A vida quando era nossa, de Marian Izaguirre

Domingo, 26 de julho de 2015




Opinião
Como qualquer livrólica que se preze, ando sempre com o livro que me acompanha atrás de mim. E esta sexta-feira não foi exceção, mesmo com uma tarde de trabalho à minha espera e sabendo de antemão que dificilmente iria ter tempo para ler umas linhinhas… Contudo, mesmo quando o trabalho aperta, há sempre uns minutos em que o interrompemos e relaxamos falando do que nos dá prazer. Ora, eu tenho o privilégio de trabalhar com mulheres fantásticas, que ainda por cima gostam de ler e têm paciência (e gostam, eu sei J) para me ouvir divagar sobre leituras, sejam elas as que me acompanham, as que me deslumbraram ou as que prefiro esquecer rapidamente. Assim, nesta sexta-feira tinha em mãos (e na pasta da escola) a obra A vida quando era nossa cuja sinopse e primeiras páginas levaram uma das minhas companheiras a tecer o seguinte comentário – “Esta obra é a tua cara, Ana”. E não podias estar mais certa, Elizabete J
«Quando te sentires sozinha, lê um livro… Isso vai salvar-te.» Os livros têm de repente o tato redondo e húmido de uma tábua de salvação.” (pág. 272)
Antes de tudo, esta obra da escritora basca Marian Izaguirre é sobre o poder que os livros e as leituras têm. Um livro faz-nos companhia, transporta-nos para outros lugares, dá-nos a possibilidade de conhecer outras pessoas, outras épocas, outros costumes e sobretudo ajuda-nos a evadir da vida e ao mesmo tempo a compreendê-la melhor. Salva-nos daqueles momentos em que não sabemos como ocupar o tempo, permite-nos rir, chorar e oferece-nos razões para não nos rendermos perante alguma adversidade, não só por tudo o que referi, mas também porque estão aí, sempre à nossa disposição. Seja para ler apenas umas linhas ou fazer uma maratona de horas e horas literárias, eles estão aí.
Os livros também têm o poder de juntar as pessoas, de fazer com que a amizade, o companheirismo se tornem ainda mais cúmplices, mais preciosos. Fazem isso comigo e com a gente que me rodeia e fizeram isso com os protagonistas de A vida quando era nossa.
Matías e Lola são um casal que tem uma pequena livraria num beco sem saída no centro de Madrid. Dedicam a sua vida a vender material de papelaria, deixam que adolescentes comprem livrinhos de romances cor-de-rosa e os devolvam para levar outros, vão a casa de alguns clientes levar em mão algumas obras e muito de vez em quando têm um cliente interessado em algum autor célebre. Não têm uma vida fácil, perderam muito com a guerra civil e os anos que se seguiram, mas o amor e os ideais que os unem dão-lhes força para não baixarem os braços, para não serem um número mais numa população vergada ao regime franquista, que a tudo e todos tenta abafar e atemorizar.
A vida dos dois, que até então seguia uma rotina bem oleada de casa – livraria – casa, é sacudida pela surpreendente aparição de um livro que Matías lê de uma assentada. Como a sua narrativa é empolgante, decide partilhá-la com os seus clientes. Fá-lo, abrindo-o nas suas páginas iniciais e pondo-o na montra da livraria, para que assim todos tenham acesso à história de A rapariga dos Cabelos de Linho e possam acompanhar, todos os dias, o desenrolar do seu enredo. Contudo, a iniciativa de Matías não tem o impacto que ele desejava. Apenas uma senhora já de alguma idade, com aspeto de ser estrangeira, se detém a olhar a montra e mostra interesse no que lá está exposto. Troca umas impressões com Lola e convence-a a ler-lhe a obra em voz alta.
A partir daqui, a narrativa intercala capítulos que nos narram o quotidiano madrileno de Matías, Lola e Alice, a senhora de aspeto estrangeiro, com outros dedicados à leitura de A rapariga dos Cabelos de Linho, leitura essa que acontece sempre às terças e quintas de manhã, quando na livraria está apenas Lola. Será então nesses períodos matinais que as duas mulheres (aparentemente distintas, mas com tanto em comum), lendo o mesmo livro juntas, comentando algumas das suas passagens, predizendo o futuro de alguma personagem, iniciarão uma relação de amizade e de cumplicidade, daquelas que nos permitem fazer as mais íntimas confidências e que dão um sabor tão especial à vida.
A vida quando era nossa é por tudo isto uma obra que nos toca, que nos fala daquela maneira intensa ao coração. A sua história está escrita de uma forma serena, tranquila, mas possui os ingredientes necessários para ser um bálsamo para a alma e para mexer connosco. É certo que toca de uma forma mais veemente a quem é amante das leituras (tropeçamos frequentemente em referências a autores clássicos como Emily Brontë, Emily Dickinson, Joseph Conrad, James Joyce e muitos mais ou ainda em fragmentos de obras ou poemas), mas ninguém conseguirá ficar indiferente às personalidades cativantes dos três protagonistas, às descrições de épocas tão marcantes como os “loucos anos 20” ou a guerra civil espanhola e posteriores anos e à mensagem intrínseca que retiramos de tudo o que lemos até que fechamos a obra – por muito que a realidade seja adversa, por muito que já tenhamos sofrido, não nos podemos render. Temos que, como dizem os espanhóis, “seguir adelante”, apoiar-nos naqueles que estão ao nosso lado, não deixar de lutar por aquilo em que acreditamos e continuar a usufruir da companhia imprescindível dos livros. Porque eles podem salvar-nos!
Recomendo assim que leiam esta obra preciosa, que se deixem cativar por ela, porque seguramente não se arrependerão J

