Balanço mensal - livros lidos em setembro



Setembro encheu-se de boas leituras e de desafios! Terminei, fazendo bingo e completando o cartão, a maratona literária – Bookbingo – Leituras ao sol 2, participei no #septemberthrills e dei início a um desafio que já habitava nos meus planos há bastante tempo – o de reler uma obra por mês, durante um ano. Completei seis leituras, abandonei uma e iniciei outra que só terminarei em outubro. Fica aqui, em vídeo, o balanço de todas essas leituras e experiências. Espero que gostem!


Deixo-vos ainda, e como é habitual, os links para acederem à opinião completa das obras lidas em setembro:
§  Avozinha Gângster, de David Walliams
§  A maior flor do mundo, de José Saramago
§  Meridiano 28, de Joel Neto
§  A terra de Léa, de Claire Graf
§  Soledad, de Raffaello Bergonse
§  Messias, de Boris Starling

E vocês, que leram no mês de setembro? Leram muito, leram pouco? Abandonaram alguma leitura? Contem-me tudo, OK? Aqui ou no Youtube, como quiserem, mas não se esqueçam de o fazer!

Messias, de Boris Starling



Ficha técnica
TítuloMessias
Autor – Boris Starling
Editora – Bertrand Editora
Páginas – 534
Datas de leitura – de 16 a 21 de setembro de 2018

Opinião
Como sabem, os thrillers não abundam nas minhas leituras, mas estes últimos meses tenho lido alguns e têm sido leituras bastante produtivas e saborosas. Em setembro, por causa do desafio literário organizado por duas booktubers que sigo com carinho (Dora e Cristina), chamado #septemberthrills, li este thriller, que trouxe da biblioteca da terrinha, e que me agradou sobremaneira! Deixo-vos o vídeo que publiquei no canal do youtube e que espero vos influencie e vos leve a dar-lhe uma oportunidade, porque é mesmo muito bom!


NOTA – 09/10

Sinopse
A primeira vítima foi encontrada pendurada numa corda. A segunda, espancada até à morte, jazendo numa poça de sangue. A terceira, decapitada. Os seus antecedentes são tão diferentes como os métodos do seu assassinato. Mas um pormenor arrepiante liga os três crimes: as suas línguas foram cortadas e substituídas por uma colher de prata. A polícia tinha provas suficientes para acreditar que estava perante um raro e perturbador fenómeno: o aparecimento de um serial Killer... E ele vai matar outra vez.

Balanço | Maratona Literária - Bookbingo Leituras ao Sol 2


Olá!

Deixo-vos o balanço da maratona literária - Bookbingo Leituras ao sol 2. Como podem ver pela imagem do vídeo, eu fiz BINGO! Adorei a experiência e quero muito repeti-la!
E vocês? Participaram nesta maratona ou participaram noutra? Partilhem comigo não só isso como também se gostaram deste vídeo/balanço, se já leram alguma das obras que me permitiram completar o cartão ou se ficaram com vontade de ler alguma! Deixem um comentário aqui ou nos "youtubes", onde quiserem, mas façam-no!
Beijinhos e leituras muito saborosas!




Soledad, de Raffaello Bergonse



Ficha técnica
TítuloSoledad
Autor – Raffaelo Bergonse
Editora – Ambar
Páginas – 175
Datas de leitura – de 11 a 15 de setembro de 2018

Opinião
Sou uma mulher do Norte, mais propriamente do litoral, mas, a partir do momento em que comecei a calcorrear o nosso lindo país, não fui capaz de resistir aos encantos de paragens mais interiores, mais agrestes e menos verdes. Concordo plenamente com Miguel Torga, que afirmou um dia que o Minho é demasiado verde. Prefiro de longe as paisagens mais nuas, semeadas de pedregulhos, fragas ou então que se espraiam por quilómetros que parecem infinitos, como as transmontanas, as beirãs e as alentejanas.
Soledad, do autor que até agora me era desconhecido – Raffaelo Bergonse – levou-me de novo a uma vila alentejana que me fascina desde que a visitei pela primeira vez, há cerca de quinze anos. Refiro-me a Castelo de Vide, aninhada numa encosta e protegida pelo seu castelo e pela sua imponente torre de menagem. Já percorri as suas ruazinhas sinuosas pelo menos três vezes e a última ocorreu em 2012, durante uma semana inesquecível de férias de verão. Aqui ficam duas fotografias que testemunham a beleza e o encanto da vila:



