Quarta-feira, 09 de setembro de 2015
A tradição cumpriu-se, como fazemos cá
em casa questão que se cumpra. No passado domingo, rumámos até à Invicta e desfrutámos
de umas horas deambulando pela avenida das tílias dos jardins do Palácio de
Cristal. Cuscámos todos os stands, engolimos muito pó e no final trouxemos em
bonitas sacas de papel seis livros – três para o pequenote cá de casa e três
para os adultos cá de casa.
Pode dizer-se que de mãos a abanar não
viemos, mas creio que apenas o pequenote veio satisfeito… Tal como já vem
acontecendo nos últimos anos, a Feira do Livro voltou a ter um sabor muito
agridoce, pelo menos para mim. É verdadeiramente frustrante ter consciência de
que a magia, o entusiasmo, a ansiedade e a loucura que sempre estiveram
associados a todas as visitas que fazia a edições anteriores, nas quais tinha
que morder, abafar a vontade incontrolável que me possuía e comprar apenas
quatro ou cinco livros das dezenas que queria trazer comigo, estão a
desaparecer (e a uma velocidade considerável) para dar lugar a um desânimo que
suspeito me fará voltar costas a uma tradição tão querida…
Porquê, poderão perguntar, por que
razão a Feira do Livro já não é o que era para mim? Posso enumerar várias
razões: em primeiro lugar, porque os meus gostos vão mudando, já não me
satisfaz qualquer história e, infelizmente, muitos dos autores e obras que me
preenchem passam ao lado do grande público, não vendem o suficiente e “são
esquecidos”; segundo e consequência do que referi, as editoras maioritariamente
apostam e trazem para a Feira nomes e histórias que ocupam os primeiros lugares
do top de vendas e que pouco me atraem; terceiro, continuo a achar que os descontos
feitos durante os dias da Feira não são chamariz suficiente para que eu espere
por eles para comprar aquele livro tão desejado – todos os meses a Bertrand ou
a Fnac promovem os mesmos descontos, inclusive em novidades; finalmente, não
gosto muito desta modalidade que voga agora nas últimas edições da Feira do
Porto. Sei que houve desavenças entre a APEL e a Câmara do Porto, que estas
ainda não foram solucionadas, mas o modelo de organização que está por detrás
da edição deste ano (e esteve na do ano passado) não é do meu agrado, porque é
mais confuso, não sei onde dirigir-me para encontrar uma obra de uma qualquer
editora e encontro o mesmo livro em diferentes bancas (sem que isso seja
vantajoso para a nossa bolsa, porque normalmente o desconto é o mesmo ou
inferior). Sei que, com tudo isto, posso estar a ser de alguma forma injusta,
mas o que seria ideal seria voltarmos a ter o mesmo modelo das edições da
Avenida dos Aliados ou das do Pavilhão Rosa Mota, com espaço para todos os
alfarrabistas que se encontram hoje em dia na Feira e que as editoras não
tivessem apenas em conta o seu lucro e também apostassem em autores menos
comerciais como Margaret Mazzantini ou Fernando Aramburu ou Mario Benedetti.
Para terminar um texto que me está a custar muito a escrever (já basta a chuva que cai lá fora para deixar-me
melancólica), resta-me dizer que não me sinto animada com a perspetiva de
visitar a edição de 2016 (se ela se realizar, espero que sim) da Feira do
Livro. Estou algo farta de sair de lá carregada com poucos livros e muita
frustração…
Deixo-vos a lista dos livros que
comprámos (para nós, adultos, e para oferecermos)
- A
balada de Adam Henry, de Ian McEwan
- Um
rio chamado tempo, uma casa chamada terra, de Mia Couto
- Palmeiras
na neve, de Luz Gabás
Olá Ana,
ResponderEliminarIr à Feira do Livro é sempre uma tentação.
Que boas. Impuras.
Beijinhos e boas leituras
Olá, Isaura!
EliminarSim, tenho que concordar que é uma tentação e que é por isso mesmo que, apesar da referida frustração, continuo a lá ir :) E nunca venho de mãos vazias!
Beijinhos e boas leituras!