Las tres bodas de Manolita, de Almudena Grandes

Sexta-feira, 22 de agosto de 2014




Sinopse:
En un Madrid devastado, recién salido de la guerra civil, sobrevivir es un duro oficio cotidiano. Especialmente para Manolita, una joven de dieciocho años que, con su padre y su madrastra encarcelados, y su hermano Antonio escondido en un tablao flamenco, tiene que hacerse cargo de su hermana Isabel y de otros tres más pequeños. A Antonio se le ocurrirá una manera desesperada de prolongar la resistencia en los años más terribles de la represión: utilizar unas multicopistas que nadie sabe poner en marcha para la propaganda clandestina. Y querrá que sea su hermana Manolita, la señorita Conmigo No Contéis, quien visite a un preso que puede darles la clave de su funcionamiento. Manolita no sabe que ese muchacho tímido y sin aparente atractivo va a ser en realidad un hombre determinante en su vida, y querrá visitarlo de nuevo, después de varios periplos, en el destacamento penitenciario de El Valle de los Caídos. Pero antes tiene que saber quién es el delator que merodea por el barrio.
La tres bodas de Manolita es una emotiva historia coral sobre los años de pobreza y desolación en la inmediata posguerra, y un tapiz inolvidable de vidas y destinos, de personajes reales e imaginados. Una novela memorable sobre la red de solidaridad que tejen muchas personas, desde los artistas de un tablao flamenco hasta las mujeres que hacen cola en la cárcel para visitar a los presos, o los antiguos amigos de colegio de su hermano, para proteger a una joven con coraje.

Opinião: 
Foi com uma satisfação e um prazer indescritíveis que, no passado mês de abril, na visita que fiz à monumental cidade de Ávila pude ter, pela primeira vez nas minhas mãos, o mais recente romance de Almudena Grandes - Las tres bodas de Manolita - o terceiro romance da série Episodios de una Guerra Interminable, da qual já li e tenho (como preciosidades sem preço) El lector de Julio Verne e Inés y la alegría.
O enredo desta história centra-se numa Madrid devastada pela recentemente terminada Guerra Civil, mas, tal como é habitual nas obras desta autora, as analepses e prolepses são recorrentes e vamos poder acompanhar o percurso de personagens antes e durante os anos da Guerra e já no desenlace, ficamos a conhecer o destino de algumas delas depois da morte de Franco. Contudo, a trama central transporta-nos aos anos do pós-guerra, durante os quais seguiremos as vidas de várias personagens que tentam sobreviver da melhor maneira possível, lutando contra a fome, a falta de condições de vida e contra um regime franquista que espalha os seus poderosíssimos tentáculos por todas as partes, destruindo de uma forma lenta, mas inexorável, as já devastadas vidas das famílias que apoiaram a República.
Uma dessas família é a de Manolita Perales que, com o terminar da guerra, se vê numa situação terrível - com apenas dezoito anos, esta jovem, com o pai e a madrasta presos, o irmão mais velho escondido e desaparecido para o resto do mundo, tem que tomar a seu cargo o sustento de quatro irmãos mais pequenos.
À medida que a narrativa se desenvolve, vamos travando conhecimento com aspetos que caracterizaram os primeiros anos da ditadura franquista - os internatos de freiras que recebiam as filhas das presas para que supostamente elas continuassem a sua formação escolar, mas onde as mais velhas (como Isabel Perales) eram escravizadas e obrigadas a lavar roupa com soda cáustica; a vida quotidiana dos presos de Porlier, as filas das mulheres que os visitavam e nas quais Manolita (quando visitava seu pai e, mais tarde, Silverio, el Manitas) se sentia como uma delas, protegida, acarinhada e amada; o capelão dessa mesma prisão que encheu os bolsos e a barriga à custa dos reclusos e das suas mulheres, ao organizar casamentos fictícios (muitas vezes entre filhas e pais, irmãos e irmãs) para que estes pudessem desfrutar de uma hora sem grades ou rede entre eles num quarto infestado de todo o género de bichos, sujíssimo, sem condições nenhumas e, ainda por cima, sempre na companhia de outros presos; a vida em Cuelgamuros aquando da construção do monumento de Valle de los Caídos, onde Silverio e milhares de outros presos republicanos trabalharam para assim poderem diminuir a sua pena - um dia de trabalho correspondia a uma diminuição de 5 dias de pena.
Para além deste enriquecedor e detalhado retrato social da capital madrilena dos anos quarenta e inícios dos anos cinquenta, Las tres bodas de Manolita é uma obra que nos apresenta personagens criadas como Almudena tão bem sabe, com muito cuidado nos pormenores e com uma riqueza e complexidade que continuam a surpreender-me e a empolgar! A maneira como também nos faz fazer parte das suas vidas e principalmente das suas relações (a descrição e  narração dos amores de Manolita e Silverio e de Antonio e Eladia são tão intensamente bem trabalhados que me fizeram suspirar, conter a respiração, sorrir, chorar, enfim, vivê-los como se fossem meus!) é algo que é único e deslumbrante no estilo desta magnífica autora espanhola.
Por fim, não posso deixar de referir que, tal como aconteceu en El lector de Julio Verne, também neste terceiro romance da série iniciada com Inés y la Alegría há breves referências a personagens e espaços de essas duas obras - na página 477, há uma alusão à taberna que Inés e outras mulheres republicanas geriam em Toulouse e na página 597 Antonio, depois de ter fugido da prisão é entregue a Pepe, el Portugués, que está acompanhado por Nino, personagens protagonistas de El lector de Julio Verne. Também é impossível deixar passar em branco que na obra "tropeçamos" em algumas referências ao clube de eleição da autora - o Atlético de Madrid J!

É óbvio que recomendo e MUITO a leitura desta e de qualquer obra de Almudena!!! E editoras portuguesas, de que estão à espera para continuar a traduzir a obra desta fantástica e importantíssima autora? Por favor, façam-no!

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