O teu rosto será o último, de João Ricardo Pedro

Sexta-feira, 28 de setembro de 2012



Sinopse
Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes, quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu. 
Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial. 
Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?

Opinião
Vencedor do prestigiado prémio Leya 2011, O teu rosto será o último foi amplamente publicitado, não só por ser visto como um primeiro e supostamente genial romance de João Ricardo Pedro, mas também pelo facto de este o ter escrito após ter perdido o seu emprego como engenheiro. É óbvio que não fiquei imune a toda esta publicidade e, depois de ter estado com o livro nas mãos, ter lido a correspondente sinopse, tomei a decisão de o trazer para casa.
O livro oferece-nos em pinceladas rápidas o retrato de três gerações - o avô, médico que optou deixar a cidade e exercer a profissão numa aldeia; o pai, obrigado a ir lutar numa guerra que nada lhe diz e que regressa um outro homem; e o neto, nascido com os ventos da Revolução de abril.

O enquadramento histórico era, assim, algo que me poderia interessar e muito, mas tudo o resto me desiludiu e incomodou, como é o caso do uso excessivo e às vezes descontextualizado de palavrões, alguns episódios rebuscados e grosseiros, e uma linguagem repetitiva, deselegante que nada favoreceu a leitura e que me leva a estar muito renitente no que respeita a voltar a ler algo escrito por João Ricardo Pedro (se ele o voltar a fazer, é claro!).

Sem comentários:

Enviar um comentário