Estava
totalmente enganada quando pressupus que agosto seria o mês em que leria mais
livros este ano. Em setembro consegui ler oito, mais um do que o seu
predecessor! Foram três leituras partilhadas com o filhote e cinco mais
adultas!
Partilhei
com o D. as leituras que ele trouxe para fazer em férias. Em agosto, lemos mais
ou menos ao mesmo tempo As naus de
verde pinho, mas com o meu regresso ao trabalho não foi possível
fazê-lo com as restantes três. Li-as pela mesma ordem, mas sempre uns dias após
ele as ter terminado. Fomos trocando impressões e coincidimos em eleger como a
melhor a obra de António Mota – Pedro
Alecrim. É uma história que cativa miúdos e graúdos, que nos faz viajar
para uma aldeia “perdida” no meio de serras e campos, onde a lei do trabalho
não perdoa, onde todos, incluindo os mais novos e franzinos, têm que colaborar
nas tarefas diárias de tratar da lida da casa, do campo e dos animais. É
impossível não nos afeiçoarmos ao jovem Pedro, ao seu grande amigo Nicolau e a
tudo e todos que os rodeiam. Foi um regresso muito saboroso às letras de
António Mota e sinto-me muito feliz por constatar que não sou a única cá de
casa que se derrete com o que o autor de Baião escreve.
As
outras duas obras que li em parceria com o filhote não foram tão saborosas. Nem
Ulisses nem Os piratas nos preencheram,
embora admita (e que a senhora Maria Alberta Menéres nos perdoe) que as
façanhas de Ulisses foram menos capazes de nos entreter e entusiasmar que Os
Piratas que, em sonhos ou de forma real, agitaram a vida de Manuel e Ana.
Nos
princípios do mês acabei de ler a obra de estreia da autora Susana Piedade. Histórias que não se contam
aborda a vida de três mulheres que carregam dores insuportáveis. Uma é vítima
de violência doméstica desde muito nova, outra perdeu o filho e a terceira perdeu
o homem que a faria feliz. São histórias muito dolorosas, que nos esmagam, mas
que, ao contrário do que diz o título, devem ser contadas, partilhadas e devem
chegar ao maior número de pessoas, não só porque nos mostram o lado mais negro
(porém, muito real) da vida, mas também porque nos permitem conhecer novos
autores como Susana Piedade, que muito tem a trazer ao panorama literário
nacional.
Continuei
o mês viajando até um país inventado pelas mãos do genial Afonso Cruz. Descobri
para Onde vão os guarda-chuvas
e apaixonei-me perdidamente por Isa, uma criança que apenas quer ser amada e
que é de tal forma especial que nunca mais o deixarei partir. Ficará comigo
para sempre e só por isso, só por tê-lo conhecido, posso sorrir e enternecer-me
quando ler e ouvir a palavra “escarlatina” e agradecer ao seu criador, do fundo
do meu coração.
Desse
país inventado fui de malas, bagagens, almofadas e pijamas para terras
britânicas passar uma temporada em A
casa do sono. Logo eu, que adoooooro dormir! Senti-me extremamente
confortável, embalada até, pelo estilo humorístico do autor, pelas personagens
que compõem a narrativa e pelas reviravoltas que esta sofre e que nos levam a
um final surpreendente. Jonathan Coe é um autor a seguir, sem dúvida!
Antes
de embarcar naquela que sabia que iria ser a leitura mais exigente e mais dura
do mês, refugiei-me nas montanhas e fiz companhia a um homem simples, de mãos
calejadas, O homem que plantava
árvores, por um lado, provou que não precisamos de muito para cuidar e
mimar do mundo que nos rodeia e, por outro, mais de cinquenta anos depois,
conseguiu dar uma bofetada de luva branca a muitos poderosos que supostamente
governam o mundo e na verdade governam apenas os seus interesses.
A
última leitura adulta do mês foi uma das leituras que vão marcar este ano. Impunidade apresentou-me o seu
autor (a quem segurei e perseguirei de muito perto) e afetou-me como muito
poucas obras conseguem nos dias de hoje. É uma leitura cruíssima, que nos dá
murros no estômago do princípio ao fim e praticamente não deixa que retomemos o
fôlego tal é a violência, a dureza, o desamor que habitam as suas páginas.
