Ficha técnica
Título – O
conto da ilha desconhecida
Autor – José Saramago
Editora – Porto Editora
Páginas – 64
Data de leitura – 09 de dezembro de 2017
Opinião
As
saudades que sinto de Saramago não desaparecem. Nunca desaparecerão, apenas se
vão apaziguando. Agudizam-se uma vez por outra. Agudizaram-se no dia 16 de
novembro quando se recordou o dia em que este autor genial nasceu em terras
ribatejanas.
Sempre
que as saudades apertam mais um bocadinho, não sei fazer outra coisa que não
seja ir ao encontro de uma obra sua, relendo-a e saboreando-a de novo, como se
a estivesse a descobrir pela primeira vez. Assim, no fim do mês de novembro, no
fim do mês do seu aniversário, trouxe da biblioteca municipal um dos seus
contos mais conhecidos, o de uma ilha desconhecida num mundo onde tudo já foi
descoberto.
Confesso
que quase não lembrava nada deste conto. Recordava a sua situação inicial, a de
um palácio real com portas com diversos fins e de um rei que pouco ou nada
ficaria a dever aos seus pares absolutistas. Recordava um homem que não desistia
dos seus intentos apenas porque Sua Majestade não mostrava interesse algum na
sua petição. Mas não recordava aquilo que acaba por ser a parte mais saborosa e
mais saramaguiana do conto – não recordava o que sucede ao homem após ter
conseguido que o rei acedesse a responder à sua petição.
Li
assim este conto travando a gula, contendo-a para que o prazer tardasse em
esfumar-se, para que o sabor deste conto deliciosamente perfeito ficasse
comigo. Acho que fui bem sucedida nesse intento, porque ainda agora sinto que
esse prazer está aqui, coladinho a mim e que palavras, passagens e acima de
tudo o final do conto (um final sublime, extasiante) nunca me abandonarão.
Amei,
adorei voltar a perder-me nas tuas letras, querido Saramago! As saudades
suavizaram-se, a nostalgia deu lugar ao prazer e por enquanto não preciso de
mais nada. Por enquanto não. Mas apenas por enquanto.
NOTA
– 10/10
Sinopse
“Um
homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco.”
Situada num tempo e num espaço indeterminados, a história do homem que queria um barco para ir à procura da ilha desconhecida promete ser a história de todos os homens que lutam contra as convenções em busca dos seus sonhos e de si próprios.
Situada num tempo e num espaço indeterminados, a história do homem que queria um barco para ir à procura da ilha desconhecida promete ser a história de todos os homens que lutam contra as convenções em busca dos seus sonhos e de si próprios.
Não conhecia este conto e também bateu uma saudade por aqui, de repente. Já pus O Homem Duplicado na mesinha de cabeceira para começar 2018 em grande e quero reler O Memorial do Convento, porque só me lembro da sensação de assombro de ler Saramago pela primeira vez há umas décadas e pouco mais. Desejo que inicies o novo ano com uma grande leitura também!
ResponderEliminarPaula
Já combinei comigo mesma que 2018 terá que preencher-se com mais releituras e agora que falaste de O Homem duplicado, deu-me uma vontade tremenda de relê-lo...
EliminarVou começar o ano com A sombra do vento, do Zafón porque quero reler os primeiros volumes antes de ler o que encerra a tetralogia. Bom, não devo relê-los todos, porque embirrei com o segundo volume - O jogo do Anjo - e acho que vou saltá-lo.
Vamos começar em grande o novo ano, pelos vistos. Que bom!
Beijinhos e obrigada por estares aí!
Também adorei A Sombra do Vento e apanhei uma desilusão com o O Jogo do Anjo, por isso, desisti dessa série. Ainda por cima, o último volume é um tijolão e os livros grandes, já sabes, intimidam-me!
ResponderEliminarEu é que te agradeço a ti por continuares a alimentar o blogue, porque com a Márcia mais afastada do dela, quase não tenho bloguers com gostos semelhantes aos meus. Um bom ano!
Paula
Estou na página 175 de A Sombra do Vento e já ri, já estremeci e voltei a apaixonar-me pelo estilo e ambiente góticos e a render-me à personalidade única de Fermín Romero de Torres.
EliminarTenho pena de que não tenhas "coragem" de pegar no volume III, pois é ótimo, tal como espero que seja o quarto.
Também sinto a falta dos textos da Márcia, mas compreendo que ela tenha querido fazer uma pausa, porque alimentar um blogue requer tempo e dedicação e às vezes torna-se cansativo. Esperemos que a pausa não seja muito longa e que ela volte rápido, porque muito do que está ou esteve na minha wishlist "bebi-o" das sugestões do Planeta Márcia.
Bom ano!
Olá!
ResponderEliminarJá tinha ouvido falar bem deste conto. Confesso que não grande "amiga" de Saramago (lá chegará o dia, acredito!), mas este conto acho que vou gostar.
Um beijinho e boas leituras.
Isa, não sou a pessoa mais imparcial para dizer-te que estás a perder grandes experiências de leitura, mas se queres dar uma nova oportunidade a Saramago, podes perfeitamente pegar neste livrinho pequenino e entrar devagarinho na grandeza do autor. Experimenta!
EliminarBeijinhos e leituras saborosas.