Pedro Alecrim, de António Mota


Ficha técnica
TítuloPedro Alecrim
Autor – António Mota
Editora – Edições ASA
Páginas – 112
Datas de leitura – de 22 de agosto a 02 de setembro de 2017

Opinião
Pedro Alecrim trouxe-me recordações, trouxe-me histórias que fui ouvindo ao longo dos anos, de crianças que tiveram que crescer demasiado depressa, mas que, mesmo assim, não se libertaram de resquícios da inocência e pragmatismo que dão cor à infância.
Um menino que vive numa aldeia, longe da escola onde frequenta o sexto ano: um menino que não tem muito tempo para fazer os deveres ou para estudar porque, mal chega a casa, tem que pousar a mochila e ajudar os pais nas lidas do campo e no trato dos animais. Um menino que, mesmo assim, não é um mau aluno, mas que não consegue entender muito bem para que lhe servirá no futuro as matérias que aprende em aulas dadas por professores algo enfadonhos e distantes. Um menino que ama a terra e os animais (excetuando as toupeiras, ratos, ratazanas, cobras e outros que não fazem falta nenhuma ao mundo), que anda muitas vezes às turras com os irmãos mais novos, que adora “perder-se” em conversas e brincadeiras com o seu amigo Nicolau, que odeia quando este troça do seu apelido e o associa à canção “Alecrim aos molhos” e que adoraria ter dito ao pai que gostava muito dele, mas que apenas conseguiu ficar plantado, junto à sua cama, a olhar para nenhures. Um menino como outro qualquer. Diferente dos meninos de hoje em dia, diferente do meu filhote, com uma vida e umas prioridades distintas, porém, tão semelhante aos de hoje em dia, na sua inocência, na sua frontalidade, no seu pragmatismo.
Gostei imenso de ler este livro, como gostei imenso de ler outras obras de António Mota. Poderão dizer que são obras datadas, de tempos que já não existem, mas as suas personagens são intemporais, são humanas e, mesmo que sejam crianças que não tenham telemóveis ou tablets como apêndices das suas mãos, são crianças, iguais às deste século ou às de séculos passados. A sua mensagem continua a chegar-nos e a fazer sentido – a mim para quem a lida do campo sempre foi familiar e ao meu filhote que nunca tratou de uma galinha, de uma vaca ou de um cavalo e que nunca soube o que é necessário fazer para regar um campo.
Esta foi a segunda leitura de férias do D. Ambos estamos de acordo que provavelmente será a melhor e que António Mota continuará a ser um autor muito querido para os dois.
Recomendadíssima!

NOTA – 09/10 (a nota reflete a minha opinião)

Sinopse
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.

Pedro Alecrim reparte os seus dias entre a escola, as brincadeiras com os amigos e o trabalho no campo para ajudar a família. Pedro gosta de andar na escola, embora se interrogue sobre a utilidade de algumas matérias e nem sempre aprecie o feitio de alguns professores. Os dias vão passando, com sonhos, alegrias e tristezas. A morte do pai alterará tudo. Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e jovens.

4 comentários:

  1. Este ano o meu filho não teve leituras de férias mandadas pela professora porque terminou o 1º ciclo, mas para as próximas, já sei por ti o que o espera! Acho que nas aldeias do Portugal profundo ainda há crianças assim, que quando vêm da escola ainda têm de dar uma ajudinha no campo. São realmente vivências diferentes.
    Paula

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    1. Pode ser que não sejam exatamente as mesmas, ou seja, o teu filho poderá ler uma ou outra que o meu não leu, mas se ler esta, acho que vai gostar, apesar de tratar de uma realidade tão longínqua da nossa, mas que ainda vai subsistindo.

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  2. Olá Ana,
    Adoro este livr. Reli o ano passado e foi tão bom voltar a esta história agora como adulta. Quero guardá-lo também para o meu pequenote :)
    beijinhos e boas leituras

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    1. Também eu, Isa. Vai de certeza ser uma leitura que saborearás com muito prazer desta vez com o teu pequenote!
      Espero regressar ao mundo de António Mota muito em breve!...
      Beijinhos e leituras docinhas como esta!

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