Tal
como calculava, este mês não seguiu as pisadas dos seus antecessores. O
trabalho intrometeu-se e encolheu para tamanhos reduzidíssimos o tempo que
posso dedicar às minhas saborosas leituras. Por isso, apenas li quatro obras – uma
juvenil e três adultas.
É certo
que os números não foram os desejados, mas outubro foi dos melhores meses deste
ano, já que a nota mínima que atribuí às correspondentes leituras foi um nove,
uma nota que espelha a quase perfeição!
A
primeira leitura mensal levou-me a um mundo de que gosto muito – o mundo das
letras e das histórias que saem da imaginação criativa da autora Joanne Harris.
Uma questão de classe é a
sequela da obra Xeque ao Rei e
volta a levar-nos para lá dos portões de um colégio masculino, onde a
modernidade resiste a penetrar e onde dá aulas um dos professores literários a
que devoto maior carinho e devoção – Roy Straitley. Voltamos, tal como acontece
na obra precedente, a contactar com acontecimentos que abalam as paredes
centenárias do colégio, a ficar agarrados à narrativa para querer a todo o
custo obter respostas e a levarmos um abanão quando aquilo que tínhamos como
garantido desde as páginas iniciais desaba como um castelo de cartas. Foi assim
uma leitura que consolidou ainda mais a paixão que tenho por aquilo que Joanne
Harris escreve, uma leitura a que atribuí a nota máxima e uma leitura que
deveras recomendo, mesmo àqueles que não leram Xeque ao Rei, porque, apesar de em Uma questão de classe se tropeçar com referências ao que se
passou na narrativa precedente, essas mesmas não atrapalham em nada a
compreensão da narrativa consequente. Bem pelo contrário. Aguçam a vontade de
voltar ao contacto com Roy Straitley e de conhecê-lo ligeiramente mais novo.
Se
adoro Joanne Harris, tenho que admitir que sou obcecada por Kate Morton, a
cujas obras que já li sempre atribuí nota máxima. O último adeus não foi exceção. E como poderia sê-lo, se as
mais de seiscentas páginas se tornaram curtas e se desejei a todo o custo que
fossem o dobro! A narrativa é apaixonante, o enredo salta, como de costume, do
presente para o passado, há uma dose suculenta de mistério e emoção que nos faz
roer as unhas e rebentar a chorar e as personagens são fascinantes, sobretudo
as femininas. Recomendadíssima! Recomendadíssima! Recomendadíssima!
Depois
de dois calhamaços de mais de meio milhar de páginas, decidi fazer um parênteses
antes de saltar para o próximo e trouxe da biblioteca municipal uma obra de
António Mota que estava na minha wishlist “bibliotecária” desde que havia lido que
o autor havia derramado lágrimas ao escrever o seu desenlace. A casa das bengalas retrata uma realidade
cada vez mais presente na vida de todos nós, o facto de os nossos velhinhos
viverem na solidão, de os seus filhos não terem como tratar deles ou não
quererem tratar deles e de o final da vida ser frequentemente um período de
dor, de desilusão, de desunião e não de paz, harmonia e união. Foi uma leitura
que mexeu comigo de uma forma muito pessoal, como todas as leituras com
velhinhos são.
Terminei
o mês como o iniciei – lendo um calhamaço que já habitava a minha estante desde
janeiro. Regressei a uma das épocas históricas preferidas – a Segunda Grande
Guerra – para viver de perto a ocupação nazi em França e compreender melhor
como os locais se adaptaram a mais uma guerra, a obedecer a soldados alemães, a
perderem amigos e conhecidos apenas porque professavam a religião judaica e a
tentarem criar meios para resistir a essa ocupação e tentar ganhar a guerra
contando apenas com um punhado de gente temerária e disposta a perder vida para
voltar a trazer a liberdade para o seu país. O rouxinol permite-nos isto tudo e mais – conhecer de perto
duas irmãs, duas mulheres de personalidades opostas mas apaixonantes, que
tornam uma narrativa de guerra, já de si empolgante, em maravilhosamente
empolgante. Foi a primeira obra que li de Kristin Hannah, mas não será, de
certeza absoluta, a última!
Quem
segue com assiduidade este meu cantinho, sabe que em agosto fiz a promessa de
não comprar nenhum livro para mim até ao final do ano. Em setembro fui uma
linda menina e mantive essa promessa. Em outubro a promessa também não caiu,
fui mais forte do que as tentações e pus outro mês para trás – só faltam dois J Contudo, essa vontade férrea foi
premiada e os dois homens cá de casa obrigaram-me a aceitar uma oferta feita
com muito carinho – O pianista de
hotel, de Rodrigo Guedes de Carvalho. Da editora Clube do Autor caíram na caixa do correio três romances – O bibliotecário de Paris, de Mark
Pryor; A cicatriz do mal, de Pierre
Lemaitre e Os nove magníficos,
de Helena Sacadura Cabral. Por fim, o autor Hugo Lourenço enviou-me o seu
romance de estreia – Ruínas – para
que o leia e publique no blogue a correspondente opinião. Como vêm, não tenho
gastado dinheiro em novas aquisições, mas, tal como diz o maridinho, nem sequer
preciso, pois livros novos não param de chegar à estante!
A
ver agora o que me reserva este mês que já vai quase a meio! Espero que o vosso
outubro tenha sido tão ou mais saboroso que o meu!
Termino
deixando-vos os links para acederem à opinião completa das
obras lidas este mês:
Confesso que fiquei confusa quando vi, assim que abri este post, o mesmo livro na foto das aquisições e na foto das leituras atuais. A Ana a ler um livro acabado de comprar?!! Depois é que vi o motivo, e acho que fazes muito bem em dar o teu feedback rapidamente.
ResponderEliminarO Pianista do Hotel? Inveja, muita inveja. A ver se deixo uma wish list caída na secretária de uma certa pessoa cá em casa, como quem não quer a coisa... :-)
A minha compra mais especial no mês passado foi o último da sensacional Maggie O'Farrell, This Must Be the Place. Mais uma autora que infelizmente deixaram de traduzir em Portugal, não é?
Paula
Pois... lá me vejo "obrigada" a ludibriar a minha mania das cronologias, mas tenho que fazê-lo sempre que essas leituras provêm de autoras ou editoras que confiam no meu trabalho ;)
EliminarAcho que para ler O pianista, valem todas as matreirices, mesmo aquelas que se fazem à descarada! Força nisso!
Ai que inveja - também quero ler Maggie!!! Como é que o conseguiste? É mais um caso de injustiça que não consigo entender... Mas o que nos vale é que, procurando um pouquinho, lemo-la em inglês! Diz-me como posso fazê-lo, quero muito lê-la!
Através da Wook tens, neste momento, a versão em papel em inglês a 7 euros com portes grátis, ou o ebook em espanhol "Tiene que ser Aquí" a 12 euros. Há outras edições em espanhol e inglês, mas ficam mais carotas.
ResponderEliminarBeijinhos
Paula
Obrigada, Paula, pela informação - um dia destes arrisco e compro a versão em inglês! Tenho mesmo muitas saudades desta autora e vou ver se as mato comprando o seu livro mais recente e relendo os que tenho na estante!
EliminarBeijinhos