Aconchegada por esse amor e fascínio, parti para a leitura com todos os sentidos em alerta e derreti-me com as descrições dos espaços urbanos que rapidamente recordei – ruas, praças, monumentos, portas em ogiva –, com a infinitude das paisagens e sobretudo com a sua quietude, a sua paz e o seu chamamento milenar, que sempre atraiu o Homem, como se pode depreender dos achados arqueológicos que abundam por lá. É por demais evidente que toda a magia e a precisão que o autor colocou nestas partes descritivas, nos pormenores, nas sensações e nos recantinhos mais recônditos provêm de alguém que conhece o espaço do nordeste alentejano como poucos e esse conhecimento, essa vivência (atestada pela pequena biografia numa das abas do livro) são o melhor, a parte mais positiva de uma narrativa que, no resto, não deixa de ser mediana.
A trama tem o seu início em Lisboa, onde vive e trabalha o nosso protagonista, José Diamantino. Contudo, irá deixar a capital muito em breve, porque atenderá ao pedido do seu patrão, pedido esse que o levará a Castelo de Vide para gerir uma livraria que está a precisar de carinho e uma boa gestão para poder sobreviver. A mudança é vista com muito bons olhos por José Diamantino, já que lhe permitirá deixar para trás um ambiente familiar repleto de rancor por um pai violento. Vai viver numa casa rodeada de natureza e sossego, vai saborear uma solidão que não lhe pesa no coração e vai entabular conversas com gente simples e franca. Vai criar amizades e vai amar desesperadamente. Vai finalmente viver. Mas será que vai conseguir de verdade romper com todas as amarras que o tinham aprisionado a um passado de submissão a um pai violento?
Termino dizendo que Soledad é uma obra de fácil leitura e que pode cativar o leitor que busca uma narrativa simples, com uma trama não muito densa, com poucas personagens e temas associados à desilusão, ao rancor, à vontade de escapar a doridas ligações familiares e a escolhas que se fazem irrefletidamente. Na minha opinião (que é algo parcial, por aquilo que já referi), ganha brilho e magia com a escolha do espaço onde se desenrola – a lindíssima vila de Castelo de Vide, o espaço natural fabuloso onde está situada e o encantamento que se respira naquelas paisagens que me enfeitiçaram para todo o sempre. Sinto que se a trama se desenrolasse noutro espaço, noutro local, não me diria muito… Atrevo-me a dizer que me diria muito pouco…

NOTA – 07/10 (por tua causa, Alentejo, por tua causa, Castelo de Vide)

Sinopse
Um livreiro que arrasta velhos fantasmas.
Uma mulher deslocada. 
Um estranho aguarelista solitário.
SOLEDAD é a surpreendente narrativa do encontro improvável de três vidas muito diferentes, e das suas consequências irreversíveis.
Uma fábula de amor e destino, que tem como testemunhas as imensidões rochosas do Nordeste Alentejano.

Meridiano 28, de Joel Neto



Ficha técnica
TítuloMeridiano 28
Autor – Joel Neto
Editora – Cultura Editora
Páginas – 420
Datas de leitura – de 03 a 10 de setembro de 2018

