Quinta-feira, 26 de junho de 2015
Opinião
Hoje terminei de ler a obra mais aclamada de Vargas
Llosa, aquela que o próprio autor diz que seria a que salvaria de um incêndio
se apenas pudesse salvar uma das suas obras.
Conversa
n’A Catedral
proporciona-nos uma leitura muito complexa e que pode desarmar-nos logo nas
primeiras páginas, porque a ação não segue uma ordem cronológica, há “muitos
saltos” no tempo (ao passado e ao futuro), não sabemos bem quem são as
personagens e em meia página podemos ficar completamente desnorteados…
Contudo,
tendo a conta a admiração que nutro por Mario Vargas Llosa, não desisti e a
minha tenacidade foi recompensada porque consegui encontrar-me no ritmo da
leitura e, à medida que a leitura avançava, tudo ia ficando mais claro, página
após página, apesar de ser só no final que tomamos conhecimento do que
aconteceu a todas as personagens.
A
obra centra a sua trama no país natal do autor, mais propriamente no Peru dos
anos cinquenta, uma época de muita corrupção e de repressão, e oferece-nos uma
história recheada de personagens desencantadas e “jodidas”, que lamentam a sua
vida e que, tendo tudo para serem bem-sucedidas, não o foram, convertendo-se em
alguém mais de um país que, em um determinado momento da sua História (que nem
o próprio autor sabe) “se había jodido”. Tal como muitas outras nações… tanto
no século passado como nos dias de hoje L
Para
quem nunca leu Vargas Llosa, esta obra poderá levar um possível leitor a
odiá-lo ou a render-se ao seu talento. Eu sinceramente não consigo afirmar aqui
que estou desejosa de ler outra obra sua, mas também estaria a mentir se
dissesse que a leitura de Conversa n’A Catedral foi um desperdício de tempo. De maneira
nenhuma. Considero sim que a complexidade da parte inicial pode desmoralizar um
leitor que até nem seja um principiante nestas andanças da literatura…
Sinopse
Sentados a uma mesa da taberna A Catedral,
o jornalista Santiago Zavala conversa com o seu amigo Ambrosio. Estamos em
Lima, na época ditatorial do general Manuel A. Odría (1948-1956), e dessa
conversa acompanhada de cerveja emerge um Peru cruel, corrupto, desesperançado,
matéria-prima ideal, portanto, para um romance que só um grande jornalista e
escritor como Vargas Llosa poderia ter produzido.
Uma história esplêndida que reúne muitos
dos ingredientes que fizeram a fama do autor peruano - as críticas ácidas, a
irreverência, a rebeldia e o humor sarcástico.
Sem comentários:
Enviar um comentário