NOTA – 09/10


Sinopse
A Vida Quando era Nossa é um tributo à literatura, mas é sobretudo uma história de amizade entre duas mulheres. Uma história que começa quando se abre um livro e que só termina quando todas as pontas da narrativa se unem. 
«Tenho saudades do tempo em que a vida era nossa», diz Lola, a protagonista do romance. Sente falta da sua vida, tão cheia de esperança, feita de livros e conversas ao café, sestas ociosas e projetos de construir um país. A Espanha que, passo a passo, aprendia as regras da democracia.  Mas, em 1936, chega um dia em que a vida se transforma em sobrevivência e agora, passados quinze anos, a única coisa que sobra é uma pequena livraria, meio escondida num dos bairros de Madrid, onde Lola e Matías, o marido, vendem romances e clássicos esquecidos. 

É nesse lugar modesto que, em 1951, Lola conhece Alice, uma mulher que encontrou nos livros uma razão para viver. Acompanhamos a amizade entre as duas, atrás do balcão a lerem o mesmo livro juntas, e isso leva-nos atrás no tempo, à Londres do início do século XX, para conhecermos uma menina que se perguntava quem seriam os seus pais…

Foi exatamente há um ano que tudo começou!...

Sexta-feira, 24 de julho de 2015




O sabor dos meus livros está de parabéns!!! Foi precisamente há um ano que iniciei esta jornada blogueira, que decidi partilhar no mundo virtual aquilo que já vinha fazendo em papel desde 2011, isto é, dar a conhecer a paixão que tenho pela leitura, o papel preponderante que os livros têm na minha vida desde os meus 7, 8 anos e o quanto não sei viver sem uma entusiasmante narrativa entre mãos J

Tenho a firme intenção de continuar com este projeto e desejo muito, mas mesmo muito, que este meu “bebé de opiniões literárias” continue a crescer tão saudável como até aqui e que eu continue a ter disponibilidade para alimentá-lo e apaparicá-lo!

Agradeço do fundo do coração a todos vocês que têm “provado” O sabor dos meus livros e o têm engordado com visitas e comentários muito saborosos J! Continuem por cá, nós ficaremos muito gratos J!

