Ficha técnica
Título – A
herdeira dos olhos tristes
Autora – Karen Swan
Editora – Clube do Autor
Páginas – 460
Datas de leitura – de 15 a 18 de março de 2018
Opinião
Em
quatro dias engoli e devorei esta obra que me foi gentilmente oferecida pela
editora Clube do Autor. Numa altura em que o trabalho domina os meus dias e quase
não me deixa respirar, é extremamente saboroso aproveitar as migalhinhas de
tempo que me sobram para mergulhar numa leitura fácil, que nos prende e que nos
obriga a “papá-la” com sofreguidão. Foi o que aconteceu com este romance de
Karen Swan, uma autora que até agora desconhecia.
A
narrativa, partida entre presente e passado e entre duas protagonistas de
idades muito diferentes, entrelaça tão bem tempos e as histórias das duas
mulheres que, sem que me desse conta, me levou a ler páginas atrás de páginas,
absorvida nas vidas de Cesca e Elena e desejosa de saber que segredos
escondiam, que reviravoltas o presente lhes reservava e sobretudo qual o
verdeiro motivo que havia levado Elena a contratar Cesca para que esta
escrevesse as suas memórias de menina milionária e de mulher detentora de um
título aristocrático.
A ação
centra-se, como é óbvio, nestas duas mulheres e nas suas vidas tão díspares. As
duas conhecem-se em Roma, cidade milenar e carregada de perfumes fortes e
inesquecíveis. Cesca é uma jovem inglesa que decidiu refugiar-se na capital
italiana após ter deixado para trás uma vida de advogada de sucesso. Vive a
poucos metros do palácio sumptuoso de Elena Damiani e o acaso permite que as
duas travem conhecimento e uma acabe trabalhando para a outra. Enquanto Cesca
se debruça sobre uma pilha interminável de fotos que retratam a vida de Elena,
nós, leitores, vamos saltitando do presente para o passado e percebendo que há
muito mais por detrás da vida glamorosa de Elena do que as referidas fotos
contam. Vamos percebendo igualmente que há algo no passado de Cesca que não lhe
permite relaxar e viver a vida que tem pela frente. Tudo isto nos chega através
de uma narrativa fresca, cativante e com todos os ingredientes para querermos
devorar o mais rápido possível os seus capítulos curtinhos e bem enredados
entre si.
Admito
que esta obra nada tem de espetacular nem é dona de nenhuma fórmula inovadora.
Mas isso não é motivo para que a não recomende, sobretudo àqueles que queiram
mergulhar numa leitura mais leve, entusiasmante e que lhes sairá das mãos em
pouco tempo, tal será a vontade de avançarem na sua narrativa e chegarem ao seu
desenlace satisfeitos e saciados. Por isso, se andarem à procura de uma leitura
deste género, arrisquem com este romance, pois as vossas expectativas não
sairão defraudadas.
Termino
fazendo referência à única coisa que verdadeiramente me desagradou. Falo da
tradução e/ou adaptação do título ao português, pois acho um disparate completo
darem o título de Herdeira dos olhos
tristes a uma obra protagonizada por alguém como Elena. É certo que ela
não teve uma vida fácil, mas herdou um título e uma vida aristocráticas que não
se podem reduzir e caracterizar como apenas “tristes”. Elena é uma personagem
complexa, contraditória e que não ganha facilmente a simpatia da parte dos
leitores. Viveu uma existência pautada por desamores, alguma violência e
perdas, mas conseguiu sempre superar tudo isso, muitas vezes de formas pouco
ortodoxas e corretas. Como tal, considero que é muito redutor aquilo que se
retira do título e que este não espelha nem se ajusta àquilo que que foi e é
Elena Damiani. Mas, e digo-o com alguma frustração, este não é nem será o
último exemplo de um título traduzido/adaptado de forma completamente
despropositada.
Agradeço,
uma vez mais, à editora Clube do Autor
que me enviou esta obra em troca de uma opinião sincera.
NOTA –
08/10
Sinopse
1974. Elena Damiani é uma
herdeira rica e bela, com tudo para ser feliz. Contudo, aos vinte e seis anos
já vai no terceiro casamento e uma juventude repleta de cicatrizes. Quando
conhece o homem que parece ser o seu par perfeito, percebe que ele é precisamente
o único homem que ela não pode ter, e nem todo o dinheiro do mundo é capaz de
mudar essa circunstância.
Mais de 40 anos depois, a jovem
Francesca vive la dolce vita. Antiga advogada, foi para Roma em busca de uma
nova vida. Um acaso fortuito leva-a ao Palazzo Mirandola, onde conhece a famosa
Viscondessa Elena dei Damiani. A empatia entre ambas é imediata e Francesca
fica fascinada pelo mundo de Elena, pelo seu passada e pelas suas incríveis
histórias.
Quando a Viscondessa a incumbe
de narrar a sua extraordinária vida, Francesca entra num mundo de privilégios,
aparências e excessos. Mas só quando um valioso anel de diamantes é encontrado
num túnel antigo da cidade, mesmo por baixo do Palazzo, é que Francesca percebe
a rede de mentiras que envolve Elena. A braços com o seu próprio passado
tortuoso, Francesca é incapaz de ignorar a verdade, revelando um segredo antigo
que pode mudar muitas vidas…
Olá Ana,
ResponderEliminarEste não cheguei a ler. Mas parece-me bem para aquelas alturas em queremos ler algum entretenimento.
Um beijinho e boas leituras
Sim, Isa, é uma excelente opção para intervalar com leituras mais complexas. Lê-se num ápice e cumpre com o seu objetivo, sem dúvida!
EliminarBeijinhos!