Julho
sempre me presenteia com mais tempo para as leituras e este não foi exceção. Li
cinco livros, ou melhor, seis, se contar com o calhamaço de quase oitocentas
páginas que terminei hoje de manhã, dia 01 de agosto. Sei que poderei estar a
fazer batota ao contabilizar esse sexto livro como uma leitura de julho, mas
acho que me perdoam e compreendem, já que 99 por cento de El invierno en tu rostro foi lido nos últimos dias do mês
que terminou ontem. E 99 por cento de 768 páginas é mesmo uma percentagem obesa!
Todas
as leituras foram bastante positivas. Das seis que preencheram o mês, cinco
obtiveram uma classificação de 08/10 ou superior. A única que fugiu à regra foi
a que abriu julho. A biblioteca,
de Zoran Zivkovic, está composta de seis contos cujo elo de ligação são as mais
diversas bibliotecas que podem dar um gosto muito especial à vida de um leitor.
Contudo e muito provavelmente por ser um livro de fantasia, não me senti especialmente
atraída por nenhum dos contos, tive vontade de dar um novo rumo a alguns deles,
de os ajustar aos meus gostos e à minha visão idílica do que é uma biblioteca e
pelos outros passei com uma indiferença que me faz sempre encolher de vergonha
e frustração… Gostei, no entanto, da escrita do autor e quero dar-lhe uma nova
oportunidade com a outra obra dele que tenho na estante. Atribuí à coletânea de
contos A biblioteca um 06/10.
A
segunda leitura do mês veio da biblioteca da terrinha e foi a quarta obra que
li de Afonso Cruz. Mais uma vez, este autor excecional não me desiludiu com a
sua escrita pincelada de magia e de fragmentos perfeitamente entrelaçados com
ilustrações que complementam o narrado pelas palavras. Gostei imenso de
conhecer O pintor debaixo do
lava-loiças e, acima de tudo, de ficar a saber que o protagonista da
história está baseado num verdadeiro pintor que se refugiou (na altura da 2GM)
no espaço debaixo do lava-loiças da cozinha dos avós de Afonso Cruz. Dei-lhe
09/10.
Continuei
as leituras de julho com mais um autor português e que ocupa um lugar
privilegiado nas estantes cá de casa. Falo de Rodrigo Guedes de Carvalho (de
quem tenho todas as obras publicadas) e de O
[seu] pianista de hotel. Esta leitura começou por ser uma leitura em
conjunto com a Isa (do blogue/canal Jardim de mil histórias), mas terminei-a de forma solitária, já que não foi
desta que o “meu” Rodrigo conseguiu conquistar a minha querida compincha de
leituras. Após um vazio de mais de dez anos sem publicar nada de ficção, o
autor regressou mais maduro, menos “atado” às suas influências antonianas, com
um estilo oralizante que me cativou desde as primeiras páginas e com uma
narrativa onde personagens marcadas pelo sofrimento e pela melancolia me arrebataram
a ponto de classificar esta leitura quase com a nota máxima!
A
quarta leitura foi igualmente feita em conjunto. Desta vez, a minha companheira
de leituras foi a Paula, uma seguidora extremamente assídua do blogue. Foi uma
estreia muito auspiciosa e que de certeza será repetida no futuro. Ao longo de
uma semana tivemos em mãos uma obra densa, com uma escrita aprimorada, que nos
fez mergulhar nos anos americanos pós Segunda Grande Guerra e sobretudo nos fez
questionar até que ponto conhecemos a pessoa amada e agitou as nossas certezas
face ao que faríamos em situações-limite que poderiam romper com uma relação
amorosa estável. Apesar de não ter gostado tanto de A história de um casamento, de Andrew Sean Greer, como a
Paula, não pude deixar de lhe atribuir um 08/10, pois é uma obra poderosa.
A
melhor experiência literária do mês veio com Chama-me pelo teu nome, de André Aciman. Até hoje não sei
explicar exatamente o que me aconteceu com esta leitura e o porquê da mesma ter
sido tão especial ao ponto de me provocar, com o seu final, uma crise tremenda
de choro e de me ter “obrigado” a dar-lhe a pontuação máxima. Foi realmente uma
experiência muito pessoal, pouco ou nada comparável com outras e que ocupará um
cantinho reservado a um punhado de belíssimas histórias de amor.
Tinha
noção de que, após uma leitura tão absorvente e apaixonante, aquela que se lhe
seguiria iria sofrer com os estilhaços ainda muito presentes de uma ressaca
lavada com muito choro. Por isso, quando peguei na obra Sem destino, de Imre Kertész, e me deparei com um
protagonista apático, insosso e com uma narrativa lenta e sem os ingredientes
que, de forma estereotipada ou não, associo sempre a enredos do Holocausto, fui
tentando não ceder à vontade de a largar até que essa vontade ganhou a contenda
e não fui capaz de levar a leitura até ao fim…
Para
terminar o mês em grande nada melhor que um gigantesco calhamaço que já
esperava a sua vez desde julho do ano passado. Entrei com facilidade na
história, criei empatia com as personagens principais, mas confesso que o peso
da obra começou a tornar-se mais do que evidente quando a sua narrativa se estendeu
por demasiadas páginas… Não quero alongar-me mais, porque ainda não escrevi a
correspondente opinião e ainda não sei exatamente que pontuação lhe irei
atribuir. Contudo, não irei dar a El
invierno en tu rostro, de Carla Montero, mais do que um 08/10.