Opinião
Apaixonei-me por Joel Neto quando li Arquipélago. Foi uma leitura sublime, onde tudo está magistralmente orquestrado e que continuo a recomendar muitíssimo. A Arquipélago seguiu-se-lhe A vida no campo, num registo distinto, de não-ficção e que me fez aumentar ainda mais a vontade, já de si tremenda, de conhecer a ilha Terceira e de continuar a ler Joel Neto.
Quase dois anos depois dessas duas leituras, voltei a ter Joel Neto nas minhas mãos. Fui seguindo as pistas e indicações que o autor foi deixando nas redes sociais e na imprensa sobre a publicação de Meridiano 28 e nem imaginam o meu contentamento e euforia quando, por fim, em maio deste ano, comprei a obra (autografada e tudo) e a coloquei na minha estante. Aqueles que estão a par da minha mania das leituras cronológicas devem estar agora mesmo a questionar-se sobre como foi possível eu ter lido em setembro uma obra que apenas havia comprado 3 meses antes. A culpa é de uma das categorias da maratona Bookbingo, que “me obrigou” a retirar da estante um livro que tivesse um número no título. Meridiano 28 era a mais antiga que morava cá em casa e que encaixava nessa categoria, por isso não tive outro remédio que não lê-la antes da sua vez ;)
Meridiano 28 é o meridiano que atravessa o arquipélago dos Açores. Contudo, em termos literários é isso e muito, muito mais. Centra-se, como é óbvio, nesses torrõezinhos de terra que pertencem ao nosso país, sobretudo na ilha do Faial e faz-nos viajar a uma época que, como sabem, me fascina desde sempre – a Segunda Grande Guerra. Contudo, estaria a ser injusta se apenas dissesse isso sobre esta obra que, confesso já, me arrebatou.
A narrativa arranca em 2107. José Filemom Abke Marques (que nome maravilhosamente sui generis) enterrou o seu tio há poucos dias e recebe uma estranha visita na sua loja de informática. Não é a primeira vez que se encontra com aquele velhote que parece ser gémeo do ator Morgan Freeman, mas tudo faz para não dar a entender que o reconheceu. Tão-pouco se deixa tentar (pelo menos naquele dia) pela caixa que o misterioso homem lhe entrega e que, segundo ele, contém material relevante para que José termine o que prometeu fazer há mais de vinte anos, na biblioteca de uma luxuosa mansão dos arredores de Nova Iorque.
Este é o preâmbulo para uma trama que se molda com uma brilhante mistura de mistério, suspense, momentos históricos, viagens entre vários pontos do mundo, um equilíbrio perfeito entre presente e passado, dois homens protagonistas e provenientes da mesma família, deliciosas personagens secundárias e os Açores, esse arquipélago místico, mágico e que me atrai cada vez mais e mais.
Desengane-se quem pega em Meridiano 28 e espera encontrar nas suas 420 páginas uma narrativa de ritmo vertiginoso típica de um thriller ou romance de ação. Desengane-se igualmente quem crê, perante a lista gigantesca de personagens presente nas primeiras páginas, que se vai baralhar e perder-se no meio de tanta gente. Por fim, desengane-se quem acha que vai encontrar apenas uma narrativa de mistério ou apenas uma narrativa histórica. Meridiano 28 é uma amálgama brilhantemente urdida pelo autor e não defraudará nenhum leitor que busca o imprevisível, que procura narrativas que vão deixando cair, pouco a pouco, o pano e que são habitadas por personagens redondas, imperfeitas, algo banais, mas que nos agarram e se mantêm connosco durante muito tempo.
Para além de tudo isto que já referi, a obra agradou-me e conquistou-me pelo seu lado histórico e geográfico. Tenho, como já mencionei vezes se conta, um fascínio enorme pela Segunda Grande Guerra, mas até ter lido Meridiano 28, não tinha a mais pálida ideia de como este conflito tinha chegado às ilhas açorianos e de que forma tinha marcado as suas terras e os seus habitantes. Foi, assim, maravilhoso descobrir que na pequena ilha do Faial ingleses e alemães conviveram em paz durante os primeiros três anos da Guerra e que na Horta estavam instaladas importantes bases de uma das mais importantes redes de comunicação da época – a da telegrafia. Para além disso, através das deambulações dos dois protagonistas da obra – o já referido José Filemom e o seu tio, Hansi – pude conhecer a baía, ruas e outros locais da cidade da Horta e pude percorrer espaços da ilha como o Porto Pim, o Capelo e apreciar a beleza estonteante de um torrãozinho plantado em pleno Atlântico, sempre de olhos postos no Pico e na sua majestosidade. Por fim, pude experimentar o lado vulcânico da ilha, os seus tremores de terra e as suas erupções de grandes proporções.
Não quero terminar esta opinião (que já está gigante) sem abordar aquilo que acho ser o ponto fulcral de uma boa narrativa. Falo das suas personagens e nesta, na de Meridiano 28, as personagens, todas elas, estão muito bem construídas e é impossível ficar indiferente a José Filemom, à sua orfandade de emoções, à sua demanda de saber quem foi na verdade o seu tio Hansi (e saber igualmente quem é ele próprio) e ao desfecho que lhe reserva o autor. Aliás, o epílogo da obra é brutal e quando digo brutal não significa que nos deixe estarrecidos. É brutal, porque traz respostas, traz apaziguamento e fecha muitas portas que precisavam de ser fechadas. Gostei muito da personagem do José, comunguei da sua satisfação quando deu aquelas bofetadas (de luva branca) nas derradeiras páginas da obra, gostei imenso da Alice, do Fernando/Carlos Ponta-Garça e nutri um carinho que foi gradualmente crescendo por Hansi, pelo jovem e não menos jovem Hansi.
Termino (agora sim) dizendo que valeu a pena esperar dois anos por esta nova obra de Joel Neto. Está madura, consistente e muito bem conseguida. Recomendo-a vivamente, tal como o faço para as outras obras que já li do autor!