O meu irmão. de Afonso Reis Cabral

Terça-feira, 21 de julho de 2015




Hoje fiz uma maratona de 2 horas matinais para poder terminar a obra que tinha em mãos – O meu irmão, de Afonso Reis Cabral. E agora que lhe virei a última página, só consigo dizer que o que sinto nestes minutos pós leitura é um emaranhado de estranheza, estupefação e aturdimento… Dios mío, que final é este?... Quem é afinal “o meu irmão”?... Que perspetiva tenho que ter em conta para compreender deveras a quem se refere o determinante possessivo da expressão que dá título à obra?...
Estas são as perguntas que ainda pululam na minha cabeça e mostram, no meu ponto de vista, algo inegável – o autor é “um puto” com talento. Escreveu um livro que não deixa ninguém indiferente, quer se goste ou não da narrativa que contém. O seu final é verdadeiramente inesperado, para deixar qualquer leitor “abananado”. Nada do que se lhe antecede nos leva a pressupor o que iremos encontrar nas páginas finais e apanha-nos completamente de surpresa, mesmo um leitor experimentado e “com muita rodagem” nestas andanças literárias.
Não posso afirmar que tenha sido uma leitura fácil e agradável. As personagens, na generalidade, não conquistam a nossa simpatia, à exceção do pai dos dois irmãos que, para mim, contém doçura, imaginação e fantasia em doses suficientes para cativar-nos sem que para isso necessite de muito destaque na ação. As restantes, sobretudo o narrador e os vizinhos que “lhe fazem companhia” na reclusão a que se obriga (a si e ao seu irmão) em Tojal são personagens cuja descrição e ações nos fazem criar deles um retrato cru, frio, de gente insípida, que nada dá nem recebe da vida e que nos levam instintivamente a mostrar o desagrado e a estranheza que são habituais em situações que estão para além do nosso entendimento ou que produzem aversão, repugnância.
A ação arranca com uma viagem atribulada (como é qualquer viagem que façamos por terras montanhosas como o são as terras de Arouca e vizinhas) que o narrador faz com o seu irmão Miguel, portador da síndrome de Down, e de quem toma conta desde que os seus pais faleceram. O destino é Tojal, uma aldeia perdida nas serras e onde os dois irão passar uma temporada para que o Miguel se recupere do seu afastamento de Luciana, que, como saberemos posteriormente, é o amor da sua vida.
Essa reclusão a que o narrador submete o irmão (e, por consequência, a si também) permite-nos conhecê-los melhor, não só através das descrições do que vão fazendo para ocupar os seus dias como principalmente através de recorrentes analepses a vários momentos passados da vida de ambos. Assim, iremos compreendendo que, presentemente, do afeto e da cumplicidade que na infância uniram os dois irmãos já quase nada resta e que a sua convivência é marcada pela tensão, pela indiferença, pelo ressentimento, pela raiva e por algo obscuro de que pouco ou nada sabemos…
A ação vai sendo então preenchida com as referidas analepses e descrições do quotidiano (estranhíssimo…) em Tojal e isso faz com que determinadas passagens sejam um pouco entediantes. Em contraste, assinalo o início da narrativa e principalmente a parte final, aquela que nos vai esclarecendo, que nos vai dando respostas sobre a importância de Luciana para Miguel, sobre o porquê deste ter ficado ao encargo do seu irmão e não das suas irmãs (com quem tinha um contacto mais próximo) e sobre quem é na verdade o narrador, essa personagem contraditória, solitária, estranha, misantropa e que está tão exemplarmente bem construída que não é possível que ninguém lhe fique indiferente.
É na construção das personagens e numa escrita crua, violenta e ao mesmo tempo com passagens belíssimas que reside a mestria do autor. Ao longo da leitura questionei-me muitas vezes sobre o quão bem Afonso Cabral, de 24, 25 anos, retrata um homem com quase o dobro da sua idade e descreve situações associadas a realidades distantes da sua. Assinalo como exemplos dessa competência a descrição da morte do pai, o capítulo que nos fala da velhice dos pais e da carinhosa e mútua dependência dos dois e de Miguel; o final assombroso e outras passagens que transcreverei a seguir.
Em conclusão, recomendo esta obra a quem for apreciador de uma escrita ingeniosa e de uma narrativa surpreendente. Não a recomendo a quem estiver somente à espera de uma história que aborde a síndrome de Down por si só ou que deseje uma leitura leve ou fácil. O meu irmão não se enquadra de maneira nenhuma nesses parâmetros e nem nos de uma leitura agradável, prazenteira. Não nos deixa indiferente, é verdade. Mas é tão surpreendente como incomodativa… E mais não digo J
Aqui ficam as prometidas passagens:
Naquela zona o homem ainda não existira. Era como se também nós não existíssemos e por isso, por muito que as canções digam que aos vinte anos somos os reis do mundo, ali pouco mais éramos do que reis de nós mesmos. Para além disto, apenas o tojo, os pinheiros, os choupos, as bétulas e os eucaliptos, mas sobretudo o vento sobre o tojo, os pinheiros, os choupos, as bétulas e os eucaliptos. O mesmo vento que se deitava no rio e depois, já erguido, abanando-se como um cão, espalhava um pouco de rio pelos montes em volta.” (pág. 63)
A água deixava uma camada doce na pele e especialmente no pescoço da minha namorada. E na boca. O que mais ouvia era a respiração dela a repercutir-se na minha. As formas do biquíni acompanhavam o respirar e o corpo parecia um pássaro acossado mas apto para voar. (…) Deixei de prestar atenção aos pormenores, por exemplo o lóbulo da orelha ou um gesto mais cansado. Ela perdeu presença em mim, esqueci-me de a incluir nas palavras do dia-a-dia.” (pág. 64)
“… os livros eram um local onde eu ouvia as vozes dos outros como se fossem ditas por mim. Deste modo, não representavam bem um refúgio, mas sim o sítio aonde voltava a casa.” (pág. 121)

NOTA – 08/10

Sinopse
Com a morte dos pais, é preciso decidir com quem fica Miguel, o filho de 40 anos que nasceu com síndrome de Down. É então que o irmão - um professor universitário divorciado e misantropo - surpreende (e até certo ponto alivia) a família, chamando a si a grande responsabilidade. Tem apenas mais um ano do que Miguel, e a recordação do afeto e da cumplicidade que ambos partilharam na infância leva-o a acreditar que a nova situação acabará por resgatá-lo da aridez em que se transformou a sua vida e redimi-lo da culpa por tantos anos de afastamento. Porém, a chegada de Miguel traz problemas inesperados - e o maior de todos chama-se Luciana.
 Numa casa de família, situada numa aldeia isolada do interior de Portugal, o leitor assistirá à rememoração da vida em comum destes dois irmãos, incluindo o estranho episódio que ameaçou de forma dramática o seu relacionamento.

O Meu Irmão, vencedor do Prémio LeYa 2014 por unanimidade, é um romance notável e de grande maturidade literária que, tratando o tema sensível da deficiência, nunca cede ao sentimentalismo, oferecendo-nos um retrato social objetivo e muitas vezes até impiedoso.

