Nove mil dias e uma só noite, de Jessica Brockmole


Ficha técnica
TítuloNove mil dias e uma só noite
Autora – Jessica Brockmole
Editora – Editorial Presença
Páginas – 254
Data de leitura – de 23 a 27 de dezembro de 2017

Opinião
Este é o último texto que deixo no blogue em 2017. Mas não é sobre o último livro lido este ano, pois planeio terminar a leitura de Desnorte e de Missão Impossível que estou a ler na companhia do filhote antes de entrar no novo ano.
Nove mil dias e uma só noite é um romance epistolar. Está todo ele preenchido de cartas escritas antes e aquando da Primeira Grande Guerra e na segunda metade do ano de 1940. Através de um vaivém constante e ininterrupto de missivas, vamos conhecendo várias personagens, principalmente Elspeth, David, Margaret e Paul. A 5 de março de 1912, David Graham envia, desde Urbana, Illinois, EUA, uma carta a Elspeth Dunn (poetisa que vive na ilha escocesa de Skye), transmitindo-lhe a admiração e gosto que sentiu ao ler um dos seus livros de poesia. Esta será a primeira de inúmeras cartas que os dois irão trocando, nas quais irão, pouco a pouco, pondo de lado o tom mais formal e pretensioso e transformando o papel e a tinta num laço de amizade, intimidade e posteriormente amor. Quase trinta anos mais tarde, Margaret, filha de Elspeth, usará, por sua vez, as cartas para comunicar com o noivo, piloto da RAF, e para tentar saber quem foi a sua mãe enquanto jovem, para desvendar o que ela nunca lhe contou e assim conhecer o “primeiro volume” da história da sua vida.
Considero que um romance epistolar pode não cativar a atenção do leitor de forma tão imediata como o faz um romance de outro género. Pode tornar-se repetitivo, enfadonho e impedir que tenhamos um conhecimento tão omnisciente como normalmente temos quando a narrativa se preenche de personagens e narrador. Porém, o romance de Jessica Brockmole está muito bem estruturado, as cartas abordam temas muito diversos, vamos compreendendo nas entrelinhas muito do que só será plenamente revelado mais tarde e o facto de as cartas de Elspeth estarem intercaladas com as de Margaret torna a leitura mais agradável e menos monótona. Por todas estas razões, senti que Nove mil dias e uma só noite me entreteve de forma muito satisfatória nestes dias frios e chuvosos, me possibilitou viajar e visualizar as paisagens deslumbrantes desse país que tanto quero conhecer – Escócia –, me aqueceu com a história de um amor memorável e semeou nostalgia por esses tempos nos quais um pedaço de papel escrito e enviado num sobrescrito podia literalmente mudar a nossa vida.
Foi assim uma leitura agradável, mas que facilmente será posta de lado e “engolida” pelas que se lhe seguirem, já que me ofereceu uma bonita história de amor, me levou de novo aos cenários de guerra pelos quais sou viciada, mas nada mais. É demasiado levezinha, não há intensidade, complexidade nem aprofundamento suficientes. Pelo menos para mim não há. Cumpriu o seu papel – entreteve-me.
Não posso terminar sem referir que embirrei desde o início com o seu título pomposo e que não o consegui entender na totalidade. Compreendi a parte dos “nove mil dias”, mas o que se refere a “uma só noite” ficou por esclarecer, já que o casalinho apaixonado não esteve junto apenas uma noite. É mais um exemplo das traduções livres que se fazem de títulos de obras estrangeiras… Custava muito traduzir à letra o título original – Letters from Skye?
Agora sim, ponho fim a este texto, mas queria ainda desejar a todos que estão desse lado e que perdem um bocadinho do seu tempo vindo aqui, ao meu cantinho, um 2018 repleto de tudo aquilo que faça da vossa vida uma vida ainda melhor e que o novo ano se recheie de leituras extraordinariamente saborosas! Obrigada por estarem aí!

NOTA – 07/10

Sinopse
Março de 1912. A jovem poetisa Elspeth Dunn nunca saiu da remota ilha escocesa de Skye, onde vive, e é com grande surpresa que recebe a primeira carta de um admirador do outro lado do Atlântico. É o início de uma intensa troca de correspondência que culminará num grande amor. Subitamente, a Europa vê-se envolvida numa Guerra Mundial, e o curso normal das vidas é abruptamente interrompido. 
Junho de 1940. O Velho Continente vive mais uma vez o tormento de um conflito mundial e uma nova troca epistolar incendeia os corações de dois amantes, desta vez o de Margareth, filha de Elspeth, e o do jovem piloto da Royal Air Force por quem se apaixonou. Cheio de glamour e de pormenores de época, este romance faz a ponte entre as vidas de duas gerações - os seus sonhos, as suas paixões e esperanças -, e é um testemunho do poder do amor sobre as maiores adversidades.
Primeiro livro da autora, um romance único que faz a ponte entre duas gerações - os seus sonhos, as suas paixões e esperanças e as duas Guerras Mundiais. Um testemunho do poder do amor sobre as maiores adversidades.
     

8 comentários:

  1. Bom ano 2018 com muita saúde e leituras. Obrigada pelos seus textos maravilhosos, tenho uma inveja no bom sentido da maneira como escreve.
    Bom ano

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    1. Olá, Maria!
      Desculpe só publicar agora o seu comentário, mas apenas hoje me dei conta de que ele estava no "spam".
      Muito obrigada pelas palavras elogiosas! Fico com o coração cheio! Também lhe desejo um excelente 2018, com muita saúde e tempo para maravilhosas leituras!
      Apareça mais vezes, ficarei muito feliz!
      Beijinhos e leituras muito saborosas!

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  2. Ah, ah, os portugueses adoram complicar e contar a história toda já no título se possível!
    É verdade que o estilo epistolar pode deixar o leitor de pé atrás, mas temos pelo menos dois livros em comum na nossa lista de futuras leituras de que só ouço dizer bem, "A Sociedade Literária da Tarte da Casca de Batata" e "84, Charing Cross Road". A ver se é em 2018 que lhes chego!
    Paula

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    1. Sim, também tenho grandes expectativas para esses dois de que falas. Comprei "A sociedade" em dezembro (foi um dos meus pecados) e, graças a ti, tenho o "84, Charing Cross Road". Tenciono lê-los este ano e só espero que nos preencham às duas!
      Beijinhos!

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  3. Olá Ana
    Li este livro no ano passado (ou há dois já eheh) e lembro-me de ter gostado na altura, mas realmente já não me lembro de muito do que se passou.
    Pelo menos deu para passares um bom bocado :)
    Beijinhos, boas leituras e um excelente 2018!

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    1. Sim, entreteve-me e amoleceu ainda mais o meu lado romântico ;)
      Beijinhos, leituras muito saborosas e que 2018 te preencha a vida de tudo o que te faça feliz, como boas leituras!

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  4. Olá Ana,
    Oh que pena que não gostaste tanto! Mas pronto...não podemos gostar todos :)
    Um beijinho

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    1. Sim, não me encheu, mas neste momento já pisco o olho a outras obras epistolares, uma delas muito recomendada por ti :)
      Beijinhos!

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