Recomendadíssima! Por tudo e apesar de tudo.
O mês
de setembro foi o primeiro em que mantive em pé a promessa de não cair em
tentação. Como tal, não comprei nada, nadinha J Mas as minhas estantes digitais voltaram a engordar um bocadito
e abro o sorriso daquele tamanho ao escrever que tenho mais três delícias à
minha espera, que lá habitam a última obra de dois dos meus autores espanhóis
mais, mais favoritos – Berta Isla,
de Javier Marías e Los pacientes del
Doctor García, da minha querida Almudena Grandes – e Las três heridas, de Paloma
Sánchez Garnica, uma autora que quero muito conhecer.
Agora
venha outubro e veremos o que ele me reserva! Espero que o vosso setembro tenha
sido igualmente suculento. Fico à espera dos vossos comentários.
Termino
deixando-vos os links para acederem à opinião completa das
obras lidas este mês:
Se não comprou nada, como é que arranjou 3 ebooks?
ResponderEliminarVamos lá ver se entende melhor assim - se não comprei, foi porque alguém mos ofereceu! Está mais claro assim ou ainda não entendeu?
EliminarGosto muito do facto de leres autores diferentes :) especialmente curiosa quanto aos escritores espanhóis! Tenho ali um Marías em espanhol por ler que comprei em Madrid :)
ResponderEliminarOlá, Bárbara! Que bom ter-te por aqui, ainda para mais porque destaca uma parte que normalmente passa quase despercebida aqui no blogue - os autores espanhóis, que me dizem muito! Adoro Marías e estou não só muito curiosa com o seu último romance como também com o que tens e que compraste em Madrid! Qual é?
EliminarObrigada por teres passado por aqui e pelo comentário! Volta sempre!
:) é o "Mañana en la batalla piensa en mí"! Confesso que nunca li autores espanhóis - latinos, muitos, espanhóis creio que me escaparam todos! :( mas tenho muita curiosidade e, tal como disse, gosto muito quando vejo leituras diferentes das habituais :)
EliminarDesculpa demorar tanto a responder ao teu comentário, mas não tenho tido muito tempo para cuidar deste cantinho. Já li "Amanhã na batalha pensa em mim". Não foi aquele de que mais gostei do autor, mas é uma boa porta para o mundo de Marías. Aquele de que mais gostei foi "Coração tão branco". Deixo-te aqui o link se quiseres dar-lhe uma olhadela - http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/2015/01/coracao-tao-branco-de-javier-marias.html
EliminarFico à espera das tuas impressões! Espero que entres em grande na literatura espanhola e que ela te conquiste como já me conquistou a mim!
Beijinhos e leituras muito saborosas!
Olá Ana
ResponderEliminarFico contente que também tenhas tido um mês em cheio :)
Que venham mais assim!
Beijinhos e boas leituras
Sim, Sara, tivemos ambas um setembro maravilhoso, não foi?
EliminarOutubro já não lhe seguirás as pisadas em quantidade, mas em qualidade... ui, ui ;)
Beijinhos e leituras muito saborosas!
Não compraste nada, nadinha? Isso é que é uma vontade férrea! Eu ia sofrer muito, como se estivesse de dieta. E tantos portugueses que leste este mês, que bom!
ResponderEliminarO meu preferido no mês passado foi "Afinidade" da Sarah Waters. Já leste alguma coisa desta autora? Gosto imenso das histórias dela.
Paula
Sim, até eu me surpreendi comigo mesma!
EliminarA literatura nacional está cada vez melhor e recomenda-se :)
Li há muitos anos "O vigilante" e lembro-me de que gostei muito! Já cusquei no site da biblioteca da terrinha e têm "Afinidade", por isso um dia destes vem comigo para casa! Obrigada pela dica!
Beijinhos e boa semana!
Olá Ana,
ResponderEliminarQue bom! Conseguiste não comprar livros!! E ainda assim foi um mês em cheio! Tão bom. Venham mais assim.
Beijinho e boas leituras
Olá, Isa!
EliminarSim, estou a aprender contigo a portar-me bem ;)
Setembro foi verdadeiramente um mês em cheio! Outubro já não terá números tão gordos (pelo menos em leituras), mas aquelas que o estão a preencher estão a ser suculentíssimas :)
Beijinhos e leituras muito saborosas!