Balanço mensal - livros lidos e recebidos em janeiro


Janeiro é muito especial para os adultos cá da casa. Os dois somos “nativos” do mês que arranca o ano e celebramos o nosso aniversário com quinze dias de diferença. Ora, devem suspeitar que, sendo nós um casalinho amante das leituras, oferecemos leituras um ao outro e ainda recebemos mais leituras dos pais, amigos e familiares. O resultado é esta pilha que me rasga um sorriso pateta todas as vezes que me perco nela e que deve provocar alguma invejazinha boa em muitos de vocês. Eu entendo e perdoo 😊
Como se já não bastasse, à pilha de nove livros que fomos, eu e o maridinho, desembrulhando, juntaram-se dois miminhos que a editora Clube do Autor deixou na nossa caixa do correio. Melhor seria mesmo impossível!
Confesso que tudo o que desembrulhei justifica ainda mais o que, um dia destes, uma colega de trabalho me disse – “A vida sorri-te, não sorri?”. Dos homens da minha vida recebi Atos humanos, de Han Kang e A rapariga do casaco azul, de Monica Hesse. Este último constava da minha wishlist e foi o docinho do meu pequenote. O de Han Kang foi uma surpresa, que resulta das inúmeras conversas que tenho com o N. sobre títulos e obras com que vou tropeçando nos blogues que sigo, nas livrarias, no Goodreads ou nos comentários de quem me segue (não é verdade, Paula?). Referi uma noite qualquer o quão curiosa estava sobre esse romance brutal da autora sul-coreana e, pouco tempo depois, já o tinha comigo.
Da mulher da minha vida recebi carta-branca para comprar o que quisesse. Assim sendo, aproveitei uma das muitas promoções que me tentaram durante todo o mês, aliei-a a um cheque aniversário oferecido pela FNAC e encomendei dois dos inquilinos mais antigos da wishlist – A casa redonda, de Louise Erdrich, e O segredo dos seus olhos, de Eduardo Sacheri.
Novamente espicaçada pelas sugestões suculentas da Paula, comprei (com a permissão do papá) num domingo de manhã e com a Bertrand quase toda para mim, Deixem falar as pedras, de David Machado.
Por fim, os meus queridos sogrinhos ofereceram-me A escada de Istambul, de Tiago Salazar e continuaram, dessa forma, a dizimar a wishlist. Coisa boa!
Quinze dias depois era a vez do maridinho ser mimado como tão bem merece. O filhote presenteou-o com o calhamaço que lhe faltava do José Rodrigues dos Santos – Sinal de vida. Já eu mimei-o com outra das suas obsessões – uma obra sobre a Segunda Guerra Mundial – Os meninos que enganavam os nazis, de Joseph Joffo. Os papás seguiram o meu exemplo e deram-lhe a obra imortal de Primo Levi – Assim foi Auschwitz.
Dois aniversários, nove novas leituras. Apetece-me dizer que o Natal se repetiu em nossa casa apenas umas semanas depois e que temos as prateleiras de livros para ler a rebentarem e a vergarem com o peso de seguramente mais de quarenta obras que esperam que as saboreemos com dedicação, prazer e um sorriso que ilumina o mundo!
Para rematar a primeira parte deste balanço, agradeço muito, muito, muito à editora Clube do Autor que continua a confiar em mim e me enviou o thriller Marcada para morrer, de Peter James (já li e ouvi comentários muitos positivos sobre outros thrillers do autor) e o romance A herdeira dos olhos tristes, de Karen Swan, que, segundo a capa, aborda “um desejo de liberdade ou a fuga de uma vida que não se desejou”. Serão duas leituras para muito em breve, por isso estejam atentos!

Aqueles que vão espreitando o blogue com assiduidade sabem que janeiro foi sobretudo o mês de Carlos Ruiz Zafón. Arranquei o ano com a releitura de A sombra do vento e tenho plena consciência de que voltar à narrativa desta obra foi a forma mais perfeita de iniciar o meu ano. Simplesmente perfeita, ainda mais saborosa do que a leitura que fiz há dez anos. Embrenhei-me e perdi-me na narrativa, nas sombras de Barcelona e na magistralidade com que o autor engendrou uma história que nos abana, que nos faz engolir as páginas, saltar de donde estamos no tempo e no espaço e querer não sair mais, ficar presos, presas a uma história mágica, repleta de sombras, de claridade, de dor, de esperança, de amores, de ódios, de risadas e sobretudo de livros, livros esquecidos e malditos. Obra soberba e merecedora de uma nota que rebenta a escala.
A segunda leitura do mês foi-me enviada no final de 2017 pela editora Clube do Autor. As lágrimas de Aquiles foi a obra de estreia do autor José Manuel Saraiva, de quem li há muitos anos Rosa Brava. Aborda a guerra do Ultramar e o quanto esta ceifou vidas de muitos soldados, mesmo que os mesmos não tenham perdido a vida em Moçambique, em Angola ou na Guiné. É uma narrativa amarga, que nos dói, que mostra uma maturidade de escrita surpreendente e que recomendo muito.
Da editora Clube do Autor veio igualmente a minha terceira leitura. Desta vez, tive que pôr de lado a aversão que confesso sentir por Miguel Sousa Tavares enquanto homem e deixar-me encantar pela história juvenil que compõe O planeta branco. Li-o de uma assentada porque é composto por poucas páginas (muitas delas ilustradas) e porque a história que conta cativa miúdos e graúdos e está repleta de mensagens ecológicas e de algo mais, algo que nos leva a entender o que de verdade é esse planeta branco. Atrevam-se a lê-la com os vossos filhos e vão ver que não se arrependem!
Para recordar aquilo que nunca deveria ter acontecido, li e adorei O rapaz do caixote de madeira, de Leon Leyson. É um livrinho pequeno, mas inesquecível, que nos conta em primeira pessoa quem foi Leon Leyson e como a sua vida de rapazinho judeu foi barbaramente trespassada pelo jugo nazi e como sobreviveu ao que poucos como ele sobreviveram apenas porque teve a sorte de ter conhecido e trabalhado para Oskar Schindler. Foi, como é fácil de calcular, uma leitura muito dorida e muito emotiva, mas que não trocaria por nenhuma outra, pois, por mais leituras do género que faça, continuo, por um lado, a não conseguir assimilar as atrocidades inenarráveis que cometeram alguns homens apenas porque se consideravam superiores a outros e, por outro, a precisar de recordar todos aqueles que morreram às mãos desses seres abjetos.
Finalizei o mês de volta a Barcelona, à livraria Sempere e Hijos e à deliciosa companhia do homem narigudo que me conquistou para sempre. Reli O prisioneiro do céu e agradeci inúmeras vezes ao autor ter oferecido as páginas do terceiro volume da saga de O cemitério dos livros esquecidos Fermín Romero de Torres, permitindo-me conhecê-lo melhor, deliciar-me com as suas tiradas e ficar com desejos de ter uns Sugus pertinho de mim, para confirmar se realmente têm essas propriedades curativas de males físicos e psicológicos que Fermín afirma terem. Este volume não é tão bom como A sombra do vento, mas não fica longe da pontuação máxima, sobretudo porque uma obra que tenha Fermín será sempre uma obra perto da genialidade!