La excepción, de Audur Ava Ólafsdóttir

Quinta-feira, 16 de julho de 2015



Concluída a leitura de La excepción, impõe-se esta questão - como reagiríamos se o amor das nossas vidas, com quem partilhamos um casamento perfeito, idílico, abruptamente nos anunciasse que quer terminar a relação, que nos quer deixar?
Flóki, na noite de passagem de ano, que simbolicamente representa o deixar o passado para trás e abraçar novos projetos, comunica a Maria que o seu casamento tem que terminar porque está apaixonado por outra pessoa, mais propriamente por outro homem. Faz este anúncio de forma tranquila, mas categórica, saindo da casa que dividia há onze anos com a mulher nessa mesma noite.
É desta forma cativante que a autora inicia a narrativa de La excepción. Contagiado que está o leitor, dificilmente não quererá prosseguir com a leitura. E foi isso que me sucedeu.
Maria narra em primeira pessoa o choque que procede ao anúncio do rompimento do seu casamento “de conto de fadas” e nas páginas que se seguem permite-nos ser “ a sua sombra”, ou seja, compartilha connosco todo o seu estupor inicial, a sua incredulidade, o “escavacar” nas recordações em busca de indícios que a ajudem a entender a decisão de Flóki e deixa ainda que nos “mudemos para sua casa” e acompanhemos o seu dia-a-dia de mulher recém-separada. Tudo isto nos chega através de uma perspetiva muito feminina, que me levou imensas vezes a anuir em jeito de compreensão perante pensamentos ou ações e a refletir sobre como reagiria eu se uma mudança tão dolorosa ocorresse na minha vida.
La excepción é então uma obra onde imperam as reflexões, as emoções, as recordações, o que de mais pessoal temos. Apesar de estar construída em capítulos muito curtinhos, não é uma obra cuja ação se desenrola rapidamente ou com acontecimentos imprevisíveis. É uma obra que vai muito ao encontro dos meus gostos, porque, por um lado, se centra nas personagens, no seu lado mais íntimo, mais revelador, mais nu e por outro porque nos “obriga” a criar laços com as mesmas, sejam eles de empatia, de antipatia ou de indiferença.
É muito fácil criar empatia com Maria. Como mulher, como mãe, como uma profissional que demonstra paixão pelo que faz. Sofri com a sua incredulidade, com o seu embrutecimento perante a reviravolta dorida que abalroou a sua existência, compreendi os seus gestos (vestir uma camisola do marido para ainda o sentir como “seu”, telefonar-lhe às horas mais estranhas para confrontá-lo com perguntas que precisavam de ser respondidas, fazer alguma ação drástica “só para ver se ele se tocava e entendia o quanto ela ainda lhe fazia falta”, enfim, gestos que, como mulher, percebo demasiadamente bem) e quis dar-lhe a mão para que não se sentisse tão desamparada e, ao mesmo tempo, para que pudesse recomeçar.
Também é fácil sentir uma clara simpatia pela sua vizinha, Perla. Será esta que, como conselheira matrimonial, escritora e sobretudo confidente, ajudará Maria, apoiando-a com os seus conselhos, com as analogias um pouco estapafúrdias e com a sua presença constante. Será ela que a guiará na escolha de um irremediável novo rumo.
Já Flóki não é uma personagem com quem nos possamos identificar de imediato. É um homem quase perfeito, um marido e pai modelo, sempre muito carinhoso com Maria, atento a cada detalhe, enche-a de mimos, mas está completamente dividido – por um lado, ama a sua família; por outro, não consegue evitar trair a mulher com outros homens em escapadelas frequentes. Como tal, toma a decisão que toma, pois tem consciência de que tem que experimentar esse caminho, mesmo que de vez em quando ainda retome os conhecidos desvios.
Estas são as personagens com mais relevo na obra. Há outras, como os gémeos de dois anos e meio, filhos de Maria e Flóki; o jovem vizinho de Maria e seu declarado admirador; os pais de Maria e de Flóki ou ainda o amante deste. Vamos conhecendo-os com menos detalhe, mas não deixam de ser uma parte importante de uma obra escrita com um estilo muito próprio, que nos apresenta as personagens, que nos apresenta a sua vida, mas que o faz com um tom grave, mas não dramático, daquele que puxa pela lágrima fácil. Aborda temas profundos como a perda de um companheiro que julgávamos para toda a vida, a busca da nossa verdadeira identidade, a sinceridade que é imperativa numa relação, a adoção, a desejada maternidade. Mas aborda-os com a necessária gravidade e, para mim, esse é um dos muitos aspetos positivos desta obra.
Outro desses aspetos positivos é o quanto o que nos é narrado em 291 páginas é tão verosímil. Falo da imprevisibilidade da nossa existência, das mudanças que podem surgir de um momento para o outro e que nos obrigam a saber como adaptar-nos a essa novas circunstâncias. Que nos obrigam a aprender.
Não posso deixar ainda de mencionar como me agradaram os diálogos entre Maria e Perla. Sempre acompanhados de comida e bebida. O que, na minha opinião, comprova o quanto o ato de partilhar reflexões, sentimentos está muitas vezes associado ao estar sentado à mesa.
Concluo fazendo a inevitável comparação entre La excepción e Rosa Candida, a primeira obra que li desta autora. É certo que gostei muito das duas, mas sinceramente preferi a que acabei de ler agora. Têm as duas um desenlace aberto, estão plenas de momentos que puxam pela reflexão, as histórias cativam, mas, por uma questão de géneros, identifiquei-me mais com Maria que com Lobbi, o protagonista masculino de Rosa Candida.
Por fim, quero agradecer às minhas espanholitas por me terem “regalado” este livro. Muchas gracias, os quiero a todas de una forma muy, muy especial J

NOTA – 09/10

Sinopsis

«Tú serás la última mujer de mi vida» es la confesión que escucha María una Nochevieja de boca de su marido, un matemático especialista en la teoría del caos que parecía el hombre perfecto. Perpleja por la separación, María debe afrontar también la repentina aparición de su padre biológico. Sin embargo, gracias al cortejo de un joven vecino aficionado a la ornitología y a la amistad entrañable de Perla, «doctora en Psicoanálisis, consejera matrimonial y escritora», sus pasos emprenden un nuevo rumbo.

