No mês
mais pequeno do ano, li apenas quatro livros, mas um deles deveria contar por
três, já que tem mais de 800 páginas!!! Estou obviamente a referir-me a O labirinto dos espíritos, de
Carlos Ruiz Zafón, que encerra a saga de O
cemitério dos livros esquecidos e fá-lo de forma primorosa!
Comecei
a lê-lo no final de janeiro e devorei-o em apenas doze dias, tal era a minha
ânsia de obter respostas a muitas perguntas que foram sendo deixadas pelos
volumes anteriores e de saber, por exemplo, quem foi na verdade Isabel Sempere.
E, como já disse na correspondente opinião, a saga encerrou da melhor forma
possível, saciou-me e ainda me permitiu conhecer a magnífica e tortuosa Alicia
Gris. Dei-lhe, como não poderia deixar de ser, a pontuação máxima e o meu
entusiasmo foi tão contagiante que conseguiu aquilo que, à partida, parecia
muito pouco provável – desviar a atenção do maridinho dos novos elementos da
estante e levá-lo a reler toda a saga!
O
segundo livro que li em fevereiro foi uma desilusão que me abalou. Tinha
grandes expectativas em relação a Os
Malaquias, não só por causa do prémio que obteve – Prémio literário José Saramago – como também pela sua premissa e
pelas suas páginas iniciais, que, aquando da sua compra, me haviam deixado em
polvorosa. Contudo, à medida que ia avançando na leitura, fui sentindo esse
entusiasmo a evaporar-se, tal era a inércia das personagens, a falta de vida
que os habitava e exemplos de um realismo que de mágico pouco ou nada tinham.
Gostei muito do estilo de escrita da autora, do tom açucarado que tem, mas não chegou
para concordar com o prémio que lhe foi atribuído nem para preencher as minhas expectativas.
Mal terminei a sua leitura, pu-lo de imediato na estante, não sem ter pensado
que talvez não o venha a doar, num futuro próximo, à biblioteca municipal.
Continuei
em latitudes mais quentes com a terceira leitura do mês. Tenho noção, sobretudo
pelas pesquisas que vou fazendo na blogosfera e noutras plataformas, que O pecado de Porto Negro não é uma
obra muito conhecida e muito lida, o que é uma pena, pois tem todos os
ingredientes para agarrar os leitores que apreciam uma narrativa pulsante,
prenhe de vida e de emoções fortes. As suas personagens estão muito bem
construídas e nenhuma delas nos deixa indiferentes – ou sentimos carinho, amor
e desejamos fortemente que a vida lhes sorria ou cerramos os dentes e só nos
apetece enfiar-lhe um murro na cara, mesmo tendo noção de que são apenas assim
porque talvez não foram capazes de lutar contra um nascimento já amaldiçoado. O
estilo do autor é também muito bom, pois molda todos os ingredientes já
referidos e transforma-os numa história mesmo muito boa, que não leva a
pontuação máxima apenas porque, na minha opinião, o clímax da mesma foi
demasiado precoce.
Em fevereiro,
terminei ainda Marcada para morrer,
obra que gentilmente me foi oferecida pela editora Clube do Autor. Volto a
referir que não sou, de perto nem de longe, uma leitora assídua de policiais ou
de thrillers, mas não quis deixar passar a oportunidade que me foi dada com o
envio da obra e lancei-me a ela. Sabia de antemão que este era um volume de uma
saga protagonizada pelo detetive Roy Grace e que, como tal, haveria aspetos da
sua vida que apenas poderia conhecer melhor se já tivesse lido os volumes
anteriores. Porém, essa falta de informação não prejudicou a leitura de Marcada
para morrer, pelo contrário, fez-me ter mais vontade de continuar a ler e de
esperar com alguma ansiedade o volume que ainda há-de ser publicado (espero bem
que sim) num futuro breve. Quanto à intriga em si, Marcada para morrer debruça-se sobre o raptos de jovens
mulheres perpetrados por um assassino em série que, como tudo indica, voltou a
atacar passados mais de trinta anos e cabe à equipa de Roy Grace atar os fios
que unem esse lapso temporal e resolver o caso. É uma leitura interessante, com
uma escrita direta e limpa, mas peca pela demasiada informação técnica e
forense e por um número exagerado de personagens que, se fossem reduzidas para
metade, faria com que a leitura fosse mais fluída.
Aproveito
este balanço, antes de passar para os livros novos que chegaram em fevereiro,
para inchar outra vez de orgulho e relembrar que, pela primeira vez, publiquei
no blogue um texto da autoria do meu filho sobre uma das suas leituras. Falo da
obra Gato Galáctico – a minha vida
animada e da tremenda gulodice com que o D. a devorou e na consequente
e espontânea vontade com que ele se dirigiu a mim e me disse que tinha que
publicar um texto no blogue sobre a sua leitura. E assim foi. Sentei-me ao
computador e escrevi aquilo que ele me foi ditando, sempre com um sorriso nos
lábios, pois percebi nele todos as emoções que também eu sinto quando uma
leitura me deveras preenche. Sou mesmo uma mãe babada!
