Ficha técnica
Título – Café
amargo
Autora – Simonetta Agnello Hornby
Editora – Clube do Autor
Páginas – 366
Datas de leitura – de 01 a 07 de agosto de 2017
Opinião
Segunda
leitura do mês. Segunda obra que me foi oferecida – desta vez pela própria
editora 😊
Não me
muni de uma chávena de café, porque o café tem efeitos nefastos no meu sistema
nervoso e na minha locomoção, mas aconselho a quem aprecie (como eu gostaria de
apreciar) esta bebida negra a relaxar debaixo de um toldo, de um guarda-sol, de
uma qualquer sombra, sorver devagarinho goles de café e deixar que a imaginação
vos arraste até paragens mediterrâneas, mais precisamente até à ilha que se
situa mesmo debaixo da “bota” italiana e por lá vagueie durante mais de meio
século.
Maria é
a filha mais velha de um casal siciliano que se casou por amor. Os seus pais
sempre educaram os seus filhos na defesa da igualdade de deveres e direitos e,
por isso, quando Pietro, homem bem mais velho, herdeiro de uma família
abastada, se apaixona à primeira vista por Maria e pede a sua mão em casamento,
esta é quem decide se deve aceitar a sua proposta ou não. Com pouco mais do que
quinze anos, entrega-se a um matrimónio que trará mais desafogo à sua família e
dar-lhe-á asas para voar, crescer como mulher e como amante. Ao lado de Pietro
aprenderá as artes da sensualidade, do sexo, do amor e absorverá, como uma
esponja, tudo o que o seu marido lhe transmitir sobre a história do seu país,
de cidades como Roma, Nápoles, Modena ou Milão e de artefactos que o mesmo
coleciona com avidez.
Assim,
primeiro guiada pela mão do seu marido e gradualmente de forma independente,
uma menina nascida no final do século dezanove floresce, torna-se uma mulher que
brilha por si mesma, pela sua beleza abrasadora, pelo carinho e amor que devota
aos seus, pelas obras que põe em marcha e pela justiça com que lida com tudo e
com todos. É uma protagonista que nos conquista com uma facilidade tremenda,
por quem torcemos do princípio ao fim e que queremos que seja feliz sempre.
Junto dos seus filhos e junto daquele que a amou desde que uma pequenina Maria
lhe pegou na mão e consolou um rapazinho derrubado pela dor de ter perdido o
seu pai.
Café Amargo não é apenas uma obra com uma protagonista
muito carismática. É igualmente um compêndio muito sucinto da história da
Sicília, dessa ilha infelizmente associada a atividades mafiosas, mas que
oferecerá ao viajante muitos, mas muitos mais atrativos para um périplo
geográfico, histórico e social inesquecível, inebriante. Em mim, esta obra
reforçou a vontade quase sofrida de embrenhar-me em território italiano, em
respirar História por todos os seus recantos e em deixar-me embriagar pelas
águas de cores quase incandescentes do Mar Mediterrâneo. Conseguimos
compreender o carácter fechado e intransponível dos sicilianos e conseguimos desculpá-lo,
porque a miséria, a fome, a falta de trabalho, o abuso de poder por parte dos seus
conterrâneos insulares ou dos continentais endurecem qualquer um que queira uma
vida justa. E finalmente enchemo-nos de vontade de passear por Palermo, pelas
aldeias mais remotas e apurarmos as nossas papilas gustativas degustando variadíssimos
doces que povoam a narrativa.
Resumindo,
Café Amargo reúne um amontoado
de aliciantes para uma leitura muito interessante. Agradará aos que buscam um
bom romance histórico e agradará aos que se entregam a uma saga familiar,
adoçada por uma intensa história de amor. É assim uma boa aposta por tudo o que
referi e porque as páginas devoram-se a uma velocidade constante, sem nada
tedioso e com um estilo e uma linguagem simples, sem barroquismos e que cumprem
o objetivo.
Aconselho!
Agradeço
imenso à Berta Lopes, representante da editora Clube do Autor, que muito
gentilmente me enviou esta obra. Muito obrigada e espero que continuemos esta “parceria”
que deveras me agrada!
NOTA –
08/10
Sinopse
Café amargo
acompanha a vida de uma mulher que não se curva perante o poder masculino. O
romance nasce na Sicília, mas a autora transporta-nos até muito mais longe. A
protagonista é uma mulher de paixões, marcada também por vários sofrimentos que
engole com altivez, como se fosse uma chávena de café amargo. A história de
Maria e das suas escolhas pouco convencionais retrata uma época decisiva da
Europa. Um romance histórico marcado por memórias pessoais e vividas.
O pano social retratado do país é realmente espectacular neste livro.
ResponderEliminarOlá, Cláudia, sê bem-vinda ao meu cantinho! Tens razão, ficamos com uma ideia muito verosímil do que foi a Sicília e da fibra dos sicilianos.
EliminarObrigada pelo comentário e volta sempre!
Boas leituras!
Espero que este livro se cruze comigo um dia, porque protagonistas carismáticas e sagas familiares são termos que me deixam logo de orelha arrebitada. E nunca li nada passado na Sicília, que me lembre, logo mais aliciante me parece.
ResponderEliminarPaula
Eu também espero :) Depois conta-me como foi!
EliminarBeijinhos e leituras muito saborosas!
Olá Ana,
ResponderEliminarMuitos parabéns pela parceria. Tu mereces :)
Este livro ainda não li. Mas parece interessante.
Beijinhos e boas leituras
Obrigada :)
EliminarÉ muito interessante, acho que vais gostar!
Beijinhos e leituras saborosas!
Tenho para ler e estava com algum receio que fosse uma daquelas charopadas rotuladas "para mulheres". Mas esta tua opinião deu-me vontade de lhe pegar. Obrigada!
ResponderEliminarAcho que vais gostar! Não está contaminada de lamechice!
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