No limiar da eternidade, de Ken Follett

Quinta-feira, 09 de julho de 2015




   
Opinião
         Em dez dias “papei” as 1022 páginas de No limiar da Eternidade, o terceiro volume da trilogia O Século. E a velocidade com que o li (com uma média de 100 páginas por dia) só vem confirmar que é bastante difícil para qualquer leitor que sinta especial predileção por romances históricos ficar indiferente a esta descomunal saga que abarca um século tão estimulante como foi o século XX.
         Continuo a ter consciência de que não sou uma admiradora ferrenha de Ken Follett. Continuo a achar que é um autor com um estilo bastante prosaico, que a construção das suas personagens não varia muito de obra para obra, que poderia trabalhá-las mais, dar-lhes mais profundidade psicológica e que há contextos e momentos que são abordados com muito detalhe enquanto outros são pouco ou nada mencionados. A guerra que os Estados Unidos combateram em terras vietnamitas é um exemplo do que, no meu ponto de vista, foi abordado, neste volume que encerra a trilogia, muito ao de leve e de uma forma desajustada, ou seja, pareceu-me que o autor, ciente da importância desse conflito, sabia que tinha que abordá-lo, mas fê-lo muito superficialmente e, apetece-me dizê-lo, “ao despacha”.
Contudo, os aspetos positivos que caracterizam No Limiar da Eternidade suplantam consideravelmente os negativos – a narrativa é rápida, os capítulos são pouco extensos, os acontecimentos que os vão preenchendo não nos deixam indiferentes, espicaçam a nossa curiosidade e é impossível não querermos seguir as vidas das personagens que tão de perto e de forma tão íntima estiveram presentes em acontecimentos como a passagem dos irmãos Kennedy pela Casa Branca e pelos comandos políticos do considerado país mais poderoso do mundo; os seus assassinatos; a luta dos negros americanos pelos direitos civis mais básicos (como poder frequentar a mesma casa de banho pública, os mesmos restaurantes, os mesmos espaços sociais que os brancos); os inesquecíveis discursos de Martin Luther King; o declínio do comunismo soviético e da Cortina de Ferro; a queda do muro de Berlim e os intermináveis anos da chamada Guerra Fria.
Tal como sucede com as obras antecessoras, em No Limiar da Eternidade voltamos a acompanhar as famílias que já conhecemos desde A Queda dos Gigantes e que nos fazem viajar desde a União Soviética, a Alemanha de Leste, Inglaterra até aos Estados Unidos, com breves passagens por outros países como Cuba, Vietname, Polónia ou Hungria. Voltamos igualmente a sentir que o autor não permite que olhemos para mais um conflito (a Guerra Fria) como uma luta entre os bons e os maus. Tanto encontramos gente sem escrúpulos, que não olha a meios para atingir os seus fins do lado comunista como do lado capitalista. Aliás, a ambição, a mentira, a hipocrisia, a dissimulação de dar a entender que o interesse de uma nação está acima dos interesses pessoais estão bem mais presentes nas personagens americanas, sobretudo nas que verdadeiramente moldaram a História dos Estados Unidos, como Nixon, Reagan ou Bush pai.
Esta opinião não ficaria completa se não fizesse alusão aos outros aspetos que tanto representaram a segunda metade do século XX – a luta pela igualdade entre raças e sexos; a emancipação da mulher; a defesa do “amor livre, sem barreiras”; a descrição da roupa que foi caracterizando os anos sessenta, setenta e oitenta (de tão mau gosto… J) e sobretudo a música, o poder da música como linguagem universal, como arma de revolta, como símbolo de liberdade e que nenhum muro de betão ou de arame farpado, nenhuma ideologia pôde travar. Dave, Walli, Karolin, Lili são jovens que acreditam que a música poderá não só dar aquele sentido às suas vidas pessoais como conseguirá fazer do mundo em que vivem um mundo melhor, onde imperará o amor, o respeito e a liberdade. E têm razão, porque a arte, em qualquer das suas componentes tem esse poder, como já inúmeras vezes o comprovou ao longo da História.
Em jeito de conclusão, digo que ler esta obra não foi um desperdício de tempo. Pelo contrário. Ajudou-me imenso a conhecer melhor uma época entusiasmante da História mundial que nunca abordei convenientemente na escola e da qual tinha um conhecimento muito limitado. É uma obra que, além desse lado informativo e didático, é um bom exemplo de entretenimento e de prazer e que, como tal, vale a pena ler.
Recomendo aos leitores que ainda não leram nenhum dos volumes que o façam de uma assentada só, isto é, que adquiram ou peçam emprestados os três volumes e que os leiam um a seguir ao outro. Não perdem tanto “o fio à meada” como eu, por exemplo, que tive que estar à espera do lançamento de cada um deles e que entre a leitura do volume I, do II ou do III tive que fazer um interregno de pelo menos um ano. É certo que as personagens não são as mesmas, mas estamos a falar de famílias cujas vidas estão intimamente entrelaçadas, por isso o leitor fica a ganhar se não houver um salto temporal grande entre a leitura de cada volume.

