Irmãs de Sangue, de Barbara e Stephanie Keating



Ficha técnica
TítuloIrmãs de Sangue (volume I da trilogia Langani)
Autoras – Barbara e Stephanie Keating
Editora – Edições ASA
Páginas – 672
Datas de releitura – de 24 de novembro a 05 de dezembro de 2018

Opinião
Terceira releitura vinda diretamente da caixinha onde, desde setembro, moravam 12 papelinhos com títulos de obras que pretendo reler para o projeto Uma releitura por mês durante um ano.
Dez anos depois regressei à fazenda Langani e às paisagens deslumbrantes de um Quénia recém-independente. Voltei a ficar arrebatada com uma narrativa que se espraia por quase 700 páginas, mas que contém todos os ingredientes para que nos apaixonemos irremediavelmente por cada pormenor, por cada descrição extasiante de espaços e lugares mágicos que, quem já esteve em África, diz só existirem lá e sobretudo por cada momento de uma belíssima história, povoada por personagens que nos cativam e se deixam ficar connosco.
Estamos nos finais da década de 50. Num colégio interno queniano três jovens conhecem-se e iniciam uma amizade que elas fazem questão de selar com um pacto de sangue e com a promessa que, dê a vida de cada uma as voltas que dê, se apoiarão e estarão sempre presentes umas para as outras. Sarah é filha de pais irlandeses, não conhece outro lar que não aquela terra quente e mágica e adora observar, como se fosse a primeira vez, tudo o que a rodeia, a savana, as florestas e sobretudo os animais que habitam aquelas paragens que sempre considerará como suas. Hannah é filha dos donos da fazenda Langani. Descende de uma família africânder e, por muito que por vezes sinta que as paredes da sua quinta sejam claustrofóbicas, não se consegue imaginar, tal como as suas amigas, longe daquelas terras vermelhas e áridas. Por fim, Camilla, filha de pais ingleses e de origens aristocráticas, vê o Quénia e principalmente a fazenda Langani como o seu verdadeiro lar. Três jovens, muito diferentes, mas que nos cativam por essas mesmas diferenças e que adoramos seguir, ver crescer, acompanhar as suas alegrias, as suas dores, os seus sonhos e as suas desilusões.
Irmãs de sangue é a história destas três amigas, mas é muito mais do que isso. É uma porta para penetrarmos numa época conturbada para muitos países africanos, que conquistaram recentemente a sua independência e que se veem a braços com todas as adversidades dessa maravilhosa conquista. É uma porta que nos permite compreender os dois lados que sempre advêm de uma independência – da povoação autóctone e de todos aqueles que, tendo sido os colonizadores, se sentem como verdadeiros africanos ou, neste caso, verdadeiros quenianos. É ainda um retrato com letras que nos faz ver à nossa frente paisagens naturais de cortar a respiração, calcorreadas por diversas espécies animais que já sentiam o perigo da dizimação e de uma iminente extinção. É por fim o perfeito exemplo de uma união de elementos históricos, geográficos e culturais com elementos ficcionais que fazem desta leitura uma experiência poderosíssima, que me fez, muitas vezes, chorar compulsivamente e sentir uma mistura de sentimentos complexos, desde dor, sofrimento, raiva, desprezo pelo ser humano corrupto e materialista, capaz de assassinar um elefante apenas para tirar-lhe as valiosas presas, até uma vontade inexplicável de conhecer in loco as terras quenianas, eu que sempre digo que só sedada irei ao continente africano.
Acho que não preciso de dizer que vou dar nota máxima a esta releitura e que mal posso esperar para que, da caixinha do sorteio, saia o papelinho com o título do volume II desta trilogia. Quero muitíssimo continuar a seguir as vidas de Sarah, Hannah e Camilla, acompanhar de muito pertinho as suas vidas adultas e compreender como é que a sua amizade continuará firme, mesmo depois de ter sofrido tantos reveses. Sei que será uma experiência, uma releitura tão boa como o foi esta do primeiro volume!
Antes de terminar, quero ainda partilhar convosco uma recordação que se manteve comigo ao longo de toda a releitura. Falo-vos do filme África Minha, um filme já bem antiguinho, com uma Meryl Streep e um Robert Redford bem novinhos e com umas imagens lindíssimas, mágicas do Quénia e uma banda sonora que complementa na perfeição essa beleza deslumbrante desse país que chama por mim! Se puderem, vejam este filme e deslumbrem-se!

NOTA – 10/10

Sinopse
Quénia, 1957. Durante a infância, três meninas de meios sociais muito diferentes tornam-se irmãs de sangue: a irlandesa Sara Mackay, a africânder Hannah van der Beer e a britânica Camilla Broughton Smith juram que nada nem ninguém quebrará o laço que as une. Mas o que o futuro lhes reserva vai pôr à prova os seus sonhos e certezas.
Separadas pela distância e pelas obrigações familiares, as três jovens são atiradas para um mundo de interesses em conflito. Camilla alcança o sucesso como modelo na animada Londres da década de 1960; Sarah Mackay é enviada para a universidade na sua Irlanda natal, uma experiência penosa que apenas fortalece a sua determinação de voltar para África; e a família de Hannah Van der Beer esforça-se para manter a fazenda que os seus antepassados africânderes erigiram na viragem do século. Os seus laços serão constantemente postos à prova e, a par do exotismo de África, a sua amizade será pano de fundo para interesses amorosos cruzados e promessas quebradas.

2 comentários:

  1. É uma das bandas sonoras da minha vida! Depois de ver o filme, li o livro e fiquei triste, pois não tinha nada a ver.
    Nunca tinha ouvido falar desta trilogia, mas parece-me fantástica. Mesmo sendo ficção, acho que este tipo de narrativas ajuda-nos a perceber o papel dos europeus na História recente de África. E tenho um fraquinho por boas histórias de amigas, desde miúda, confesso!
    Paula

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    1. Da minha também! Por acaso nunca tive curiosidade de ler o livro e ainda bem que não o fiz, pois muito provavelmente ia sentir a mesma desilusão!
      A trilogia é maravilhosa, esquece que são calhamaços e lê-os!
      Beijinhos!

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