Ficha técnica
Título
– O último cais
Autora
– Helena Marques
Coleção
– BIS, Livros de Bolso
Editora
– Leya
Páginas
– 189
Datas
de leitura – de 09 a 13 de janeiro de 2016
Opinião
É a primeira vez que leio um romance
desta autora. Aliás, antes de ter partilhado leituras, no passado mês de
agosto, com algumas colegas (ver aqui), não sabia da existência desta
romancista ligada ao jornalismo e à bela ilha da Madeira. Partindo então da
sugestão de uma dessas colegas, adquiri este livrinho de bolso e só agora o li.
Num espaço de quatro dias, recuei ao
final do século XIX e percorri as ruas e espaços da capital madeirense, entrei
em casas de abastadas famílias e compreendi um pouco melhor a umbilical ligação
que amarra os madeirenses àquelas encostas verdejantes, a tradições e rituais,
a um clima deliciosamente ameno e ao mar. A um mar sem fim que apela ao
desconhecido, ao soltar das referidas amarras, a uma por assim dizer
claustrofóbica vontade de evasão e a uma necessidade visceral de regresso, de
atracar ao cais, de retorno àquele punhado de terra que enfeitiça, que pertence
a portugueses, a ingleses e a todos que, de passagem, aí lançam a sua âncora e
não mais de lá saem.
As personagens que habitam as 189
páginas de O último cais são o
espelho de tudo isto. E de algo mais. Marcos, a personagem masculina que
percorre toda a narrativa cativou-me desde as primeiras palavras que o narrador
lhe dedicou. Homem atraente, loucamente apaixonado pela mulher, revela nos seus
atos a essência do insular que sente o apelo do mar e que não controla a
urgência de evasão. Por isso, de tempos a tempos, embarca e lança-se a uma
conquista muito sua do que está para além da sua ilha natal.
Revela
ainda ser um homem atento aos outros, especialmente a Raquel, o grande amor da
sua vida, com quem partilha cumplicidades, risos, olhares, silêncios, prazeres
e entendimentos. A história dos dois aquece-nos, aconchega-nos como uma manta
quentinha e exemplifica o que todos nós buscamos, sejamos homens e mulheres do
final do século XIX, sejamos homens e mulheres do século XXI.
A obra está dividida em capítulos todos
eles encabeçados por um título que, a maior parte das vezes, é apenas o nome de
uma personagem, sobretudo de uma personagem feminina. Numa sociedade
enclausurada num punhado de terra no meio do oceano, cujas tradições, rituais,
preconceitos e religião condicionam os atos, os pensamentos e os sentimentos de
todos, as vidas de Raquel, Luciana, Catarina Isabel, das manas Marta e Maria, de
Constança e Clara desfolham ante nós e fazem-me sentir orgulho no sexo feminino.
A valentia e força de carácter com que estas mulheres decidiram o seu destino,
cortaram as amarras que as prendiam a um cais castrador são o que de melhor
habita nesta obra que, aparentemente simples, nos envolve com estas histórias
que vão passando de geração em geração e vão fortalecendo as mais recentes e as
vindouras.
O estilo de Helena Marques é assim acolhedor,
com laivos de doçura, de fragilidade, de sedução, de força e valentia. Como o
são as suas personagens. Como o somos nós, as mulheres. Reúne apontamentos
históricos, faz-nos calcorrear as ruas íngremes do Funchal, aquece-nos com o
seu clima ameno, obriga-nos a olhar o mar, a devanear na sua imensidão e
autoriza-nos a conhecer, a saber um pouco mais sobre a Madeira e os seus
habitantes.
Gostei da minha estreia no mundo das
letras desta autora. Gostei da sua suavidade, que me aconchegou nestes dias
invernosos e me manteve relaxada e bem comigo mesma. Quero voltar. Quero
experimentar outra vez. Porque Helena Marques cumpriu e isso é o melhor.
NOTA – 08/10
Sinopse
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a
Formação de Adultos, como sugestão de leitura.
«O Último Cais é um
texto envolvente, sedutor, pela sua aparente simplicidade. Pela sua beleza.
Pela sua força, tecida de pequenas fragilidades, de pequenas fragrâncias de
pequenas cintilações musicais...» Maria Teresa Horta
Olá Ana,
ResponderEliminarLembro-me de ter estado num encontro com esta autora, há muitos anos quando estava a estudar. E o nome da autora ficou-se sempre na cabeça. Mas nunca cheguei a ler nada da autora.
Apesar de não ser um livro maravilhoso, mas fiquei muito interessada em ler este livro (aliás como sempre :))
Beijinhos e boas leituras
Olá, Isaura!
EliminarÉ um livro que nos envolve com a sua simplicidade, a sua história, as mulheres fortes que nos apresenta e com um cheirinho bom da Madeira. Foi uma boa estreia e quero voltar a ler Helena Marques. Aliás, tenho uma amiga que me recomendou "Os Íbis vermelhos da Guiana" :)
Beijinhos e muito boas leituras!
Recomendo fortemente Os Ibis Vermelhos da Guiana, livro maravilhoso!
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