Cinco obras lidas. A uma dei uma pontuação que rebentou a escala, a outra dei a pontuação máxima, a duas atribuí-lhes um nove e à que sobra dei-lhe um oito. Não poderia ter começado melhor o ano!
E o vosso janeiro? Leram muito? Compraram muito? Receberam algum miminho? Fico à espera dos vossos comentários!

Termino deixando-vos os links para acederem à opinião completa das obras lidas este mês:
§  A sombra do vento, de Carlos Ruiz Zafón
§  As lágrimas de Aquiles, de José Manuel Saraiva
§  O planeta branco, de Miguel Sousa Tavares
§  O rapaz do caixote de madeira, de Leon Leyson
§  O prisioneiro do céu, de Carlos Ruiz Zafón


6 comentários:

  1. E eu tenho mesmo inveja e não tenho vergonha de o confessar, porque também quero muito ler A Casa Redonda e o Segredo dos Seus Olhos. E mais inveja tenho daquelas estantes vazias lá atrás. Eu se recebesse tantos livros de uma só vez, ficava três dias a reorganizar tudo para arranjar um espacinho!
    O que acho mal é ter de esperar meses para saber se gostas ou não das minhas sugestões. Toca a ler 10 livros por mês para chegares a eles depressa, ouviste? :-)
    E parabéns atrasados, Ana!
    Paula

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    1. Ahahaha, ,uito me ri com o teu comentário! Dez livros por mês? Ai se eu pudesse... Eu sei que a minha mania cronológica é frustrante para muitas pessoas, incluindo o homem adulto cá da casa, mas só assim vou dando vazão aos livros que tenho por ler!
      As estantes vazias são o que resta de espaço e se não me controlar nas compras, rapidamente fico sem elas... Mas também é verdade que quando as olho, penso - Ah, ainda tenho muito espaço para livrinhos novos!!! Pura ilusão, tendo em conta que somos três consumidores aqui em casa!
      Obrigada pelos parabéns! Sabem sempre bem!
      Beijinhos!

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  2. É a mais pura das verdades. Gostamos de ter famílias de leitores, mas a nível de espaço e orçamento, a coisa complica-se.
    Com o entusiasmo das novidades, esqueci-me de responder. No mês passado, comprei Mea Culpa, da Carla Pais, vencedora do Prémio Agustina Bessa-Luís (que entretanto lhe foi retirado por violação do regulamento, mas enfim, não lhe tira o valor)e o livro que mais me impressionou foi Canção Doce da Leila Slimani. Quando o vi no blogue da Márcia, achei que não seria capaz de o ler por começar com o assassinato de duas crianças, mas afinal não é nada voyeurista e lê-se de um só fôlego para acompanhar a queda daquela ama na loucura.
    Boas mini-férias!
    Paula

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    1. (Desculpa o atraso na resposta, mas o trabalho manda cada vez nos meus dias...)
      Lembro perfeitamente de também ter visto no blogue da Márcia a referência a Canção Doce e ter pensado como tu, que seria uma leitura demasiado dolorosa para o meu coração de mãe. Mas agora, quero dar-lhe uma oportunidade, sobretudo porque dizes que se lê de uma assentada.
      Fiquei igualmente curiosa com a tua compra. Se tropeçar em Mea Culpa, vou trazê-la comigo!
      Beijinhos e obrigada pelas sugestões!

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  3. Tão bom, tão bom!! Mas primeiro muitos parabéns! Espero que tenhas tido um dia feliz!! Que livros tão bons! Quero saber a tua opinião de todos, escusado será dizer!!
    Também estou a ler "Marcada para Morrer"!
    Um beijinho e boas leituras

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    1. (Desculpa o atraso na resposta, mas o trabalho manda cada vez nos meus dias...)
      Obrigada, obrigada! Foi um dia bom, na companhia dos meus amores!!!
      Já vi que já leste Marcada para morrer e que não te agradou tanto como o outro que leste do autor. Eu comecei-o entretanto e estou a gostar. Depois comento no teu "Jardim" o que achei da sua leitura.
      Beijinhos enormes e leituras saborosas!

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