Durante
este mês a estante engordou um bocadinho. Recebi duas prendinhas e não fui
mesmo capaz de resistir a promoções que se meteram literalmente no meu caminho,
porque eu não as procuro, nem nada do que se pareça… 😋
Das
minhas queridas amigas pitufinas recebi um regalito de aniversário com uns
mesitos de atraso 😃 e que figurava na minha wishlist. Falo de As oito montanhas, de Paolo Cognetti. Já não me recordo
muito bem o que me atraiu na sua sinopse, mas li entretanto opiniões/reviews
muito positivas e só isso chega para deixar-me entusiasmada! Da editora Clube do Autor caiu na caixa do correio
uma leitura levezinha, ótima para intervalar com leituras mais densas. A ilha dos segredos, de Nadia
Marks vai levar-me à Grécia, aos seus mares de cores fabulosas e
proporcionar-me-á bons momentos, sem dúvida!
Com
menos de quinze euros comprei três pechinchas deliciosas. O culpado de uma
delas é o Hugo Cunha, do canal Aprendiz de leitor e as outras são exclusivamente da minha responsabilidade. Por
causa desta opinião que deixou no Goodreads, o Hugo levou-me a comprar, por
apenas quatro euros, Coisas que nunca
aconteceriam em Tóquio, de Alberto Torres Blandina. A segunda é de um
autor de quem apenas li até ao momento uma obra pungente e lindíssima – A neta do Senhor Linh. Veio na
mesma encomenda que a primeira, custou cinco euros e é O relatório de Brodeck, de Philippe Claudel. As expectativas
são elevadíssimas, tanto para uma como para outra. Por fim, encontrei no Pingo
Doce a maior pechincha, já que foi uma compra que não chegou a quatro euros.
Como sabem, sou fanática por tudo o que escreve Kate Morton e ando sempre à
cata de outros/as autores/as que usem e abusem de narrativas de dual time e que me façam pegar no livro
e não o queira largar até que o termine. Espero sinceramente que O segredo de Sophia, de Susanna
Kearsley corresponda e me dê isso mesmo. Se não o fizer, também não faz mal,
porque, como foi tão baratinho, não me levará a ficar com a consciência pesada
e com o nível de frustração em alta!
Assim
foi o meu mês, com seis leituras, uma desistência e cinco novos habitantes na
estante. E o vosso? Contem-me tudo, please!
Deixo-vos,
como é habitual, os links para acederem à opinião
completa das obras lidas em julho:
Sim, o teu livro de mais de 700 páginas vale de certeza por três dos meus! E aposto que Agosto ainda vai ser mais produtivo. Mas eu tenho a teoria de que muitos calhamaços precisavam de uma ediçãozinha, e não é porque sou preguiçosa.
ResponderEliminarTambém gosto muito do Aprendiz de Leitor. Ainda só comprei um livro por causa dele, o Alexis, porque muitas das obras que refere já as tenho por cá. Levo-lhe uns aninhos de avanço, coisa pouca. ;-)
Confesso que tenho três livros do Claudel e ainda não li nenhum, mas falta-me a Neta do Senhor Linh. Uhmmm...
Pois é, os livros aparecem à nossa frente e a carne é fraca! Em Julho até uma Feira do Porta-Bagagens, uma coisa muito fashion, tive na minha zona, e pronto... A minha compra mais fantástica foi o livro que recomendaste da Marcela Serrano! Havia na biblioteca, mas por 50 cêntimos ia deixá-lo lá?!!
Além daquele livro, aquele que já sabes, em Julho adorei ler Tanta Gente, Mariana. Como avisaste que o conto que lhe dá nome era o mais forte, deixei-o para último e, fogo, que buraco negro de sofrimento! Uma autora a repetir, sem dúvida.
Continuação de leituras viciantes!
Paula
Este calhamaço em particular poderia perfeitamente estar dividido em dois, porque após 300 ou 400 páginas comecei a a olhar com algum aborrecimento para a metade que me faltava e a suspirar...
EliminarAi essa experiência boa que a idade nos traz!!!
Tens mesmo que ler o Claudel! Se tiveres o relatório de Brodeck, podemos lê-lo juntas!
Sim, uma feira super fashion e que te deu um gift maravilhoso! A 50 cêntimos como é possível resistir-se??? E esse da Marcela Serrano vale mesmo a pena!
Que bom que gostaste da obra da Judite de Carvalho! Também quero repeti-la em breve!
Beijinhos!
Olá Ana,
ResponderEliminarFoi um bom mês. Pena que a nossa leitura não tenha corrido bem para mim. Mas havemos de encontrar outra de certeza.
Recebeste livros bons. Quero saber a tua opinião de todos 😉
Um beijinho e boas leituras
Foi realmente um bom mês e não te preocupes, havemos de fazer uma leitura suculenta!
EliminarDepois conto-te tudinho sobre os novos habitantes!
Beijinhos!!!