Balanço mensal - livros lidos e oferecidos/recebidos em março


No mês que terminou há já uns dias, li seis livros. Intervalei de novo leituras de adultos com leituras dos mais novos. Voltei também às leituras em espanhol, apesar da autora ser italiana (as editoras portuguesas – e consequentemente o seu público-alvo – continuam a não ter noção do quanto Margaret Mazzantini é uma escritora brilhante).
Março foi, para além disso, um mês de estreias. Fiz pela primeira vez uma leitura em conjunto com as “donas” de dois blogues que sigo religiosamente. E finalmente, depois de alguma frustração e muita procura, atribuí nota máxima a uma leitura de adultos e a uma leitura infantil, o que me deixou nas nuvens e com aquele sorrisinho de muita satisfação nos lábios.
Arranquei o mês lendo a segunda obra que me emprestaram os filhotes de uma colega de escola. J’ai peur de savoir lire é uma delícia para miúdos e graúdos e, apesar de exigir muito dos meus limitados conhecimentos de francês, conquistou-me desde as primeiras palavras e saboreei, por um lado, cada passo que deu a mãe para que Stéphane ganhasse um amor incondicional pelos livros e, por outro, as teias de encantamento em que o filho se foi enredando e que o leva a ser mais um sedento de histórias escritas.
Admito que desconfiava que seria a minha Mazzantini que me proporcionaria o fim da busca pela leitura perfeita, por aquela à qual atribuiria a nota máxima. E, como era de prever, não estava enganada, pois Esplendor esteve à altura das mais elevadas expectativas e mexeu com todas as minhas fibras. Aliás, senti-me órfã quando terminei de o ler. Como sempre me sinto quando uma história lambe os laivos da perfeição.
Qualquer obra que se segue a uma que nos tenha oferecido perfeição e saciedade está condenada a sofrer por comparação… Contudo, não posso afirmar que tenha sido essa a razão pela qual não concedi uma nota mais alta à obra Uma praça em Antuérpia. Esplendor exigiu muito de mim, deixou as minhas emoções extenuadas e, por isso, decidi que a obra que se lhe seguiria teria que ser mais leve, menos profunda, menos densa. Acompanhei com gosto a história das duas irmãs gémeas, agradeci a oportunidade que me deram de regressar aos palcos da Segunda Grande Guerra e de recordar umas férias inesquecíveis em terras belgas, mas considero que o leitor (e por que não a obra) mereciam outro final, onde o ciúme e a dor de ser rejeitado não tomassem proporções tão rebuscadas…
O coração e a garrafa é outra obra infantil que transborda de dores infantis e que faz com que o nosso coração se condoa e mirre perante a reação de gentinha de palmo e meio quando tem de conviver com o sofrimento. É mais uma prova do quanto quem escreve para os mais pequenos se tem de armar de “arte e engenho” para, num punhado de páginas, contar uma história que agarre um público inocente mas muito exigente.
Uma leitura conjunta entre mim, a Isaura e a Márcia já estava pensada há algum tempo, mas só se concretizou este mês. E valeu muito a espera, não só pela obra que escolhemos para fazê-la como pela partilha de fragmentos, citações e modos de ver personagens, partes da obra e o estilo do autor. A breve e assombrosa vida de Oscar Wao não me cativou nas páginas iniciais, mas como sigo religiosamente as sugestões da Márcia, sabia que, avançando na sua leitura, iria enredar-me na história turbulenta do Oscar e da sua família e que o estilo oralizante e cru do autor não me iria defraudar. E assim foi. A história transfigurou-se, o protagonismo passou a não ser exclusivamente de Oscar e deliciei-me com a sua “coitadice”, as peripécias explosivas por que passaram os seus familiares e encantei-me com tudo aquilo que transborda da obra e nos faz entender um pouco melhor a República Dominicana, o seu povo e, por que não, os latino-americanos.
Encerrei o mês com O menino que não gostava de ler. Trouxe a obra da biblioteca quando ainda estava sob a influência de J’ai peur de savoir lire, talvez em busca de prazeres semelhantes àqueles que havia sentido no início do mês com a obra francesa. Infelizmente os prazeres não se repetiram, pois o que antes havia estimulado empatia e acenos de concordância, deu lugar a sobrolho franzido, a acenos de discordância e a reações de alguma repulsa. Perda de tempo…
No que diz respeito a habitantes novos na estante, tenho, em primeiro lugar, que dizer que fui uma boa menina, que me portei muito bem e que não comprei nenhum livrinho para mim! A terapia está, pelos vistos, a resultar, ou seja, basta olhar para a estante dos não-lidos que tem vindo a desengordar muito lentamente e lá me vejo obrigada a refrear a vontade de acrescentar-lhe mais uns quilinhos 😄
Contudo, como março é mês do dia do pai e de aniversário do filhote, vi-me forçada a comprar um livrinho para o maridinho e dois para o mais pequeno. Ao papá oferecemos-lhe O contador de histórias duma autora de quem ele gosta muito – Jodi Picoult – e cuja narrativa o levará de volta ao conflito de 39-45. Ao filhote, engordámos-lhe a coleção Os heróis do Futebol com os volumes cinco e seis. Além disso, a família e amigos do D. contribuíram e somaram a estes dois outros cinco de outras coleções!
Março foi assim um belo mês de leituras e só quero que este que já começou lhe siga as pisadas!
Por fim, deixo-vos, como é habitual, os links para acederem à opinião completa das obras lidas este mês:
§  J’ai peur de savoir lire, de Olivier de Solminihac
§  Esplendor, de Margaret Mazzantini
§  Uma praça em Antuérpia, de Luize Valente
§  O coração e a garrafa, de Oliver Jeffers
§  O menino que não gostava de ler, de Susanna Tamaro

4 comentários:

  1. Olá Ana
    Foi um bom mês :)
    Que Abril também o seja!
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Sarinha!
      Sim, foi um belo mês que espero que se repita pelos que aí vêm!
      Venham boas e suculentas leituras para as duas!
      Beijinhos e leituras com muito sabor!

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  2. Olá querida Ana,
    Foi um bom mês! Quer para ti, quer para o teu filhote.
    É tão bom ter meses assim!
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Olá, Isa!
      Sim, um ótimo mês sobretudo para o mais novo cá de casa!
      Venham mais meses assim, sobretudo que nos permitam saborear leituras maravilhosas!
      Beijinhos e leituras com muito sabor!

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