Esta foi a décima quinta leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi para a categoria Livro com um número no título.

NOTA – 9,5/10 (apenas porque continuo a gostar um bocadinho mais de Arquipélago)

Sinopse
Em 1939, o mundo entrou em guerra. Foi o conflito mais mortífero da história da humanidade. Mas, na pequena ilha açoriana do Faial, ingleses e alemães conviveram em paz durante mais três anos. Eram os loucos dos cabos telegráficos.
Do mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividindo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques.
Os hidroaviões da Pan American faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se ao ténis e ao croquet. Dançava-se o jazz. Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor.
Poderia um agente nazi ter-se escondido nos Açores, consumada a derrota de Hitler? Quem foi Hansi Abke? Que sombra lança hoje sobre o destino de José Filemom Marques, o sobrinho criado no Brasil?
Um romance que vai de Lisboa a Nova Iorque, de Friburgo a Praga, de Bristol a Porto Alegre e às ilhas açorianas, onde todos são descobertos e ninguém pode ser apanhado. Um reencontro entre dois homens de tempos distintos e que talvez tenham mais em comum do que aquilo em que gostariam de acreditar. Uma memória das mulheres que amaram e talvez não tenham sabido fazê-lo.

A maior flor do mundo, de José Saramago



Ficha técnica
TítuloA maior flor do mundo
Autor – José Saramago
Editora – Editorial Caminho
Páginas – 36
Data de leitura – 02 de setembro de 2018

Opinião
Vou fazer-vos uma confissão. Uma confissão escabrosa de quem se diz “a maior fã de Saramago” – mais de vinte anos depois de ter lido A Jangada de Pedra, peguei pela primeira vez e finalmente li de fio a pavio A maior flor do mundo. Digam lá – não é um pecado horrendo tê-lo feito apenas agora?! Que raio de fã sou eu??
Contudo, na última visita à biblioteca da terrinha, ia determinada a redimir-me desse pecado terrível e trouxe a edição com capa dura e com belíssimas ilustrações da Editorial Caminho. Li-a em poucos minutos e bastou esse punhado de minutos para embrenhar-me de novo no mundo do meu Saramaguinho e sentir-me em casa.
Quem olha para uma fotografia ou imagem de José Saramago dificilmente o imagina como contador e criador de histórias infantis. As suas feições austeras e algo carrancudas impedem que os leitores (e não só) o vejam como tal. Eu incluo-me (ou incluía-me) nesse rol de gente e constatei que o próprio também, já que a curta narrativa de A maior flor do mundo arranca com o autor a confessar que se não se sente capacitado para montar uma história infantil, simples, com poucas e descomplicadas palavras. Foi, como podem compreender, desconcertante e ternurento ser testemunha da sinceridade deste monstro das letras mundiais, que admite, sem nenhum pejo, essa falha e, chega, inclusive, a pedir ajuda aos leitores mais pequenos, àqueles que venham a ler a história desta flor, que a moldem aos seus gostos, que a desenvolvam e encerrem como mais lhes aprouver.
A história é, como não poderia deixar de ser, muito curtinha e deliciosa. Toca-nos, como devem tocar todas as histórias infantis, vai direitinha ao coração e está maravilhosamente ilustrada nesta edição, com imagens alusivas à narrativa e ao próprio autor, que nos aparece sentado a uma secretária, com feições mais suaves e sorridentes, a tentar moldar o melhor possível uma história bonita e simples. Entrei em estado de completo derretimento nos poucos minutos em que estive com a obra na mão, não só pelo que já referi, pela viagem de uma menino que termina aos pés de uma flor murchinha, pela humildade de Saramago ao confessar a sua incapacidade em criar histórias infantis, como também pelo quanto ainda me apertam as saudades que tenho deste homem que teve um papel imprescindível no meu percurso enquanto leitora.