Por fim, deixo-vos uma canção de que gosto muito e que considero ser a banda sonora perfeita para ler qualquer livro que aborde a Guerra Civil:

NOTA – 07/10

Sinopse
Enquanto as decisões tomadas nos corredores do poder ameaçam extremar os antagonismos e originar uma guerra nuclear, as cinco famílias de diferentes nacionalidades que têm estado no centro desta trilogia O Século voltam a entrecruzar-se numa inesquecível narrativa de paixões e conflitos durante a Guerra Fria.
Quando Rebecca Hoffmann, uma professora que vive na Alemanha de Leste, descobre que anda a ser seguida pela polícia secreta, conclui que toda a sua vida é uma mentira. O seu irmão mais novo, Walli, entretanto, anseia por conseguir transpor o Muro de Berlim e ir para Londres, uma cidade onde uma nova vaga de bandas musicais está a contagiar as novas gerações. Nos Estados Unidos, Georges Jakes, um jovem advogado da administração Kennedy, é um ativo defensor do movimento dos Direitos Civis, tal como a jovem por quem está apaixonado, Verena, que colabora com Martin Luther King. Juntos partem de Washington num autocarro em direção ao Sul, numa arriscada viagem de protesto contra a discriminação racial. Na Rússia, a ativista Tania Dvornik escapa milagrosamente à prisão por distribuir um jornal ilegal. Enquanto estas arriscadas ações decorrem, o irmão, Dimka Dvornik, torna-se uma figura em ascensão no seio do Partido Comunista, no Kremlin.
Nesta saga empolgante que agora se conclui, Ken Follett conduz-nos, em No Limiar da Eternidade, através de um mundo que pensávamos conhecer, mas que agora nunca mais nos parecerá o mesmo.

MELHORES LEITURAS DE 2014




        O ano de 2014 foi o ano de viragem na minha vida de “livrólica” assumida. Foi em julho, mais propriamente no dia 24, que concretizei um dos meus maiores sonhos – partilhar as minhas leituras no tão ansiado e planeado blogue “O sabor dos meus livros”.
        2014 foi também o ano das releituras. Reli obras dos mais variados autores. Reli obras juvenis e menos juvenis. Retirei da estante histórias que voltaram a encantar-me, que despertaram sensações e sentimentos e que comprovaram que ler de novo algumas histórias pode ser tão bom ou melhor do que lê-las pela primeira vez, já que regozijamo-nos, sofremos ou enternecemo-nos com aquelas passagens ou personagens que nos marcaram de forma especial e compreendemos melhor determinados pormenores que nos escaparam aquando do primeiro contacto com a obra.
        Por fim, 2014 foi o ano de leituras maravilhosas. As que elegi como as melhores, como aquelas que me arrebataram intensamente e que ficarão comigo. Para sempre.
        Ei-las, as leituras que volto a recomendar, sem qualquer reserva.
(Clicando no nome da obra, poderá aceder-se à opinião/crítica completa)

        A rapariga que roubava livros, de Markus Zusak

        À partida, A rapariga que roubava livros oferecia todos os ingredientes para prender a minha atenção - o título (como é que uma livrólica como eu poderia resistir-lhe?...); a ação passada na 2a Guerra Mundial; a alusão ao campo de concentração de Dachau (o único que já visitei até hoje e que me tocou de uma forma penosamente triste); o narrador, ou melhor, a narradora - morte (que me levou a recordar, uma vez mais, o meu Saramago e as suas Intermitências da Morte)  e o amor aos livros, sim, o amor aos livros que faz com que a minha vida tenha um sabor tão mais docinho :)
E as expetativas que esses ingredientes criaram foram amplamente suplantadas - Markus Zuzak escreveu uma obra que nos toca!
        NOTA – 10/10

Las tres bodas de Manolita, de Almudena Grandes

        O terceiro volume da saga Episodios de una Guerra Interminable. O melhor dos três, na minha opinião. Almudena Grandes presenteia-nos (com a genialidade a que já me/nos habituou) uma história que nos transporta aos anos do pós-guerra, durante os quais seguiremos as vidas de várias personagens (sobretudo Manolita e seus familiares) que tentam sobreviver da melhor maneira possível, lutando contra a fome, a falta de condições de vida e contra um regime franquista que espalha os seus poderosíssimos tentáculos por todas as partes, destruindo de uma forma lenta, mas inexorável, as já devastadas vidas das famílias que apoiaram a República.
        Obra simplesmente FANTÁSTICA!
        NOTA – 10/10


        Meu pé de laranja lima, de José Mauro Vasconcelos

        Esta obra tem que ser lida por todos. É um hino à amizade, à doçura, traquinice, inocência e imaginação infantil (e não só…), enternece-nos até às lágrimas e ficará para sempre comigo. Para sempre. Zezé tem esse poder. Conquista-nos. Irremediavelmente.
        Volto a agradecer à “minha” Betinha por me ter recomendado esta obra. Mil vezes obrigada, querida J
        NOTA – 10/10


