Ficha técnica
Título – Amores
secretos
Autora – Kate Morton
Editora – Suma de Letras
Páginas – 564
Datas de leitura – 20 a 31 de agosto de 2018
Opinião
Quinto
livro que leio de Kate Morton e quinto livro a que dou a classificação máxima. Terminei-o
no último dia de agosto, enquanto fazia uma curtinha viagem de carro (o
maridinho conduzia enquanto eu devorava as derradeiras páginas da obra), junto
à costa. Terminei-o lavada em lágrimas (não há maneira de a fonte secar…) e,
mal o fechei, acariciei a capa, coloquei-o encostadinho ao meu peito e senti
aquilo que sempre sinto quando me despeço de uma leitura que me absorve por
completo – uma sensação de perda e de vazio que ainda se mantém comigo e que obviamente
“manchará” as leituras que se lhe seguirem…
Adoro
tudo o que Kate Morton escreve e dói-me saber que, neste momento, não tenho na
estante nenhuma obra sua por ler. Sinto-me órfã das tramas que ela tão
habilmente urde, da personalidade cativante e vincada das suas protagonistas –
mulheres determinadas, que lutam pelo seu mundo, pela sua família, pelos seus
ideais – e do cheirinho de mistério e suspense que perpassa por todas as suas
narrativas. Tomei conhecimento através de ti, Paula, que o lançamento da sua
sexta obra será ainda este mês e rezo a todos os deuses do mundo das editoras e
publicações que não demore muito a chegar a Portugal a correspondente tradução
de The Clockmaker’s Daughter,
porque temo que não aguentarei muito tempo sem ler Kate Morton!...
Bom,
virando agora a atenção para Amores
Secretos, o que me apraz dizer em primeiro lugar é que a receita
continuou a ser a mesma e que resultou na perfeição tal como havia resultado nos
outros quatro livros que li da autora – apresenta-nos uma narrativa que
intercala o presente com o passado, protagonistas femininas de pelo na venta,
espaços rurais e urbanos de Inglaterra e um segredo familiar que está por
descobrir e desvendar. Num dia de verão do início da década de 60 comemora-se o
aniversário de um dos filhos da família Nicolson com um piquenique junto ao
riacho que corre perto da casa onde vivem. Laurel, a primogénita, preguiça na
casa da árvore quando se apercebe de que a sua mãe deu uma saltada a casa para
ir buscar a faca que sempre utiliza para cortar o bolo de aniversário. Traz ao
colo Gerry, o caçulinha da família, e não se apercebe da chegada de um
desconhecido a não ser quando este se detém à sua frente e lhe dirige a
palavra. Do alto da árvore, Laurel entra em choque ao assistir à reação da mãe –
levanta a faca que trazia na mão, espeta-a no torso do desconhecido e mata-o.
Este é o
ponto de partida, repleto de mistério e frenesim, para uma história que saltita
entre 2011 e 1941, entre ambientes rurais e uma Londres destroçada pelos
contínuos bombardeamentos alemães e entre três mulheres inesquecíveis – Laurel e
sobretudo Dorothy e Vivien. Vamos conhecendo cada uma delas, o que as liga e
vamos salivando e sofrendo em busca de respostas para aquele final trágico de
uma tarde que assombrou as vidas de Laurel e da sua mãe, Dorothy. O final é
ribombante, dorido, agridoce, perfeito (pelo menos para mim) e deixou-me como
me deixaram todos os finais das outras obras – satisfeita, saciada, mas aparvalhada,
perdida, desamparada e órfã.
Não sei
mais que vos diga… Foi uma leitura sublime, como já adivinhava que iria ser,
mesmo que algures tenha tido vontade de torcer o pescocito de uma determinada
personagem… Mas até isso demonstra a habilidade desta autora que me conquistou de
forma irremediável!
Sei que
já pedi isto muitas vezes, pelo menos em todas as opiniões que escrevi sobre as
obras de Kate Morton, mas não me irei cansar de o pedir até que consiga o que
pretendo – que aqueles que se mordem por uma BOA história leiam esta fantástica
autora australiana e se deliciem com ela tanto como eu! Façam-no, por favor!
NOTA –
10/10 (obviously)
Esta foi
a décima segunda leitura que fiz para a maratona literária Bookbingo – Leituras ao sol 2 – e foi para a categoria Livro que compraste pela capa.
Sinopse
Laurel, actriz de sucesso,
regressa à casa da família para celebrar o nonagésimo aniversário da mãe,
Dorothy, que sofre de Alzheimer.
Esse dia recorda-lhe um outro,
há muito esquecido. Naquele fatídico aniversário do seu irmão, Laurel estava
escondida na casa da árvore, a fantasiar com um amor adolescente e um futuro
grandioso em Londres, quando assistiu a um crime terrível, que mudaria a sua
vida para sempre. Foi com terror que Laurel viu a mãe cravar a faca do bolo de
aniversário no peito de um desconhecido.
O regresso ao local onde tudo
aconteceu é a última oportunidade para Laurel descobrir o temível segredo
daquele dia e encontrar as respostas que só o passado da sua mãe lhe pode dar.
Pista após pista, Laurel irá desvendar a história secreta de três desconhecidos
que a Segunda Guerra Mundial uniu em Londres — Dorothy, Vivien e Jimmy — e
cujos destinos ficaram para sempre ligados.
Uma fascinante história de
segredos e mistérios, de um crime obscuro e de um amor eterno. Mais um livro
inesquecível de uma das autoras de maior sucesso dos nossos tempos.
Eu também descobri no ano passado que conseguia ler no carro e só penso nos anos que perdi em viagens de seca em que podia ter lido muito mais!
ResponderEliminarÉ verdade, a Kate Morton tem essa "receita", mas eu adoro esse método de escrita e não me canso dele. Houve uma parte do livro em que eu não queria acreditar na maldade que a autora tinha feito à minha personagem preferida, até que percebi o que tinha acontecido na realidade devido a um objeto que a Laurel encontra em casa da mãe. Mas nem isso me tirou o interesse nem diminuiu o meu apreço pelo livro.
E aquela parte em que a Laurel se lembra de ter aparecido um homem por lá a fazer umas perguntas e nós percebemos quem é? Oh, partiu-me o coração!
Beijinhos,
Paula
É impressionante como consegues "ler-me" - as duas partes que mencionas são exatamente aquelas que me marcaram - cheguei a pôr em causa a protagonista da obra, como é que a autora a tinha escolhido para protagonizar a obra e quando me dei conta do que na verdade tinha acontecido, gostei ainda mais da narrativa e, claro, da mestria da autora. A outra parte foi a que me levou a chorar baba e ranho no final - simplesmente brutal!
EliminarSe ainda houvesse dúvidas de que somos "bookmates", ficaram dissipadas aqui e agora!
Beijinhos e bom domingo!
Gostaria de me estrear nesta autora tão elogiada aqui e em outros fóruns. Qual o título que me sugere?
ResponderEliminarObrigado
Joaquim, eu dei a nota máxima a todas as obras de Kate Morton, por isso não sei escolher uma apenas. Mas, se quiser, pode começar por aquela que também eu li em primeiro lugar que foi "Jardim dos segredos".
EliminarBom fim de semana e boas leituras!