Ficha técnica
Título – A
sociedade literária da tarte de casca de batata
Autoras – Mary
Ann Shaffers e Annie Barrows
Editora – Suma de Letras
Páginas – 378
Datas de leitura – de 28 a 31 de dezembro de 2018
Opinião
Esta
leitura foi a última do ano e converteu-se numa das favoritas de 2018, por isso
acho que concordam comigo quando afirmo que a perfeição reinou nas minhas mãos
nas derradeiras horas do último dia do ano.
Antes
de ter comprado este livro (em dezembro de 2017, numa promoção muito
tentadora), já tinha tropeçado com inúmeras opiniões e recomendações e todas
iam no mesmo sentido – esta obra epistolar possuía todos os ingredientes para
agradar-me e muito. Estamos perante uma narrativa praticamente só composta por
uma troca de correspondência entre várias personagens e que se desenrola no ano
logo após o final da Segunda Guerra Mundial. Leva-nos a uma Londres ainda muito
ferida pelos bombardeamentos, mas sobretudo faz-nos viajar até à ilha de
Guernsey, pertencente ao arquipélago das Ilhas do Canal, situadas no Canal da
Mancha. É lá que vive Dawsey Adams que entra em contacto com a nossa
protagonista, Juliet Ashton, porque tem em seu poder um livro que pertence à
jovem escritora e quer devolver-lho. Será esta primeira carta que levará a que
saibamos que Dawsey é um dos membros fundadores da Sociedade Literária da tarte
de casca de batata e que aguçará a curiosidade de Juliet, fazendo com que, na
carta de resposta, a jovem londrina lhe coloque imensas perguntas, entre as
quais aquela que sempre me fascinou e intrigou – que está por detrás do nome
mais estranho e mais deslumbrante para uma sociedade literária?
Poderia
dar-vos mais pormenores sobre a trama, as personagens e outros aspetos
relacionados com esta deliciosa obra, mas acho que isso iria estragar-vos o
prazer de saboreá-la como eu a saboreei – sem saber muito dela, apenas o
essencial. Aquilo que, sim, posso adiantar é que a li muito rapidamente, que
desfrutei de três dias de escapadela em terras minhotas sempre com o livro nas
mãos – saboreei-o nos trajetos de carro, nos restaurantes enquanto esperava
pela comida, nas confeitarias e, claro, no hotel, tanto no quarto como na sala
de pequenos-almoços. Tanto me ri com, por exemplo, as excentricidades da
Isolda, como chorei com o destino da Elizabeth. Senti toneladas de carinho e
estendi a mão a Dawsey, a Amelia, a Eben e ao seu neto e, como mãe, derreti-me
e condoí-me de Kit. E, finalmente, como livrólica assumida, deliciei-me, com
raios de entusiasmo frenético, perante uma sociedade literária, nascida de
forma inusitada no meio de gente que, mesmo tendo pouco ou nenhuns hábitos
literários, decidiu levar uma mentira avante, reunir-se com o pretexto de falar
de um livro e assim esquecer, por uns breves momentos, a guerra que estava a
destruir os seus lares e as suas vidas e aprender que os livros são muito mais
do que um amontoado de páginas com palavras e sinais de pontuação.
Acho
que aquilo que já escrevi explica por que razão amei esta leitura e por que
motivo a incluí na lista de favoritos de 2018. É certo que dou razão a quem diz
que não é uma narrativa muito complexa, que o seu final é algo previsível e
talvez apressado. Mas, mesmo assim, o deslumbramento, o encantamento e a
ternura resultante da troca de correspondência entre as personagens, tudo isso
continua em mim e ainda agora me arrancam um sorriso dos lábios. Fazem-me
recordar uma afirmação que o meu filho proferiu num dos momentos em que me
apanhou com a obra nas mãos – “Essa leitura vai ser 10 em 10, não vai, mami? Tu
tanto te ris como choras com essa história. Tem que ser mesmo boa.” E não é que
ele tinha toda a razão?
Para
rematar este texto, apenas quero partilhar convosco que esta leitura não foi só
deliciosa pelas razões que já expliquei. Fez-me igualmente sentir uma vontade
louca de conhecer Guernsey e todo o arquipélago a que pertence e,
consequentemente, aumentar a minha lista de locais a visitar um dia destes!
Resta-me
recomendar-vos que, por favor, leiam esta obra e se encantem com tudo o que ela
oferece aos seus leitores! Não se vão, de maneira nenhuma, arrepender! Se já a
leram, não se esqueçam de partilhar aqui como foi a vossa leitura.
NOTA –
10/10
Sinopse
Londres, 1946.
Depois do sucesso estrondoso do
seu primeiro livro, a jovem escritora Juliet Ashton procura duas coisas: um
assunto para o seu novo livro, e, embora não o admita abertamente, um homem com
quem partilhar a vida e o amor pelos livros.
É com surpresa que um dia
Juliet recebe uma carta de um senhor chamado Dawsey Adams, residente na ilha
britânica de Guernsey, a comunicar que tem um livro que outrora pertenceu a
Juliet.
Curiosa por natureza, Juliet
Ashton começa a corresponder-se com vários habitantes da ilha.
É assim que descobre que
Guernsey foi ocupada pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, e
que as pessoas com quem agora se corresponde formavam um clube secreto a que davam
o nome de Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata.
Fascinada pela história da dita
Sociedade Literária, e ainda mais pelos seus novos amigos, Juliet parte para
Guernsey. O que encontra na ilha mudará a sua vida para sempre…
Gostei muito do contexto histórico, porque não sabia nada sobre Guernsey nem sobre a ocupação nazi da ilha, e nunca deixo de me impressionar com a coragem e o desespero dos pais ao enviarem os filhos para locais que achavam mais seguros, para ficarem ao cuidado de estranhos, sem notícias deles. Adorei a Isola e as suas maquinações, como adoro sempre as personagens excêntricas, mas já a personagem principal, a Juliet, foi uma desilusão, que tontinha!
ResponderEliminarJá viste se tivéssemos lido este em conjunto? Ainda me desafiavas para um duelo!
Beijinhos!
Paula
Eheheh, um duelo só se fosse de palavras!
EliminarConcordo com tudo o que dizes, fiquei rendida com uma nova perspectiva da Segunda Guerra Mundial, doeu-me, como mãe, essa opção de enviar para o desconhecido os filhos por tempo indeterminado e sem saber se os estavam a entregar a algo tão mau como aquilo que tinham em casa e adorei a Isolda. A Juliet só é protagonista porque é o elo de ligação entre tudo, nada mais, pois não tem em si nenhuma característica que nos faça admirá-la.
Que venha outra leitura em conjunto!
Beijinhos!
Pegando na parte final do seu comentário, gostaria de convidá-la a partilhar connosco a sua lista de locais a visitar um dia. Sugiro uma listinha top5 ou top10.
ResponderEliminarQuem sabe não será o início de...O SABOR DAS MINHAS VIAGENS.
É que não há volta a dar-lhe, a Ana Lopes tornou-se numa opinion maker de referência da blogosfera.
Um bom 2019!!!
Ai, Joaquim, não me desafie que eu não tenho tempo para mais. Contudo, vou pensar com carinho na sua proposta e, quem sabe, um dia destes partilho aqui outros dos meus maiores prazeres - as viagens!
EliminarObrigada por essas palavras que me deixam muito satisfeita!
Um 2019 igualmente maravilhoso para si!