Carta à mulher do meu futuro, de Péter Gárdos


Ficha técnica
Título – Carta à mulher do meu futuro
Autor – Péter Gárdos
Editora – Alfaguara
Páginas – 224
Datas de leitura – de 27 a 29 de agosto de 2016

Opinião
Tal como nos diz uma citação que surge na contracapa, este livro traz-nos “uma das mais belas histórias de amor da História da Literatura”. Uma história de amor belíssima e repleta de estoicismo, de dois jovens húngaros, judeus, que sobreviveram às barbaridades perpetradas pelos nazis e que se querem desesperadamente agarrar aos frágeis fios que compõem o seu presente.
Muitos anos mais tarde, o fruto da união desses jovens compreenderá que tem que partilhar com o mundo as mágicas e incríveis artimanhas empreendidas pelos seus progenitores para poderem estar juntos.
Após a leitura da sinopse, ninguém consegue ficar indiferente à determinação de Miklós que, pouco tempo depois de ter chegado como refugiado às paisagens geladas da Suécia, envia uma carta a cada uma das 117 húngaras a viver também em campos de refugiados suecos. Quer a todo o custo encontrar o amor da sua vida e pressente que o encontrará numa dessas jovens.
Lili não é a única que lhe responde. Mas é ela que Miklós procura. É ela que fala diretamente ao seu coração e será com ela que manterá uma acesa correspondência epistolar, entre setembro de 1945 e fevereiro de 1946.
Tudo o que rodeia e preenche esta verídica história de amor é maravilhosamente mágico, sobretudo se pensarmos que quem a protagoniza são dois sobreviventes de um dos piores conflitos bélicos de todos os tempos. Foi por tais razões que não hesitei em colocar esta obra na minha wishlist mal soube da sua existência. Contudo, agora que li de fio a pavio não consigo não sentir-me algo defraudada… Se o conteúdo é sumarento, doce e de derreter na boca, à forma falta-lhe alma…
O autor, filho dos protagonistas, é realizador de cinema e encenador. Não é escritor. Não possui, na minha opinião, o engenho e a arte que fazem desabrochar algo que à partida é prometedor em algo literário, poético, capaz de seduzir e subjugar o leitor. O seu estilo é muito objetivo, jornalístico, insonso e, como tal, fez-me progredir na leitura como se estivesse a ler uma reportagem. Pouco ou nada sorri, a empatia com Miklós ou Lili foi insuficiente e fui avançando, página após página, em busca de algo que verdadeiramente me fizesse embarcar na sua história… Infelizmente não o encontrei…
Não posso afirmar que não tenha gostado da obra. Estaria a mentir se o dissesse. Mas gostei como quem gosta daqueles filmes de fim de semana que se repetem até à exaustão em determinados canais. Dou-lhes atenção quando estou sentada no sofá e, depois de um interminável zapping, não há nada que me agarre. Vejo-os porque tenho que ver alguma coisa…
Sendo assim, não sei se recomendo esta leitura. É agradável, mas poderia ser deliciosa. A história de amor de Miklós e Lili merecia ser temperada com mais sal e outros condimentos que a transformassem numa leitura do ano… Ficou em mim algum desapontamento…

NOTA – 06/10

Sinopse

Em Julho de 1945, depois de sobreviver ao campo de concentração de Bergen-Belsen, Miklós, um jovem húngaro de vinte e cinco anos, é enviado para um campo de refugiados na Suécia. Pele e osso, desdentado, doente, o médico dá-lhe poucos meses de vida. Mas morrer depois de sobreviver a uma guerra não está nos planos de Miklós.
Ele não se sente sozinho. Sabe que há 117 mulheres da sua terra a viver em campos de refugiados na Suécia. Ignorando a sentença de morte da febre que o atormenta todas as manhãs, envia uma carta a cada uma delas. Alguma haverá de sucumbir à sua veia poética e sedutora caligrafia.
A centena de quilómetros, Lili responde. Assim começa uma história de amor redentora e inesquecível entre dois sobreviventes que eram também sonhadores.
Baseada na história real dos pais do autor e narrada a partir das cartas trocadas entre os dois, o romance de Péter Gárdos relembra-nos que o amor é uma força de vida, capaz de vencer a própria morte.

4 comentários:

  1. Olá Ana,
    Ohhh estava com tantas expectativas em relação a este livro. Estive com ele na mão esta semana e fiquei cheia de vontade de o ler.
    Pena não ser sido melhor. Mas quem sabe se ainda não lhe dou uma oportunidade.
    Beijinhos e boas leituras

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    1. Isa, acho que lhe deves dar uma oportunidade, se assim o desejares. Não deixes que a minha opinião te trave essa vontade, porque a tua leitura pode ser diferente da minha.
      Para mim não resultou... mas oxalá que para ti seja diferente! Oxalá mesmo que sim!
      Beijinhos e boas leituras!

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  2. Este livro foi-me muito recomendado, mas curiosamente não me deu "aquela" vontade de ler. Acho que não lhe devo pegar...

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    1. É por esse tipo de razões que devemos confiar no nosso instinto ;)

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