Ficha técnica
Título – Y todos callaron
Autora – Toti Martínez de Lezea
Editora – Erein
Páginas – 197
Datas de leitura – de 22 a 24 de abril de 2018
Opinião
Não me
lembro da primeira vez que “tropecei” com esta obra. Não sei se foi no Goodreads, se foi no blogue espanhol que
sigo mais assiduamente (El buho entre libros) ou se a sua capa e a sua sinopse despertaram o meu interesse numa
visita a uma livraria do país do lado. O certo é que aquilo que li ou que vi em
algum lado foi saboroso o suficiente para querer ter a obra e lê-la.
A minha
obsessão pelo período da Guerra Civil espanhola e pelos anos da ditadura
franquista é sobejamente conhecida e terá sido a razão principal pela qual
sempre quis ler esta obra. Segundo a sinopse, Y todos callaron abre a sua narrativa em fevereiro de 2008,
com a morte de Amelia Zabaleta e a correspondente abertura do seu testamento,
que revela que a distinta senhora tinha um filho de quem ninguém sabia da
existência e que metade da sua herança é para ele, Miguel Aurra Zabaleta. Os
restantes herdeiros não têm outra opção que não seja a de tentar descobrir quem
é esse parente desconhecido, se está vivo e onde vive.
A
descoberta do paradeiro de Miguel Zabaleta fica a cargo de Jon, um detetive de
pouco relevo da cidade de Vitória (País Basco) e levá-lo-á (e anos também) a
recuar no tempo, a conhecer melhor quem foi Amelia Zabaleta e a mergulhar na época
do franquismo, mesmo que todos pareçam empenhados em não falar “daquele tempo”
e em manter-se calados, mesmo que já se tenham passado quase setenta anos.
Como
podem constatar, a premissa era bem apetitosa, com uma mescla saborosa de uma
intriga histórica com uma investigação de cariz policial alinhada em pouco menos
de 200 páginas. Contudo, apesar de ter sido uma leitura fácil e rápida, não
deixou sabor nem água na boca. Infelizmente, não fui capaz de criar laços com
as personagens (nem com as do momento presente nem com as do passado), não me
emocionei com a terrível história de Amelia, com os horrores que ela sofreu
enquanto prisioneira numa prisão física e numa matrimonial e não senti mais do
que indiferença ao ler as passagens que, em itálico, a autora reservou para a referida
personagem e onde ela partilha os seus medos, os seus sonhos e as suas
angústias. Fui acompanhando com algum interesse as investigações de Jon, apreciei
as conversas que ele foi entabulando com os mais velhotes, gostei da
reviravolta que se foi produzindo na sua vida sentimental, mas senti que a
parte central da obra, aquela que deveria ter-me absorvido como normalmente me
absorvem as narrativas centradas no período mais negro da recente História
espanhola, me foi indiferente, me passou ao lado. E não há nada mais frustrante
numa leitura do que isso…
Não
posso, porém, dizer que os dias em que tive esta leitura comigo foram um
completo desperdício. Não, não o foram, mas também não me proporcionaram aquilo
que eu tanto procuro – dor, prazer, alegria, sofrimento, angústia, nervosismo,
frustração, enfim, sentimentos, sangue a latejar, êxtase, vício, devoção! Y todos callaron passou por mim e
sei que daqui a dias não passará de uma agradável lembrança que se esfumará
rapidamente…
Assim
sendo, nem sei bem se recomendo a sua leitura. Vi, enquanto estava a escrever
esta opinião, que há quem tenha gostado muito da obra. Por isso, arrisquem se
quiserem, embora, como devem adivinhar, não esteja traduzida para o português.
NOTA – 05/10
Sinopse
Vitoria-Gasteiz,
febrero de 2008. El testamento de Amelia Zabaleta desvela una desconcertante e
inesperada revelación, un secreto celosamente guardado, y cuyo origen se
remonta al pasado de la fallecida e implica a sus familiares más cercanos.
Jon
Martínez de Albeniz, un detective de poca monta, será el encargado de hacer
visible el misterio. Pero ¿qué razones puede haber para ocultar algo tan
trascendental para una familia, en pleno siglo XXI? ¿Qué lleva a personas
normales a tejer una tupida tela de araña con el silencio como argumento? En
definitiva, ¿qué sucedió en esos escenarios setenta años atrás?
Toti
Martínez de Lezea se adentra en las interioridades de su ciudad recreando
personajes que le resultan conocidos y dibujándonos una sociedad donde imperaba
un incómodo silencio.
O meu desconhecimento pela literatura espanhola é realmente aterrador!
ResponderEliminarTendo em conta os teus sentimentos quanto a este, não o irei anotar - quais os teus livros favoritos sobre a Guerra Civil Espanhola? Também tenho um certo fascínio quanto ao tema (enquanto pessoa que estudou e estuda Relações Internacionais), mas sei basicamente zero :) e fora os filmes do Guillermo del Toro, não conheço arte que me possa ajudar!
Tenho alguns livros favoritos - gostei imenso de "Si a los tres años no he vuelto", de Ana Cañil, "La voz dormida", de Dulce Chacón e sem dúvida, mas sem dúvida dos que escreveu até hoje a "minha" Almudena Grandes - Inés y la alegría", "El lector de Julio Verne" e "Las tres bodas de Manolita", todos eles de uma saga que ela está a escrever, que se chama "Episodios de una guerra interminable". São todos fabulosos, sobretudo o 3º!!! Se ainda não conheces a Almudena, por favor, trata de conhecê-la, porque a mulher escreve magistralmente!
EliminarBesitos!
Tenho de pegar no livro da Almudena que comprei, sem dúvida :) e claro que já anotei todos esses :D muito obrigada!!
EliminarDe nada ;) Espero mesmo que a Almudena ganhe mais uma fã!!!
EliminarAdoro contribuir para o engordar das wishlists!
Beijinhos!
Olá Ana,
ResponderEliminarNão vou repetir o comentário anterior, mas podia. Por isso é que gosto do teu espaço. Fico sempre mais rica em relação a literatura espanhola. (Já agora falas espanhol??, para leres tanto, tens que perceber:))
Vamos a isso :)
Um beijinho e boas leituras
Obrigada, querida!
EliminarSim, falo espanhol quase todos os dias, porque dou aulas de espanhol a muita criançada do ensino secundário! ;)
Besitos y que sigas disfrutando de "El tiempo entre costuras"!