        Os peixes da amargura, de Fernando Aramburu

Não sou grande admiradora de contos. Penso sempre que são como dar um docinho a uma criança e tirá-lo a meio, quando se está a lamber a boca, a saborear a doçura e já a salivar de prazer J Mas tenho que confessar que todos os contos de Os Peixes da Amargura conseguiram, apesar do seu título “amargo”, deixar-me um sabor pleno e muito aprazível na alma. Porque transmitem-nos emoções, convidam-nos a entrar na vida quotidiana da gente basca, de homens e mulheres que conviveram e convivem de perto com a luta fratricida por um objetivo, pelo nacionalismo e independência de uma região que se sente sufocada pelo poder central.
Obra recomendadíssima! Gracias, Nancy, pela dica preciosa J


Não te movas/Não te mexas, de Margaret Mazzantini

        Não te movas é uma obra lindíssima e que merece ser lida por todos aqueles que se pelam, que anseiam por uma história que os abane, que os toque no que têm de mais íntimo e os faça não querer largar o livro mesmo quando leem a sua última frase. É esse o poder que as obras desta magnífica escritora têm e que me faz lê-las, relê-las e esperar ansiosamente por novas obras!
        NOTA – 10/10


        Coração tão branco, de Javier Marías

Este é o segundo livro de Javier Marías que leio e cada vez estou mais empolgada com este escritor castelhano!!! Tal como Os EnamoramentosCoração tão Branco é um livro que nos prende a atenção desde o seu início – a tragédia que ocorre no seio da família do protagonista ainda este não era nascido possui todos os ingredientes para cativar-nos, para deixar-nos em polvorosa porque queremos saber o que esteve por detrás do suicídio de alguém recém-casado e supostamente feliz. Contudo, tenho que confessar que, por muito intrigante e emocionante que seja o início da obra, o que mais me arrebatou foi o que caracteriza o estilo deste fantástico autor, a estrutura complexa da obra, com um desfiar, do princípio ao fim, dos pensamentos do narrador sobre variadíssimos assuntos – casamento, relações humanas, segredos, suspeitas, o poder das palavras.
NOTA – 09/10



Mar de mañana, de Margaret Mazzantini

Li algures que Mazzantini vomita lirismo e não podia estar mais de acordo. Esta autora italiana é, sem dúvida alguma, uma das minhas favoritas e nunca consigo resistir a ler e a reler as suas obras. A prova do QUANTO eu sou viciada no que edita (e sou mesmo, mas mesmo viciada) é que já reli as três obras dela que moram na minha estante.
Sinto-me realmente presa ao estilo de Mazzantini, ao quanto as suas histórias nos transmitem de lirismo, beleza, imagens densamente carregadas de sentimentos, sensações e da complexidade do que nos define como seres humanos.
NOTA – 09/10



Jerusalém, de Mia Couto

Com a leitura de Jerusalém, entrei no mundo de Mia Couto e dele já não saio mais!!!
É a história de quatro homens (um pai, dois filhos e um capataz), que se refugiam numa antiga coutada de caça, em fuga da cidade e de um passado demasiado presente. É ainda e sobretudo a história de Mwanito, o filho mais novo e narrador da obra, que apenas conhece o mundo de Jerusalém e que nada sabe do que se passa no mundo do “lado de lá” e que sofre por nunca ter conhecido a mãe. São dele as palavras que me conquistaram, logo no início da narrativa – “A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas.” (pág. 13)

NOTA – 09/10

Conversa n'A Catedral, de Mario Vargas Llosa

Quinta-feira, 26 de junho de 2015





Opinião
Hoje terminei de ler a obra mais aclamada de Vargas Llosa, aquela que o próprio autor diz que seria a que salvaria de um incêndio se apenas pudesse salvar uma das suas obras.
Conversa n’A Catedral proporciona-nos uma leitura muito complexa e que pode desarmar-nos logo nas primeiras páginas, porque a ação não segue uma ordem cronológica, há “muitos saltos” no tempo (ao passado e ao futuro), não sabemos bem quem são as personagens e em meia página podemos ficar completamente desnorteados…
Contudo, tendo a conta a admiração que nutro por Mario Vargas Llosa, não desisti e a minha tenacidade foi recompensada porque consegui encontrar-me no ritmo da leitura e, à medida que a leitura avançava, tudo ia ficando mais claro, página após página, apesar de ser só no final que tomamos conhecimento do que aconteceu a todas as personagens.
A obra centra a sua trama no país natal do autor, mais propriamente no Peru dos anos cinquenta, uma época de muita corrupção e de repressão, e oferece-nos uma história recheada de personagens desencantadas e “jodidas”, que lamentam a sua vida e que, tendo tudo para serem bem-sucedidas, não o foram, convertendo-se em alguém mais de um país que, em um determinado momento da sua História (que nem o próprio autor sabe) “se había jodido”. Tal como muitas outras nações… tanto no século passado como nos dias de hoje L
Para quem nunca leu Vargas Llosa, esta obra poderá levar um possível leitor a odiá-lo ou a render-se ao seu talento. Eu sinceramente não consigo afirmar aqui que estou desejosa de ler outra obra sua, mas também estaria a mentir se dissesse que a leitura de Conversa n’A Catedral foi um desperdício de tempo. De maneira nenhuma. Considero sim que a complexidade da parte inicial pode desmoralizar um leitor que até nem seja um principiante nestas andanças da literatura…

