Estamos
a meio de junho e só agora é que tive tempo (e ânimo) para sentar-me e fazer o
balanço do mês de maio que já lá vai… Quero pedir desculpas a quem me segue
assiduamente por esta ausência, mas quando o trabalho manda em todos os passos
que dou, é impossível mimar e alimentar este cantinho que já é tão vosso como
meu.
Agora
que consigo, por fim, ver luz ao final do túnel quero tentar pôr em dia os
textos que tenho em atraso e partilhar convosco tudo o que tenho andado a ler,
a comprar e a acrescentar à minha wishlist.
Maio
foi um mês de muito boas leituras. Mas também foi o mês em que desisti de duas
que não fizeram clique nem me embalaram nos poucos minutos em que, diariamente,
pegava no livro que estava na mesinha de cabeceira e tentava evadir-me da
realidade.
Em dois ou três dias devorei Deixa-me Odiar-te (gentilmente
enviado pela editora Clube do Autor) e descobri, depois de tantos e tantos de
leitora, o que é isso de um romance chicklit. Não é o meu tipo de obra favorito,
mas, caramba, adorei a experiência, adorei a sua previsibilidade e a enxurrada
de clichés que inundam a história de dois jovens que trabalham juntos, que se
odeiam, mas que se prevê, desde a página inicial, que vão viver uma história de
amor muito divertida, cheiinha de contratempos e com um inevitável final feliz.
Lê-la foi uma lufada de ar fresco e, como tal, atribuí-lhe a nota de 09/10.
A obra
que se lhe seguiu também foi lido num curtinho espaço de tempo. Voltei às
letras de Possidónio Cachapa com Segura-te
ao meu peito em chamas e admito que não gostei de todos os contos que
compõem a obra. Contudo, há dois que são de uma beleza transcendental, que me
tocaram e ainda estão comigo. São mais um exemplo do quão bem escreve este
autor alentejano e do quanto vale a pena descobrirmos novos autores lusos.
Possidónio Cachapa é, como já disse outras vezes, um nome a ter em conta. Eu
pelo menos quero, e muito, ler mais dele. A esta colectânea dei 08/10 e
aproveito para agradecer, uma vez mais, o empréstimo aos cunhadinhos.
Há
muito tempo que queria ler O czar do
amor e do tecno. Desde que li a correspondente opinião que a Márcia
Balsas deixou no seu Planeta. Sabia de antemão que não seria uma leitura fácil,
já que, nas palavras da Márcia, a narrativa se assemelhava a um comboio que
parava em muitíssimas estações e que, enquanto leitores, nos veríamos obrigados
a entrar e sair continuamente nessas estações. Embarquei repleta de expetativas
e as mesmas não foram goradas. A escrita de Anthony Marra é primorosa, as
personagens densas, imperfeitas e muito especiais e o tom mordaz, crítico,
irónico e ao mesmo tempo emotivo e dorido. Foi assim uma viagem muito saborosa
e à qual atribuí a classificação de 09/10.
Maio
também me permitiu regressar a um conflito pelo qual tenho uma obsessão
doentia. Li Rapariga em Guerra
e Como se eu não existisse e
voltei a sofrer horrores ao ler os horrores que se perpetraram na Guerra Civil
Jugoslava. “Mordi-me” de repulsa e terror perante a história de uma menina que
perde a infância numa estrada barrada por soldados/mercenários e perante a
história de uma jovem mulher que, nas mãos de outros soldados/mercenários
compreende de pior forma possível o que é ser vergada, humilhada e destituída
da essência que nos torna humanos e únicos. Foram, como devem calcular, duas
leituras poderosíssimas, que me deixaram extenuada, mas com a obsessão
inabalável, ou seja, não devo demorar muito tempo em embrenhar-me noutra de
cariz semelhante. A Rapariga em guerra
atribuí, depois de alguma reflexão, a nota máxima e a Como se eu não existisse a nota imediatamente abaixo, ou
seja, um 09.
Intervalei
a leitura destas duas obras duras com outra vinda de terras que têm um sabor
mágico, pelo menos para mim. Li Tão
amigas que nós somos, da chilena Marcela Serrano e adorei o primeiro
contacto com esta autora que já me piscava o olho há bastante tempo. A história
de quatro amigas, muito diferentes entre si, mas unidas como só as verdadeiras
amigas conseguem ser, embalou-me e aconchegou-me como poucas o fazem e, para
além de ter ficado com o orgulho feminino ainda mais em alta, saboreei com um
prazer muito especial o regresso a paragens sul-americanas e a uma escrita com
textura e temperaturas muito próprias. Fiquei com água na boca e agora quero
ler mais de Marcela Serrano. A este primeiro contacto com as suas letras dei
09/10.