     

Por tudo isto, não vos será difícil de adivinhar o quanto esta leitura foi especial, memorável e agridoce. Pude conhecer uma nova faceta do meu Saramago, pude matar as saudades que tenho das suas letras e voltei a sentir-me “amputada”, revoltadíssima, porque nem os génios escapam às leis da mortalidade.
Reparei o meu erro, redimi-me e adorei fazê-lo!

NOTA – 10/10

Sinopse
«E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar? 
Uma magnífica obra do escritor José Saramago, com bonitas ilustrações de João Caetano.»
Prémio Nacional de Ilustração – 2001
Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, 4.º ano de escolaridade - Leitura autónoma e leitura com apoio dos professores ou dos pais.

Avozinha Gângster, de David Walliams



Ficha técnica
TítuloAvozinha Gângster
Autor – David Walliams
Editora – Porto Editora
Páginas – 256
Datas de leitura – 01 a 02 de setembro de 2018

Opinião
Na última semana de agosto fui devolver livros à biblioteca da terrinha e é mais do que óbvio que não vim de lá de mãos vazias. Fui acompanhada pelos meus dois homens e no saco “de compras” trouxemos três livros.
Tinha reservado com antecedência esta obra de David Walliams que sabia que encaixaria que nem uma luva na categoria “Livro Silly” da maratona em que estou a participar. No final do ano passado uma colega de trabalho emprestou-me Sr. Pivete e, como podem comprovar aqui, fiquei rendida ao estilo do autor (simultaneamente hilariante e ternurento), à personagem do Sr. Pivete (que nunca mais me irá abandonar) e aos subterfúgios, às mensagens e chamadas de atenção que povoam (de forma indireta, claro) a narrativa e que são uma alfinetada aos comportamentos familiares dos dias de hoje.
Em Avozinha Gângster, os protagonistas são, tal como em Sr. Pivete, uma criança e um sénior. Ben (ou Benny) todas as sextas-feiras é arrastado pelos seus pais para casa da avó, porque esse é o dia dedicado ao casal, é nesse dia que pai e mãe disfrutam de um tempo a sós a ver O Dança com as estrelas na televisão ou ao vivo. Para Ben, não há maior tortura do que estar em casa da avó, ser obrigado a engolir a sua sopa de couve, o seu puré de couve, o seu pudim de couve, jogar todas as noites Scrabble e ter suportar o cheiro dos pums que a avó vai disparando sempre que se movimenta e que parecem o “quá, quá” de um pato. Contudo, nem tudo é o que parece e debaixo daquele ar de avozinha com cabelos brancos, dentadura, que veste sempre o mesmo casaquinho de malha, em cujas mangas guarda os lenços de papel que vai usando, esconde-se alguém que é mundialmente famosa por roubar joias!!!
Como devem calcular, voltei às gargalhadas que havia dado com a primeira obra que li de David Walliams. É impossível não rir com a caracterização da avó, é impossível não rir com os apartes hilariantes que vão aparecendo ao longo da narrativa. Contudo, tal como me havia acontecido com Sr. Pivete, também voltei às lágrimas (como não haveria eu de chorar com uma história que envolva velhotes e, ainda por cima, velhotes e netos?...) e a anotar mentalmente a forma habilidosa e inteligente como o autor aborda numa trama juvenil, repleta de ação e muito divertida, temáticas preocupantes da sociedade atual – filhos a quem os pais pouca atenção dedicam, filhos a quem os pais querem impingir os seus próprios sonhos e aspirações e adultos que pouco ou nenhum valor dão aos seniores, aos seus seniores.
Por tudo isto, digo aquilo que já havia dito aquando da leitura de Sr. Pivete. Foi uma experiência deliciosa e que quero, sem dúvida, repetir. Pretendo trazer da biblioteca as outras obras de David Walliams que lá moram e divertir-me com elas tanto como me diverti com as duas que já li dele. Concluo, acrescentando apenas que, se comparar Sr. Pivete, com esta avozinha, tenho que dizer que, das duas obras, a primeira continua a ser a minha preferida, somente por uma razão que tem a ver com uma parte importante da ação de Avozinha Gângster e que, para os meus 43 anos, é pouco credível. No entanto, creio que para os mais novos essa parte será uma das mais interessantes e não lhes “estragará” o prazer de conhecer esta avozinha e o seu “Benny”.
É óbvio que, para finalizar, tenho que recomendar (e muito) esta leitura a miúdos e a graúdos! Leiam-na e leiam as outras obras do autor! Não se arrependerão!

