o desespero, a felicidade e a amargura.