Ficha técnica
Título – Tão
amigas que nós somos
Autora – Marcela Serrano
Editora – Círculo de Leitores
Páginas – 312
Datas de leitura – 24 a 29 de maio de 2018
Opinião
No dia
18 deste mês (maio) participei num encontro onde se reuniu um número
considerável de amantes de livros e de bibliotecas e foi ao ouvir uma das
participantes que me recordei desses dias (que parecem estar lá longe, longe)
nos quais me sentava ao computador e passava minutos infindáveis a cuscar as
páginas oficiais de editoras espanholas em busca de novidades. Foi assim que
descobri novos autores e obras que aqui em Portugal não se haviam publicado.
Retomando
o que estava a dizer sobre o encontro, a palestrante fez uma exposição
apaixonante acerca de livros, viagens e autores favoritos e mencionou Marcela
Serrano, uma chilena que eu queria muito conhecer desde esses dias de cusquice
nas páginas das editoras espanholas. Recordei de imediato um dos seus títulos –
Nosotras que nos queremos tanto
– e, já em casa, saltei de alegria quando constatei de que a biblioteca da
minha terrinha tinha essa obra e em português!
Tão amigas que nós somos proporcionou-me uma leitura muito
especial e que vai ficar comigo durante muito tempo. Tenho um fraquinho e um
carinho por terras sul-americanas, pelos seus povos, pela sua História, pela
sua geografia (que viagem de sonho seria calcorrear os seus cantinhos… menos
aqueles onde pudesse ter encontros nada desejáveis com determinados bichos que
já deveriam estar extintos…) e nunca irei esquecer o quanto me marcou o
primeiro contacto que tive com as suas letras e os seus escritores. Cuando se
fala em Chile, para mim fala-se de Isabel Allende e dos seus primórdios, de
romances polvorizados de amores quentes, de famílias estranhas e adoráveis, de
fábulas, de superstições e da tenacidade de um povo em querer a todo o custo
ser livre. Fala-se igualmente de Pablo Neruda e da beleza magistral das suas
palavras poéticas. E agora, após a leitura de Tão amigas que nós somos, fala-se ainda de Marcela Serrano.
Acho
que o título diz muito do que se pode encontrar na narrativa deste livro.
Privamos com quatro amigas, quatro mulheres de idades e proveniências
distintas, mas que encontram no colo e no ombro de cada uma o porto de abrigo e
de refúgio. Ana, a narradora, Maria, Sara e Isabel são mulheres que me
conquistaram pela sua garra, pelos seus ideais feministas, pelas suas
imperfeições e também pelas suas fraquezas e debilidades. A juventude ou os
seus primeiros anos de adultas colidem com a ditadura de Pinochet e assim, ao
mesmo tempo que fui conhecendo mais pormenorizadamente quem eram as quatro
protagonistas, fui sorrindo e sentindo aquele gostinho tão saboroso ao
comprovar a força e as estratégias bem femininas que todas elas foram pondo em prática
para quebrar barreiras políticas, sociais, sexistas e domésticas. Nem sempre
foram bem-sucedidas, choraram, sentiram-se sós, amaldiçoaram-se, sofreram e caíram
inclusive em depressão. Mas, mesmo nestes momentos, mostraram-se mulheres e eu
amei-as ainda mais.
Após
uma leitura tão dura como Rapariga em
guerra e perspetivando que essa dureza iria continuar com a leitura que
se lhe seguiria, Tão amigas que nós
somos cumpriu com o seu objetivo. Deixou-me aconchegadinha, com o
orgulho de ser mulher nos píncaros e com a cabeça a borbulhar de sonhos e
vontades de transpor distâncias geográficas e ir até ao outro lado do mundo,
onde as estações estão viradas do avesso e a os espaços de um país
entrincheirado por um oceano e uma cordilheira atraem-me como poucos. Por isso,
só me resta recomendar vivamente a leitura desta obra de mais uma chilena que
me conquistou. Não sei se será fácil encontrarem esta obra, mas vale a pena
fazer o esforço de procurá-la em bibliotecas ou alfarrabistas.
NOTA –
9,5/10 (porque queria mais, talvez da narradora, que se esconde um pouco atrás
do que nos conta sobre as suas amigas)
Sinopse
Quatro mulheres à beira da
maturidade falam apaixonadamente e sem inibições das suas histórias pessoais (...)
Retrato de um sector urbano e cosmopolita da sociedade chilena e das suas
vicissitudes nos últimos 30 anos, confronta-nos antes de mais e sem concessões
com os claros-escuros da condição feminina....
Adorei a tua introdução, mas quando ouço falar de Chile, lembro-me é do Sepulveda, talvez porque nunca fui muito fã da Allende.
ResponderEliminarCurioso, quando vi o título Tão Amigas que Nós Somos, achei que era irónico, por isso, fico contente que seja sobre a amizade e não as quizilas entre as mulheres que a ficção tanto gosta de explorar. E tendo todo esse contexto histórico, ainda mais interessante me parece. E adivinha que outra biblioteca também o tem? A minha! Yay!
Beijinhos
Paula
Falha imperdoável na minha opinião!!! Como é que deixei de lado o Luis Sepúlveda nos nomes sonantes do Chile??? Ainda hoje me estou a martirizar!...
EliminarFico muito feliz por saber que a tua biblioteca tem esta obra!! Yay mesmo!
Beijinhos e bom domingo!
Olá Ana.
ResponderEliminarNão conhecia o livro e a autora, mas já vou adicionar na lista 😊 um beijinho
Oi, Isa!
EliminarEspero mesmo que gostes, porque é muito bom!
Beijinhos!!!