Referi
no início deste balanço que a estas seis obras lidas se juntam duas que não
consegui terminar. Uma foi uma experiência falhada no mundo chicklit. Li mais
de metade de Amores Proibidos,
de Jill Mansell, mas a impressão pouco apelativa que fiquei desde as páginas
iniciais nunca se desvaneceu e não criei nenhuma empatia com qualquer uma das
personagens e só consigo recordar que todos pareciam ter amantes ou querer ter
amantes… A outra experiência falhada foi com uma obra “mais séria” – Paisagem com
mulher e mar ao fundo, de Teolinda Gersão. Li apenas 20 ou 25 páginas, mas não
quis mais… Não duvido que a obra seja muito boa, mas não se encaixou num mês de
muito trabalho e pouca concentração. Talvez lhe pegue mais tarde.
Entretanto,
maio trouxe novos habitantes para a estante. No dia da mãe, os meus homens
mimaram-me com dois livros que estavam na minha wishlist – O caderno do avô Heinrich, de Conceição Dinis Tomé e Debaixo da pele, de David
Machado. Para além destes, outros três chegaram à estante porque não me
controlei e pequei em promoções feitas pela WOOK. Comprei Sete minutos depois da meia-noite, de Patrick Ness, As últimas linhas destas mãos, de
Susana Amaro Velho e o ansiadíssimo Meridiano
28, do maravilhoso Joel Neto. Cinco novos habitantes que ficarão à
espera da sua vez e que sei que me irão maravilhar.
Concluindo,
maio foi um mês mesmo muito proveitoso. Só espero que junho lhe siga as
pisadas. Para já, está bem encarreirado.
E como
foi o vosso mês de leituras e aquisições? Já leram alguma das obras que
comprei/recebi? Se sim, por favor, digam o que acharam, sem revelar demasiado.
Termino
deixando-vos, como é habitual, os links para acederem à
opinião completa das obras lidas em maio:
Em sintonia para não variar! O do Davidzinho já tinha desde o Natal, e o da Susana Amaro Velho recebi pelo Dia da Mãe. Quanto ao Patrick Ness, ainda não tive coragem de lhe pegar, pois quando há tragédias com filhos e mães, fico uma medricas!
ResponderEliminarEm maio, estreei-me nas bibliotecas de LX em grande, com Carne, da Rosinha de mi corazón. É mesmo bom, daqueles que não se consegue pousar.
Venham mais livros novos!
Paula
:) Ai sintonia "gostosa" (com sotaque brasileiro)! Estou muito feliz com estes novos habitantes, mesmo muito feliz! E agora, sabendo que podemos trocar, mais uma vez, impressões, mais feliz ainda fico!
EliminarO da Rosinha de nuestro corazón lo tengo en español e se já tinha vontade de o ler, imagina como fiquei quando li o teu comentário! Venha ele!
Este mês voltei a tornar-me leitora das bibliotecas da Invicta, mas sei que não o serei com muita frequência, pois o tempo não me dará muitas tréguas para lá ir e trazer livrinhos! Mas, pelo menos, sei que, se quiser, já estou autorizada para tal!
Olá Ana,
ResponderEliminarFoi um bom mês. Joel Neto gosto muito. Esse já há na minha biblioteca. Quero ver se o leio. O cAderno do Avô Heinrich é muito giro. Gosto muito. Fico a aguardar opiniões.
Um beijinho
Olá, Isa!
EliminarSim, foi um bom mês e muito provavelmente vou quebrar a minha mania cronológica e inserir o do Joel Neto no BookBingo!!! Por isso, a opinião não demorará muito ;)
Beijinhos!
Aninha, vais revelar a tua TBR do BookBingo ou só vais fazer o balanço final? Já sabes que sou cusca... :-) Tenho visto alguns Booktubers a falar disso e parece bem divertido!
EliminarPaula
Adoro a tua cusquice! Como já sabes, já revelei a minha TBR e estou entusiasmadíssima com ela! Vai ser um desafio muito divertido e bom para seguir com as leituras cronológicas e ao mesmo tempo dar-lhe algumas facadas!
EliminarBeijos!