NOTA – 09/10

Esta foi a décima terceira leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi, como já disse, para a categoria Livro silly.

PS – Que próxima obra de David Walliams me recomendam?

Sinopse
O nosso herói, Ben, adormece só de pensar que tem de ficar em casa da avó. Que seca! É a avozinha mais aborrecida de sempre: só pensa em jogar jogos de tabuleiro e comer sopa de couve. Mas há dois segredos que Ben desconhece:
§  A sua avozinha é uma famosa ladra de joias.
§  E toda a vida sonhou roubar as Joias da Coroa inglesa, e agora precisa da ajuda de Ben…
Uma história sobre preconceitos e aceitação, cheia de piadas engraçadas e palavras tolas, ao estilo bem-humorado do comediante David Walliams, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.

Balanço mensal - livros lidos em agosto


         Agosto é mês de férias, de tempo só para nós e de tempo para saborear o maior número de leituras possível. Foi o que tentei fazer - li sete livros e abandonei um. Agosto também foi o mês em que me lancei num novo projeto que quero conciliar com este cantinho. Assim sendo, partilho convosco, num novo formato, o balanço dessas sete leituras.
       Deixo-vos ainda, e como é habitual, os links para acederem à opinião completa das obras lidas em agosto:
§  Crime adormecido + Cai o pano, de Agatha Christie
§  O fim da inocência (vol. I), de Francisco Salgueiro
§  O jovem da porta ao lado, de Josie Lloyd e Emlyn Rees
§  A rapariga no gelo, de Robert Bryndza
§  Debaixo de algum céu, de Nuno Camarneiro
§  Arrugas, de Paco Roca
§  Amores secretos, de Kate Morton

E vocês, que leram no mês de agosto? Leram muito, leram pouco? Abandonaram alguma leitura? Contem-me tudo, OK? Aqui ou no Youtube, como quiserem, mas não se esqueçam de o fazer!




Amores secretos, de Kate Morton



Ficha técnica
TítuloAmores secretos
Autora – Kate Morton
Editora – Suma de Letras
Páginas – 564
Datas de leitura – 20 a 31 de agosto de 2018

