Segura-te ao meu peito em chamas, de Possidónio Cachapa



Ficha técnica
TítuloSegura-te ao meu peito em chamas
Autor – Possidónio Cachapa
Editora – Oficina do Livro
Páginas – 126
Datas de leitura – 02 a 03 de maio de 2018

Opinião
O trabalho, como já adivinhava, está novamente a absorver-me e a sugar todos os meus minutinhos livres… Sendo assim, alerto a quem visita este cantinho de forma assídua (e não só), que poderei levar mais tempo do que o habitual a publicar as opiniões das leituras que vou fazendo.
Conheci Possidónio Cachapa – adoro este nome – através da obra O mar por cima (opinião aqui) e na altura em que publiquei a correspondente opinião fiz a promessa de pedir aos meus cunhadinhos que me emprestassem a outra obra do autor que tinham na sua estante, aquela que apresenta na capa um miúdo agarrado a uma enorme bola cor-de-laranja. Cumpri a promessa, é certo, mas tardei bastantes meses em pegar na obra e lê-la.
A primeira surpresa que Segura-te ao meu peito em chamas me reservou foi o facto de não ser um romance, mas sim uma coletânea de oito contos. Confesso que, quando os meus cunhados me deixaram o livro cá em casa, pouco ou nada o folheei e, por essa razão, desconhecia por completo de que tratava.
O seu primeiro conto – “O nylon da minha aldeia” – conquistou-me irremediavelmente. Marcelo e Lourdinhas são personagens únicas e inesquecíveis e a sua história chega-nos através do estilo lindíssimo e poético deste autor alentejano que escreve como muito poucos. Soube, enquanto lia este conto que o mesmo foi adaptado a uma curta-metragem, pelo próprio Possidónio, mas ainda não o vi e não sei se quero, porque a magia e o lirismo do conto ficaram de tal forma enraizados em mim que não sei se quero vê-los em imagens, mesmo tendo sido elas “fabricadas” pelo autor que as criou em papel…
Dos restantes contos não ficou a mesma sensação de plenitude, magia e delícia, exceptuando do que se intitula “O verde reflexo das videiras” que nos presenteia com umas das mais belas e sentidas declarações de amor que já me passaram pelas mãos. São mais um exemplo do quanto Possidónio escreve maravilhosamente bem e consegue, num punhado de palavras, ganhar, pelo menos da minha parte, uma admiração sem reservas. Para que entendam do que estou a falar, deixo-vos aqui dois fragmentos que ilustram na perfeição esse poder das palavras do autor:

  


Sublime, não acham?

Concluo esta opinião curtinha, dizendo que foi uma leitura rápida, mas muito heterogénea, já que de alguns contos nada me ficou (nem queria que ficasse) e de outros ficou a vontade urgente de ler mais Possidónio. Tenho especial curiosidade por Materna Doçura, uma obra que infelizmente se encontra esgotada, mas que espero encontrar algures em alfarrabistas ou plataformas como o OLX. Se alguém conhecer esta ou obras do autor que acham que merecem a pena, deixem, por favor, os títulos nos comentários. Agradeço e muito!
Aproveito para agradecer aos cunhadinhos o empréstimo da obra e para recomendar a sua leitura (vale a pena pelos dois contos que destaquei e mais um ou outro) a quem queira uma experiência rápida mas marcante com a escrita de Possidónio.

NOTA – 08/10 (principalmente por causa dos dois contos de que falei)

Sinopse
Segura-te ao Meu Peito em Chamas reúne um conjunto de histórias breves, entre as quais "O Nylon da Minha Aldeia". Esta novela, esgotada nas livrarias há muito, relata o encontro amoroso entre duas criaturas que nada parece ligar. Uma voz que sobe à Lua e umas mãos que a acompanham. As restantes histórias, escritas num registo ora emotivo ora humorístico, falam do universo familiar, da solidão momentaneamente interrompida e das memórias daqueles que se afastam. Entre os textos inéditos e os publicados de forma dispersa ao longo dos últimos anos, aqui apresentados, o mesmo traço de união: o brilho dos afectos na luz de um Verão que termina. E, por todo lado, a paisagem campestre. A provar que a paixão e a literatura surgem onde menos se espera.

4 comentários:

  1. Vá, já estás quase na reta final, como digo aos meus filhos. Não tarda terás mais tempos para a converseta sobre livros.
    Os contos que referes são realmente os mais especiais, mas só houve um de que não gostei mesmo, Fantasias, (ou não percebi) e que vou fingir que não existe. Este homem tem mesmo o dom de me comover, seja com um conto tão bonito como O Verde Reflexo das Videiras, seja com pequenos apontamentos que me remetem para a minha infância, como o queijinho cheiroso e os pratos dos cavalinhos azuis.
    O Materna Doçura, para mim, vale mesmo a pena. É lindo! E olha que eu não abuso deste adjetivo, mas gira em torno de mães e filhos rapazes, o meu ponto fraco, por isso...
    Tanto este como o Materna Doçura vieram da OLX, onde nunca fiz maus negócios, mas os próximos deste autor terão de vir da biblioteca, porque a OLX é um labirinto: quando se entra, é difícil sair! E que bom que ainda tenho tantos dele para ler!
    Bom descanso, Ana!
    Paula

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    1. Ai, Paulinha, que reta final tão coooommmprida!!! Mas sim, a meta está quase aí, para dar-me um pouquinho mais de tempo para as leituras.
      "Fantasias" também foi o conto que menos gostei - não o entendi, pura e simplesmente, mas até me esqueço dele quando relembro os mais especiais e, sim, deleitei-me com o do queijo e nem de perto nem de longe sou de paragens tão a sul, mas é impossível não nos sentirmos tocadas com o que representa um simples queijo e uma dentada nele!
      Tenho mesmo que comprar o Materna Doçura e sei que o encontro nos alfarrabistas da "Inbicta". É só dar lá uma saltadinha.
      Ainda não me perdi no OLX, mas sei que é uma armadilha sem escapatória ;)
      Beijinhos e bom fim de semana!

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  2. Olá Ana,
    Sou muito resistente aos contos. É um género que não leio quase nada. Fico sempre com um vazio enorme, pois quero sempre mais das histórias.
    Um beijinho

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    1. Eu entendo-te, querida, acredita que sim, mas acho que deverias dar-lhes mais uma oportunidade... às vezes o curtinho compensa, e muito!
      Beijinhos e bom fim de semana!

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