Quanto
aos habitantes novos da estante, eles são apenas três e todos eles foram
ofertas. Continuo firme na minha decisão de controlar gastos, de resistir
estoicamente às tentações e, por isso, não gastei um tostão com leituras para
mim. Da editora Clube do Autor, recebi Deixa-me
odiar-te, de Anna Premoli. Para comemorar uma data muito especial para
nós, o maridinho ofereceu-nos aos dois Os
loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho. Por fim, da avó, o D.
recebeu a obra que já leu e devorou – Gato
Galáctico, a minha vida animada, de Ronaldo de Azevedo. Mês pequenino,
ofertas também elas em número pequenino, mas quantidade muitas vezes não é
sinónimo de qualidade, não é verdade?
Remato
este balanço referindo que vou copiar a ideia de algumas bloggers e fazer de
março um mês apenas dedicado a leituras de obras escritas por autoras, ou seja,
leituras no feminino. Pretendo ler as seguintes obras:
§
O retorno, de Dulce Maria Cardoso (já lido)
§
A contadora de histórias, de Jodi Picoult (a ler)
§
A vida inútil de José Homem, de Marlene Ferraz
§
A herdeira dos olhos tristes, de Karen Swan
§
Jane Eyre, de Charlotte Brontë
§
Tanta gente, Mariana, de Maria Judite de Carvalho
Se o
trabalho não tomar demasiado conta dos meus dias, talvez leve este projeto a
bom porto. A ver vamos!
Por
fim, como é normal, deixo-vos os links para acederem à
opinião completa das obras lidas em fevereiro:
E
vocês, que leram? E que pretendem ler em março? Fico à espera das vossas
respostas!
E tens razão para ficar bababa, é tão bom ter um mini "me".
ResponderEliminarAgora passei a seguir-te no Goodreads porque sou uma cusca ansiosa que não pode ficar uma semana inteira à espera de saber a pontuação que deste a um livro! :-)
Espero que gostes da Jane e que te comovas tanto como eu como o José Homem. Eu estou numa fase em que a escrita feminina me puxa muito mais. Só para veres, o livro que comprei foi de uma mulher, Rosa Montero, A Louca da Casa, finalmente, naquela edição tão catita. E o livro que mais me tocou foi A Educação de Eleanor, de Gail Honeyman. É uma história extremamente triste de uma rapariga que cresceu em famílias de acolhimento depois de uma tragédia com a mãe, que à sexta à noite compra sempre uma pizza e uma garrafa de vodca e só volta a falar com alguém na segunda, ao chegar ao emprego, mas acha que está perfeitamente bem. É de partir o coração!
Bom fim de semana de boas leituras!
Paula
Tu cusca à vontade, mulher! É verdade que ponho sempre primeiro alguma coisa no Goodreads que no blogue. E já és minha amiga lá ou só me segues? Se não és, pede-me amizade, que dou-ta de bom grado :)
EliminarJá estou a conhecer o José Homem e é óbvio que já me conquistou, ele e o Nino! Vai ser uma daquelas leituras, sem dúvida nenhuma!
Espero que gostes tanto da Rosa Montero como eu gosto. Hoje ouvi no youtube uma crítica tão boa ao seu último livro, que tive que lembrar-me da promessa de não gastar dinheiro enquanto não "desvastar" a estante dos não-lidos!
Depois do que disseste, quero muito ler A educação de Eleanor! Infelizmente a biblioteca da terrinha não o tem, mas vai para a wishlist, para ver se alguma alma caridosa mo oferece!
Beijinhos e boa semana!
Ainda só te (per)sigo. Ah! Ah!
EliminarSó li Instruções para Salvar o Mundo, que achei maravilhoso. Tenho de ir procurar essa crítica, porque ando sempre mais a par do que se edita em língua inglesa.
Beijinhos
Tu (per)segue-me à vontade, embora acho que já nos amigamos, verdad?
EliminarTenho que ver se encontro essas Instruções! Devem ser mesmo muito boas!
O último livro dela é Carne e cá foi editado pela Porto Editora. Se o leres primeiro do que eu, diz-me o que achaste!
Beijinhos.
Fevereiro foi mês de acabar Aquilino Ribeiro, começar na saga da baleia e pouco mais (aqueles contos do Expresso, aquele livro sobre a Marquesa de Alorna).
ResponderEliminarEm Janeiro, no entanto, li "Loucos da Rua Mazur" - prometo review para breve, mas deixo desde já que gostei muito! Surpreendeu-me muito, vale muito a pena a leitura.
Ui... ainda o quero ler mais agora!
EliminarNunca li Aquilino, porque nunca me puxou e a baleia continua à deriva, porque terei que armar-me de tempo para "apanhá-la"! Fico à espera das tuas opiniões!
Ah, e não sei se sabes - o Jane Eyre foi leitura do "Clube dos Clássicos Vivos". Já o li duas vezes e confesso que não sou a maior apreciadora, mas se quiseres/fores da zona/acabares o livro até lá, o livro vai ser discutido daqui a uma semana em Sintra :)
ResponderEliminarObrigada, mas sou uma catraia do Norte, por isso esse Clube e outros apetitosos estão-me vedados, para pena minha! Também já li a Jane, numa versão condensada e reduzida. Agora quero ler a versão integral, para ver se me conquista como me conquistou a sua "irmã" mais pequena ;)
EliminarBeijinhos!