Opinião
Quinto livro que leio de Kate Morton e quinto livro a que dou a classificação máxima. Terminei-o no último dia de agosto, enquanto fazia uma curtinha viagem de carro (o maridinho conduzia enquanto eu devorava as derradeiras páginas da obra), junto à costa. Terminei-o lavada em lágrimas (não há maneira de a fonte secar…) e, mal o fechei, acariciei a capa, coloquei-o encostadinho ao meu peito e senti aquilo que sempre sinto quando me despeço de uma leitura que me absorve por completo – uma sensação de perda e de vazio que ainda se mantém comigo e que obviamente “manchará” as leituras que se lhe seguirem…
Adoro tudo o que Kate Morton escreve e dói-me saber que, neste momento, não tenho na estante nenhuma obra sua por ler. Sinto-me órfã das tramas que ela tão habilmente urde, da personalidade cativante e vincada das suas protagonistas – mulheres determinadas, que lutam pelo seu mundo, pela sua família, pelos seus ideais – e do cheirinho de mistério e suspense que perpassa por todas as suas narrativas. Tomei conhecimento através de ti, Paula, que o lançamento da sua sexta obra será ainda este mês e rezo a todos os deuses do mundo das editoras e publicações que não demore muito a chegar a Portugal a correspondente tradução de The Clockmaker’s Daughter, porque temo que não aguentarei muito tempo sem ler Kate Morton!...
Bom, virando agora a atenção para Amores Secretos, o que me apraz dizer em primeiro lugar é que a receita continuou a ser a mesma e que resultou na perfeição tal como havia resultado nos outros quatro livros que li da autora – apresenta-nos uma narrativa que intercala o presente com o passado, protagonistas femininas de pelo na venta, espaços rurais e urbanos de Inglaterra e um segredo familiar que está por descobrir e desvendar. Num dia de verão do início da década de 60 comemora-se o aniversário de um dos filhos da família Nicolson com um piquenique junto ao riacho que corre perto da casa onde vivem. Laurel, a primogénita, preguiça na casa da árvore quando se apercebe de que a sua mãe deu uma saltada a casa para ir buscar a faca que sempre utiliza para cortar o bolo de aniversário. Traz ao colo Gerry, o caçulinha da família, e não se apercebe da chegada de um desconhecido a não ser quando este se detém à sua frente e lhe dirige a palavra. Do alto da árvore, Laurel entra em choque ao assistir à reação da mãe – levanta a faca que trazia na mão, espeta-a no torso do desconhecido e mata-o.
Este é o ponto de partida, repleto de mistério e frenesim, para uma história que saltita entre 2011 e 1941, entre ambientes rurais e uma Londres destroçada pelos contínuos bombardeamentos alemães e entre três mulheres inesquecíveis – Laurel e sobretudo Dorothy e Vivien. Vamos conhecendo cada uma delas, o que as liga e vamos salivando e sofrendo em busca de respostas para aquele final trágico de uma tarde que assombrou as vidas de Laurel e da sua mãe, Dorothy. O final é ribombante, dorido, agridoce, perfeito (pelo menos para mim) e deixou-me como me deixaram todos os finais das outras obras – satisfeita, saciada, mas aparvalhada, perdida, desamparada e órfã.
Não sei mais que vos diga… Foi uma leitura sublime, como já adivinhava que iria ser, mesmo que algures tenha tido vontade de torcer o pescocito de uma determinada personagem… Mas até isso demonstra a habilidade desta autora que me conquistou de forma irremediável!
Sei que já pedi isto muitas vezes, pelo menos em todas as opiniões que escrevi sobre as obras de Kate Morton, mas não me irei cansar de o pedir até que consiga o que pretendo – que aqueles que se mordem por uma BOA história leiam esta fantástica autora australiana e se deliciem com ela tanto como eu! Façam-no, por favor!

NOTA – 10/10 (obviously)

Esta foi a décima segunda leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi para a categoria Livro que compraste pela capa.

Sinopse
Laurel, actriz de sucesso, regressa à casa da família para celebrar o nonagésimo aniversário da mãe, Dorothy, que sofre de Alzheimer.
Esse dia recorda-lhe um outro, há muito esquecido. Naquele fatídico aniversário do seu irmão, Laurel estava escondida na casa da árvore, a fantasiar com um amor adolescente e um futuro grandioso em Londres, quando assistiu a um crime terrível, que mudaria a sua vida para sempre. Foi com terror que Laurel viu a mãe cravar a faca do bolo de aniversário no peito de um desconhecido.
O regresso ao local onde tudo aconteceu é a última oportunidade para Laurel descobrir o temível segredo daquele dia e encontrar as respostas que só o passado da sua mãe lhe pode dar. Pista após pista, Laurel irá desvendar a história secreta de três desconhecidos que a Segunda Guerra Mundial uniu em Londres — Dorothy, Vivien e Jimmy — e cujos destinos ficaram para sempre ligados.
Uma fascinante história de segredos e mistérios, de um crime obscuro e de um amor eterno. Mais um livro inesquecível de uma das autoras de maior sucesso dos nossos tempos.