Ficha técnica
Título – O
rapaz do rio
Autor – Tim Bowler
Editora – Editorial Presença
Páginas – 158
Data de leitura – de 12 a 15 de novembro de 2017
Opinião
Jess
é uma adolescente que adora nadar, adora a sensação de furar a água, de quebrar
a resistência do elemento aquático e dar braçadas atrás de braçadas até sentir
que o seu corpo já não aguenta mais. Vive com os pais e o avô paterno, com quem
tem uma relação especial, única.
No
início da narrativa, enquanto Jess faz umas piscinas atrás das outras, o seu
avô sente-se mal, tem um ataque cardíaco que o vai debilitar seriamente e
deixá-lo com poucas hipóteses de sobreviver por muito tempo mais. Mesmo assim,
obriga o filho e a nora a manterem os planos de passar férias no local onde
nasceu para que possa levar em diante a sua última vontade. Será aí, junto a um
rio que viu o seu avô crescer e perder a família num incêndio, que Jess se
deparará com a cruel evidência de que o velho rezingão e de temperamento
tempestuoso que ama incondicionalmente não regressará a casa, e que a sua morte
será uma perda devastadora para si e para o seu pai. Contudo, os últimos
momentos que desfrutará ao lado do seu avô serão também cruciais para
conhecê-lo ainda melhor, para entender que aquele rio que corre junto da casa
de campo onde estão alojados, que a atrai com um magnetismo a que não resiste,
teve um papel importantíssimo na infância e juventude do ancião e que aquele
jovem que lhe aparece em recorrente visões lhe anseia contar isso muito mais.
Esta
leitura foi, como o são todas as obras que abordam a relação especial entre
avós e netos, muito pessoal e pintou-se de uma explosão de sentimentos e
lágrimas. Com esta leitura, regressei à minha infância, à relação estreita e
única que tive com os meus velhinhos e senti-os sempre muito pertinho de mim.
Senti como se fosse minha a dor de Jess perante a certeza de que o seu avô não
estaria por muito mais tempo com ela, sofri por ela e por mim e acompanhei de
nó na garganta os últimos momentos de cumplicidade, de amor, de travessura e de
carinho de uma ligação que, apesar de rompida pela morte, nunca se desfaz, nunca
abandona o neto ou a neta que teve o privilégio de conviver com avós e avôs
rezingões ou afáveis, analfabetos ou letrados, travessos ou amorosos.
É
por tudo o que referi e por mil e outras razões que continuo apaixonada pela
literatura infantil e juvenil, por narrativas curtinhas e simples, mas que me
agarram, me agasalham e me agitam como o fazem muito poucas narrativas adultas.
E é por tudo o que referi que recomendo e rogo que leiam esta e outras obras
tão belas como esta!
NOTA
– 10/10
Sinopse
Plano Nacional de
Leitura
Livro recomendado para o
3º ciclo, destinado a leitura autónoma.
As grandes paixões de
Jess eram o avô e a natação. Fora por isso que ficara radiante quando soubera
que ia passar alguns dias de férias à casa onde o avô vivera a sua infância.
Mas a alegria desvanece-se quando Jess descobre que o avô se encontra em estado
terminal. Mesmo assim, o velho senhor parece estranhamente empenhado em
terminar um quadro enigmático a que dá o nome «O Rapaz do Rio». Ao tentar
ajudá-lo nesta última tarefa, Jess acaba por se deixar envolver pela tela,
descobrindo a sua íntima relação com a vida do avô... Através de uma linguagem
profundamente poética, Tim Bowler traça afinal neste seu «O Rapaz do Rio» uma
metáfora sobre a vida, a morte e a perda e o crescimento interior que esta pode
vir a despoletar. Uma obra galardoada em 1998 com a 'Medalha Carnegie'. A não
perder!
Olá querida Ana,
ResponderEliminarVou adicionar mesmo este livro à lista para ler. Adorei a tua opinião. Também gosto cada vez mais da literatura infanto-juvenil :) e por isso adoro vir aqui :)
Um beijinho e boas leituras
Olá, querida Isa!
EliminarAinda bem que gostaste e que te derretes como eu por histórias deliciosas que a literatura infanto-juvenil nos oferece! Esta vale mesmo a pena,é intensa, emotiva e transmite-nos o quanto a família é essencial para miúdos e graúdos!
Beijinhos e leituras saborosas!