El río del Edén, de José María Merino

Terça-feira, 21 de dezembro de 2015




Opinião
El río del Edén é o quarto e último livro que leio daqueles que regressaram na minha mala da escapadela que fiz em agosto a terras galegas. A sua sinopse e belíssima capa tinham-me piscado o olho já há algum tempo, mas só caí em tentação quando descobri na Fnac de A Coruña a correspondente edição de bolso, bem mais baratinha J
As suas quase trezentas páginas contam-nos uma história que bem poderia ser a de alguém que nos é muito próximo. Ao lê-la percorre-nos a sensação de estarmos sentados no nosso sofá, comodamente sentadinhos a ouvir os desabafos de alguém que viveu um grande amor, que o perdeu muito por culpa sua, que se sente perdido num dia-a-dia que se arrasta sem grandes ou significativos câmbios, que tenta abafar dentro de si as facetas mesquinhas, intolerantes, preconceituosas e assim perdoar-se e conseguir o perdão daqueles que ainda preenchem a sua vida e da mulher que tanto amou e a quem tanto sofrimento infligiu.
Daniel é um homem que já passou dos quarenta. Detentor de uma vida estável e de um bom emprego, recorda os anos de juventude, sobretudo aqueles em que conheceu Tere, se apaixonou perdidamente por ela e juntos partilharam uma viagem idílica a um recanto edénico perdido em terras banhadas por um ainda intocado rio Tejo. Nos onze dias que desfrutam juntos desse paraíso, os dois vivem como Adão e Eva – extasiam-se com o cenário natural que os rodeia, desfrutam dos seus encantos, dormem e comem quando bem lhes apetece, amam-se em qualquer pedacinho de terra ou submergidos nas águas límpidas do rio e sentem-se únicos, detentores do que verdadeiramente define o paraíso, do que define a derradeira e perfeita história de amor entre um homem e uma mulher.
Contudo, o sonho começa a esvair-se e a dissipar-se a partir do momento em que regressam à realidade. A rotina instala-se, a convivência, os dissabores, as frustrações, os sonhos e os planos de um que não são os mesmos do outro inexoravelmente fazem com que as águas do rio do Éden percorram outras paragens, conheçam obstáculos e exijam sobretudo de Daniel determinação, coragem e confiança. O idílio esboroa-se e o veneno da desconfiança e do egoísmo enraízam-se. Tudo se complica ainda mais quando Tere toma decisões sem consultar Daniel, decisões que este considera fundamental que sejam partilhadas, tomadas a dois. Da última nasce um filho, mas um filho que não é perfeito, que traz deficiências congénitas herdadas da parte da mãe. É o início do fim. Do fim de um amor edénico, idílico.
El río del Edén ofereceu-me o primeiro contacto com a escrita de José María Merino. Foi um primeiro contacto bastante agradável, já que o seu estilo caracteriza-se pela serenidade, por uma escrita linear, simples, sem grandes arrebatamentos, com uma curiosa e prazenteira mistura da realidade com a fábula, o lado encantatório, dos espaços naturais e da associação que os mesmos podem ter com a complexidade que compõe o ser humano.
Contudo, não posso dizer que me tenha apaixonado, que me tenha extasiado com a leitura desta obra, porque achei-a interessante, mas demasiado plana, sem aqueles píncaros de emoção ou de ação que nos desarmam. Considero que lhe falta sal, condimentos para que nos deixem com água na boca e com uma vontade louca de repetir, de alcançar a almejada saciedade J
Sendo assim, a escapadela a A Coruña possibilitou-me duas leituras fenomenais – La borra del café, de Mario Benedetti e Palmeras en la nieve, de Luz Gabás – e outras duas agradáveis, interessantes, mas algo insossas – Años lentos, de Fernando Aramburu e este…

NOTA – 08/10

Sinopse

Una historia conmovedora de un padre y su hijo adolescente que te robará el corazón. "Dicen que un ser humano tarda poco más de ocho segundos en enamorarse, y mientras mirabas y escuchabas a aquella chica, sentiste hacia ella ese invencible afán de proximidad con que el amor se reviste cuando surge. "En compañía de su hijo Silvio, Daniel recorre los parajes del Alto Tajo, lugar legendario en el que piensa esparcir las cenizas de su esposa. Son los mismos lugares en que el hombre y la mujer, en su primera juventud, compartieron una fuerte pasión amorosa. Al hilo de la caminata, el hombre recuerda su emocionante historia de amor, traición y arrepentimiento. Narrada desde una "segunda persona "que compone a la vez un flujo de conciencia y una narración objetiva, esta nueva novela de José María Merino vuelve a confrontar los ámbitos ajenos e indiferentes de la naturaleza -los espacios naturales- con ese desasosiego sentimental y moral que está en la sustancia misma del ser humano. El río del Edén conforma un drama amoroso y familiar muy propio de los tiempos que vivimos, y que sin embargo mantiene vigentes aspectos de la realidad que han sido permanentes estímulos para la ficción literaria.

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