Sinopse
Sentados a uma mesa da taberna A Catedral, o jornalista Santiago Zavala conversa com o seu amigo Ambrosio. Estamos em Lima, na época ditatorial do general Manuel A. Odría (1948-1956), e dessa conversa acompanhada de cerveja emerge um Peru cruel, corrupto, desesperançado, matéria-prima ideal, portanto, para um romance que só um grande jornalista e escritor como Vargas Llosa poderia ter produzido.

Uma história esplêndida que reúne muitos dos ingredientes que fizeram a fama do autor peruano - as críticas ácidas, a irreverência, a rebeldia e o humor sarcástico.

O Professor, de Charlotte Brontë

Sábado, 07 de junho de 2014




Opinião

O Professor narra-nos a história de William Crimsworth que, desde muito jovem, não teve uma vida muito fácil. Órfão, sem recursos financeiros, não conta com a ajuda de ninguém, nem mesmo com a do seu irmão que, apesar de lhe ter oferecido um emprego, o fez com segundas intenções e trata William com prepotência e desumanidade.
Numa segunda parte da obra (aquela que considero mais empolgante), encontramos o protagonista na Bélgica, trabalhando como professor em dois colégios e será num deles que viverá as suas primeiras experiências de amor, uma delas bela e serena e que fará com que William amadureça e obtenha aquilo que tanto queria.
Esta é a segunda obra que leio de Charlotte Brontë e mais uma vez, a personagem protagonista é o seu ponto forte, pois lidamos com alguém verdadeiramente humano, com as suas fraquezas e qualidades, que cresce como pessoa com as suas vivências e com a realidade que o rodeia.
Como obra dos princípios do século XIX, O Professor presenteia-nos com uma leitura simples, tranquila, mas com apontamentos muito interessantes e que cativam a nossa atenção. Posso dizer, então, que é sempre bom e refrescante voltar aos clássicos!

Sinopse


O Professor dá-nos a conhecer a história de William Crimsworth, professor num colégio interno para raparigas na Bélgica. Narrado na primeira pessoa, este romance convida-nos a acompanhar a "educação sentimental" do jovem Crimsworth, que sobrevive à orfandade e à penúria e viaja até à Bélgica à procura de uma oportunidade para fazer valer os seus conhecimentos e boas maneiras. 

Balanço mensal - livros lidos e adquiridos em junho

Quinta-feira, 02 de julho de 2015





Não tenho emenda. Voltei a pecar. Havia-me comprometido comigo mesma de que no mês que findou, não havendo a saudosa Feira do Livro por terras invictas, não me iria tentar e não iria comprar nenhum livro. Estive quase, quase a conseguir cumprir a promessa… Contudo, no dia 29 voltei a receber na minha caixa de correio eletrónica a newsletter da Editorial Presença a informar-me de que haviam prolongado por mais um dia a promoção de 50% de desconto em livros publicados há mais de 18 meses. Ora, eu já sabia dessa promoção desde há dois dias atrás, mas não havia caído em tentação. Não caí nesse dia, nem no seguinte. Mas à terceira, não resisti mais e lá me vi forçada a “cuscar” a página da Editorial Presença, a percorrer todo o separador reservado aos romances contemporâneos e a “mandar” para o cesto de encomendas uns poucos exemplares que me foram atraindo. O passo seguinte foi controlar os gastos e eleger apenas três livros para encomendar e que, de preferência, pudessem agradar aos dois leitores adultos cá de casa J
Sendo assim, com um gasto de menos de vinte euros, arranjei mais estes três inquilinos para a minha estante:
§  A rapariga das laranjas, de Jostein Gaardner
§  O violoncelo de Sarajevo, de Steven Galloway
§  O décimo terceiro conto, de Diane Setterfield
São três obras bem distintas entre si, mas que, pelas sinopses, prometem oferecer-me (e ao maridinho também) suculentos momentos de leitura!
Para finalizar, e no que respeita às leituras terminadas no mês de junho, é com algum orgulho que digo que consegui “papar” cinco magníficos exemplares literários (quatro em língua castelhana e um em língua lusa) e assim manter a média mensal deste ano que se afigura um dos mais proveitosos da minha “carreira de leitora” J Tenho também que referir que nesses cinco romances que li, figuram dois dos meus autores por excelência – Margaret Mazzantini e Mario Benedetti – e que tanto uma obra como a outra confirmam (como se ainda precisasse de provas) a genialidade dos seus criadores.
Deixo-vos então a lista dos livros lidos em junho:
§  No me cuentes tu vida, de Luis García Montero
§  Primavera con una esquina rota, de Mario Benedetti
§  El lápiz del carpintero, de Manuel Rivas
§  Nadie se salva solo, de Margaret Mazzantini
§  Um circo que passa, de Patrick Modiano