Ficha técnica
Título – A
princesa de gelo
Autora – Camilla Lackberg
Editora – Oceanos (chancela do grupo LeYa)
Páginas – 400
Datas de leitura – 12 a 16 de junho de 2018
Opinião
Sou
novata neste género de literatura. Em mais de trinta anos de leitora li menos
de cinco livros policiais ou thrillers, embora se pudesse prever que quem
devorou as coleções de Enid Blyton (papei tudinho d’Os Cinco, d’Os Sete, Mistério) e outras semelhantes como os da Patrícia, prosseguisse a sua senda de leitora admiradora de
narrativas de mistério e aventuras e evoluísse, em adulta, para uma literatura
que privilegiasse esse tipo de características. Porém, isso não sucedeu e
apenas este ano, talvez influenciada pelos livros e correspondentes opiniões
que vou vendo de booktubers que sigo, tenha posto a hipótese de intervalar
leituras mais duras e densas (que são aquelas que habitam na minha estante) com
outras mais leves e menos sofridas. Consequentemente já provei uma obra
chicklit e decidi, após ter lido e gostado de O bibliotecário de Paris, de Mark Pryor e Marcada para morrer, de Peter
James (obras que me foram gentilmente oferecidas pela Clube do Autor), ler algo
do mesmo género ou um thriller. Fiz, por isso, uma pequena pesquisa online e, uns dias mais tarde, trouxe da
biblioteca o primeiro volume de uma saga nórdica – A princesa de gelo, de Camilla Lackberg.
Erica
Falk é uma escritora mediana (até ao momento apenas escreveu biografias) que
regressa à sua terra natal após a morte súbita dos seus pais. Contudo, mal tem
tempo para tratar da sua dor e luto, já que uma morte bastante misteriosa vem
abalroar a pacatez invernal de Fjallbacka. Alex, a sua melhor amiga de
infância, com quem Erica perdeu completamente o contacto uns anos mais tarde, é
encontrada morta em casa, na sua banheira, com os pulsos cortados, facto este
que parece apontar para um suicídio. Contudo, como quase sempre as aparências
iludem, e aquilo que parecia ser uma morte que Alex havia provocado em si mesma
é na verdade um homicídio com características sombrias e algo inquietantes.
Perante
o desenrolar dos acontecimentos, Erica vê no assassinato da sua conhecida uma
forma de dar um novo rumo à sua vida profissional e dessa forma pôr de lado as
biografias e começar a escrever ficção – uma ficção baseada em factos verídicos,
mas uma ficção. Assim sendo, põe um interesse muito evidente em tudo o que
possa saber sobre o desenrolar da investigação à morte de Alex e terminará
privando de muito perto com várias personagens diretamente ligadas ao caso, entre as quais o
investigador da polícia e também amigo de infância Patrik Edstrom. E mais não
digo nem quero dizer.
Foi uma
leitura bastante agradável e que fluiu muito bem. Criei uma empatia imediata
com os protagonistas e nunca perdi o interesse, isto é, fui acumulando
informação e tentando a todo o custo desvendar o assassinato, descobrir quem,
de facto, tinha estado por detrás do mesmo e porquê o havia levado a cabo. Não
fui capaz de o fazer e isso, para mim, revelou-se a parte mais positiva da
obra, pois a autora mostrou-se capaz de ir soltando pistas nos momentos certos,
moldar uma narrativa atrativa que não se centra exclusivamente na morte de Alex
e criar um desenlace bastante surpreendente e credível. Contudo, e aí vem à
baila a minha inexperiência neste tipo de leituras, estava à espera de uma
narrativa com um ritmo muito mais frenético, com uma carga mais densa e mais
sombria, o que, segundo me foi explicado, abunda em thrillers e não tanto em
policiais, género este onde se encaixa melhor esta obra de Camilla Lackberg, “a
nova Agatha Christie que vem do frio”.
Para
concluir ou quase concluir e retomando aquilo que referi no parágrafo anterior,
é certo que esta obra tem um tom algo morno, sem o frenesim de que estava à
espera e cuja falta me dececionou um pouquinho. Porém e para contrabalançar,
está povoada de personagens bem construídas, com pinceladas de cliché, mas
mesmo assim, bastante credíveis, a sua narrativa desenvolve-se com consistência
e o seu desenlace é surpreendentemente bom. Por isso, não digo que não a uma
próxima leitura desta autora nórdica. Sei que, sempre que quiser algo para
intervalar e cortar leituras mais sofridas, posso dar uma saltada à biblioteca
da terrinha e trazer um novo volume desta saga.
Termino
pedindo a quem leia esta opinião e tenha mais conhecimento do que eu acerca de
policiais e thrillers apetecíveis que deixe nos comentários sugestões! Agradeço
desde já!
NOTA –
7,5/10
Sinopse
De regresso à cidadezinha onde
nasceu depois da morte dos pais, a escritora Erica Falk encontra uma comunidade
à beira da tragédia. A morte da sua amiga de infância, Alex, é só o princípio
do que está para vir.
Com os pulsos cortados e o
corpo mergulhado na água congelada da banheira, tudo leva a crer que Alex se
suicidou.
Quando começa a escrever uma
evocação da carismática Alex, Erica, que não a via desde a infância, vê-se de
repente no centro dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, Patrik Hedström, que
investiga o caso, começa a perceber que as coisas nem sempre são o que parecem.
Mas só quando ambos começam a trabalhar juntos é que vem ao de cima a verdade
sobre aquela cidadezinha com um passado profundamente perturbador…
Também não descobri o culpado, o que acho sempre giro! E também gostei do ambiente de terrinha pequena sempre coberta de neve, no entanto, os protagonistas são um bocadinho bonzinhos de mais para o meu gosto, e o Patrik é um pouco choninhas. Mas é como dizes, lê-se bem e distrai.
ResponderEliminarOs meus policiais preferidos são da JK Rowling/Robert Gailbraith, mais "dark" com uns excelentes diálogos e uma parelha irresistível. De thrillers, não há nada como a pérfida e mirabolante Gillian Flynn. Até os levo para a cozinha enquanto a água não ferve! Gosto de todos, mas se calhar já leste Em Parte Incerta, o mais famoso dela.
Bom fim de semana!
Paula
Sim, é uma obra agradável, mas as partes mais "choninhas" fazem-na perder algum fôlego...
EliminarObrigada pelas sugestões - não sabia que a JK Rowling escrevia policiais. Dos outros dois que referes, Gillian Flynn aparece frequentemente por aqui na blogosfera e no booktube. Não li Em parte incerta, mas vi o filme. Se gostas de todos, hei-de cuscar as estantes da biblioteca para ver se tem algum. O mesmo farei para Robert Gailbraith.
Beijinhos e muchas gracias!
Olá Ana,
ResponderEliminarJá vi que foi uma leitura morna. Tenho muita curiosidade com a autora. Um.dia experimento.
Um beijinho
Sim, querida, experimenta, porque eu também vou voltar a fazê-lo!
Eliminar"Besitos gordos", como se diz em espanhol :)