Balanço mensal - livros lidos e adquiridos/recebidos em abril


Em abril o outro lado da vida intrometeu-se nas minhas leituras. Viagens, festividades, aniversários, convívios estreitaram o tempo que dedico aos livros e por isso apenas consegui ler três livros. Poderia ter terminado o quarto, que já me acompanha desde o dia vinte, mas não só o referido outro lado bom da vida não o permitiu como o facto da obra de Jaume Cabré ter mais de setecentas páginas fez com que quase fosse uma missão impossível.
Arranquei o mês sabendo que muito provavelmente atingiria a perfeição, que Kate Morton, uma vez mais, me iria enfeitiçar, enredar-me com as suas histórias, as suas personagens, as suas mulheres e me faria sentir perdida e órfã quando encerrasse As horas distantes. E as predições revelaram-se certeiras. Mais um dez em dez, mais uma narrativa que me sugou e cujas protagonistas e histórias pessoais se mantêm ainda hoje comigo.
 A segunda leitura foi igualmente um regresso ao mundo de um autor que me deslumbrou com a primeira obra que aterrou na estante cá de casa. Regressei a Joel Neto e aos Açores com A (sua) vida no campo, um diário do seu quotidiano, das suas reflexões, de pequenezes e minudências de 365 dias sobretudo passados numa pequena aldeia da ilha Terceira. Voltei a derreter-me com a escrita deste açoriano, com a singeleza das suas palavras e sobretudo com o quanto o dia-a-dia de uma pessoa simples e pacata pode ser sinónimo de beleza e encantamento.
Da biblioteca da terrinha veio a terceira obra que li este mês. Trouxe-a comigo por nenhuma razão em particular. Talvez porque queria conhecer uma autora que tem andado na boca de muitos e muitos. Talvez porque poderia surpreender-me e assim levar-me a acrescentar outro nome à lista de aqueles que escrevem delícias que não quero deixar de saborear.
Infelizmente Retrato de família não me surpreendeu. Não me arrebatou ao ponto de querer rapidamente ler mais da sua autora. A sua narrativa tem pontos interessantes, mas peca por ser algo previsível e sobretudo por não aproveitar as possibilidades que se lhe oferecem uma ou outra personagem. Falta-lhe maturidade, porventura porque se trata da obra de estreia de Jojo Moyes. Falta-lhe ainda intensidade e densidade para estar à altura das minhas expectativas, mas admito que a sua leveza e previsibilidade cumpriram o que lhes “pedi”, já que abriram caminho para a obra que se lhe seguiu e que desde as páginas iniciais exigiu toda a minha atenção, toda a minha devoção.
No balanço mensal anterior confessei o quanto tinha sido uma boa menina e o quanto me havia controlado para não pecar e não gastar dinheiro em habitantes novos. Não posso dizer que em abril o mesmo tenha acontecido. Caí em tentação duas vezes. Na primeira não resisti às promoções e adquiri uma obra para o maridinho e outra para mim. Na segunda, vinda de terras espanholas, trouxe na bagagem mais dois habitantes de língua castelhana. Por fim, tenho que agradecer muito ao afilhadinho mais novo, pois presenteou a madrinha com uma obra que fazia parte da minha wishlist!
Da primeira compra veio na encomenda dos correios a obra do Nobel Orhan Pamuk – Cevdet Bei e os seus filhos. Tal como é seu hábito, o maridinho pegou nela mal pôde e, apesar de ainda não a ter terminado (tem mais de setecentas páginas), já frisou por várias vezes que é muito, mas muito boa. Nessa encomenda veio igualmente A vida inútil de José Homem, de Marlene Ferraz, uma obra muitíssimo recomendada pela Márcia e pelo seu planeta e que suspeito que me vai arrebatar.
Os novos habitantes espanhóis são dois e de autores que já conheço e adoro. Patria, de Fernando Aramburu tem ocupado os primeiros lugares dos tops de vendas do país vizinho e vai levar-me de volta ao País Basco e à luta armada pela sua independência que deixou cicatrizes que ainda não sararam. La voz dormida, de Dulce Chacón também está ambientada num período bélico – a apaixonante Guerra Civil espanhola – e será na verdade uma releitura, pois a minha amiga Nancy já mo emprestou há uns bons anos atrás e lembro-me ainda hoje o quanto mexeu comigo a história de um grupo de mulheres inesquecíveis e que foram feitas prisioneiras, mas que nem por isso deixaram de mostrar a sua valentia, ousadia e sacrifício.
Por fim, o quinto habitante chegou à estante pelas mãos do afilhadinho mais novo e O czar do amor e do techno, de Anthony Marra, é outra recomendação vinda direitinha do PlanetaMárcia. As expectativas são elevadas, pois o que a Márcia recomenda dificilmente (mesmo dificilmente) desilude. Não se deixem enganar pelo título estranho e pela capa pouco apelativa, porque o conteúdo é bem sumarento!
Resumindo, abril foi o mês em que li menos. Aliás, não me lembro de ler tão pouco há muito, muito tempo. Contudo, foram três leituras suculentas, duas delas perfeitas ou quase perfeitas. Por isso não posso dizer que esteja desapontada. A vida é, afinal de contas, mais do que leituras!...
E o vosso abril como foi? Partilhem, por favor:
Deixo-vos, como é habitual, os links para acederem à opinião completa das obras lidas este mês:
§  As horas distantes, de Kate Morton
§  A vida no campo, de Joel Neto
§  Retrato de família, de Jojo Moyes

2 comentários:

  1. Mas cada livro que tu lês valem por dois ou três meus! Estou à volta de um com 300 páginas há que tempos, por isso, tive de intercalá-lo com um de 150 para me sentir realizada pela tarefa cumprida. Uma fraquinha, eu sei... ;-)
    Excelentes aquisições! O Czar já está como um dos meus melhores de 2017. Não gosto de livros engraçados, mas a argúcia seca do Marra é fantástica e contrabalança-a bem com a parte trágica. Já mandei vir o outro dele, que ainda não foi traduzido para português, e sabe-se lá se será, não é?
    Paula

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    1. Paula, que bom ver-te por aqui de novo :)
      Não és nada uma fraquinha, cada um com o seu ritmo e com as possibilidades que a vida nos dá para desfrutarmos da leitura.
      Foram boas aquisições, não foram? Tenho um pressentimento que nenhuma, mas nenhuma me vai defraudar! Depois conto-te ;)
      Beijinhos e leituras saborosas, sejam elas curtinhas ou longuíssimas!

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